Polícia Federal faz operação em Campos contra cabos eleitorais de Bruno Pezão
03/10/2024 08:55 - Atualizado em 03/10/2024 18:16
Operação em Campos
Operação em Campos / Divulgação
A Polícia Federal realizou uma operação, na manhã desta quinta-feira (3), para cumprir três mandados de busca e apreensão em endereços de cabos eleitorais ligados ao vereador Bruno Pezão (PP), que tenta se reeleger. Os policiais realizaram diligências em duas residências e um endereço comercial na área de Saturnino Braga, Braga, na Baixada Campista.
Operação em Campos
Operação em Campos / Divulgação
Segundo o delegado da Polícia Federal em Campos, Gabriel Duarte, o objetivo da operação foi localizar dinheiro que estaria sendo armazenado para compra de votos. No entanto, durante as diligências, nenhuma quantia foi encontrada. Ainda de acordo com o delegado, foram apreendidos celulares e documentações que ainda serão analisados.
O trabalho de inteligência da Delegacia de Polícia Federal em Campos dos Goytacazes apontou que os alvos da ação desta quinta são suspeitos de realizar a guarda e distribuição dos valores pagos para a prática de corrupção eleitoral. Além disso, eles também seriam responsáveis pela coação de eleitores para que votassem no candidato a vereador. Segundo a PF, os investigados responderão pelos crimes de corrupção eleitoral e coação de eleitores, cujas penas, somadas, podem chegar a oito anos de prisão.
Operação em Campos
Operação em Campos / Divulgação
A Folha entrou em contato com o diretório municipal do partido Progressista, do qual Pezão faz parte, que emitiu uma nota sobre o caso.
"O Partido Progressista acompanha as investigações realizadas pela Polícia Federal em Campos e, no devido tempo, tomará as medidas que julgar necessárias, assegurando o respeito ao processo legal e à ampla defesa. O PP não compactua em nenhuma hipótese com práticas ilícitas, mantendo-se firme em sua missão de promover a ética na política e o trabalho em benefício da sociedade", diz a nota. 
Outro — Essa não foi a primeira vez que o nome de Pezão é envolvido em polêmicas no período eleitoral. No dia 18 de setembro, a Polícia Civil, em conjunto com o Gaeco e a Seap, deflagrou a operação “Pleito Mortal”, que investiga o assassinato de um cabo eleitoral na Baixada Campista. Na ocasião, o vereador Bruno Pezão foi preso em flagrante por suspeita de lavagem de dinheiro. Ele foi solto após conseguir liberdade provisória, em audiência de custódia no dia 20 de setembro.
Na operação da Polícia Civil também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Campos e no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Segundo a Polícia Civil, as investigações apuram o homicídio ocorrido no dia 19 de julho deste ano, na localidade de Campo Novo, onde Aparecido Oliveira de Morais foi morto dentro do seu carro com oito disparos de arma de fogo. Ainda de acordo com a Polícia, Aparecido teria domínio nos colégios eleitorais de Valeta e Venda Nova, ambos em Campo Novo, e antes de morrer teria selado apoio político a um outro candidato a vereador, concorrente de Bruno Pezão.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Bruno Pezão, em seu gabinete na Câmara e em seu comitê de campanha, assim como na casa de sua mãe e de outros três investigados pelo crime. Durante a operação, foram encontrados mais de R$ 660 mil em espécie, na casa do vereador, e mais de R$ 460 mil em cheques e notas promissórias. Também foram apreendidos armas, celulares e anotações para onde iria cada quantia. Em um dos endereços, em São Sebastião, uma quantia em torno de R$ 12 mil também foi apreendida.
Ainda segundo informações da Polícia Civil, Pezão também teria feito uma reunião política, na véspera do homicídio, onde faz uma videoconferência com José Ricardo Rangel de Oliveira, conhecido como Ricardinho, que seria suposto chefe do tráfico da localidade de Campo Novo e Barcelos, e está preso desde julho de 2010. A videoconferência foi feita de dentro da cadeia, em Bangu.
Outra operação também acontece no Rio de Janeiro
Também na manhã desta quinta-feira (3), a Polícia Federal deflagrou a Operação Nômade Eleitoral, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa voltada para cooptar pessoas para alistamento eleitoral e/ou mudança de domicílio eleitoral do município de Santa Cruz para Itaguaí, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A investigação contou com o apoio do Ministério Público Eleitoral.
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Policiais federais cumprem seis mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Juízo da 105ª Zona Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, em residências localizadas nos municípios de Itaguaí, Santa Cruz e na cidade do Rio de Janeiro. Além disso, foi determinado o sequestro de bens e valores incompatíveis com a renda do investigado.

A investigação, iniciada por requisição do Ministério Público Eleitoral, revelou que um candidato postulante ao cargo de vereador e seus cabos eleitorais forneciam comprovantes de residência falsos para os possíveis eleitores, prometendo vantagem econômica em troca de votos, para que estes se alistassem ou alterassem seu domicílio eleitoral para a cidade de Itaguaí/RJ.

Durante as investigações, apurou-se que alguns dos investigados, alvos dos mandados judiciais na data de hoje, foram flagrados no cartório do Juízo da 105ª Zona eleitoral - Itaguaí/RJ pagando multas eleitorais de eleitores supostamente cooptados.

Além do crime de organização criminosa, os investigados poderão responder pelo crime de inscrição fraudulenta, com uso de documento falso, por oferecer vantagem ilícita em troca de voto e por corrupção de menores, já que muitas das pessoas levadas à sessão eleitoral para a inscrição ou alteração do domicílio eleitoral eram menores de idade.

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