Leon Gomes: "Não cabe ao prefeito pedir bênção"
Rodrigo Gonçalves, Cláudio Nogueira e Matheus Berriel 07/10/2023 08:39 - Atualizado em 07/02/2024 17:34
Leon Gomes
Leon Gomes / Rodrigo Gonçalves
À frente da Fundação Municipal da Infância e Juventude (FMIJ) e da presidência do diretório do PDT em Campos, o vereador licenciado Leon Gomes avaliou no Folha no Ar, da Folha FM 98,3, dessa sexta-feira (6), o governo Wladimir Garotinho (PP) e o cenário na Câmara Municipal, onde a tensão por várias vezes ameaça a pacificação entre Garotinhos e Bacellar. Recentemente, mais um vereador do PDT, Marquinho do Transporte, passou a integrar a base do prefeito, que agora tem 14 nomes dos 25 do Legislativo municipal. “Quando nós éramos minoria, trabalharam para ter maioria. Perdemos a Câmara. Mas, ninguém foi lá conversar com Wladimir e dizer que estava conversando com tal vereador. Então, não cabe ao prefeito fazer isso, pedir bênção”, disse Leon, que reforçou o apoio do PDT à base de sustentação para possível reeleição de Wladimir. O vereador também analisou a pesquisa Iguape, encomendada pelo grupo dos Bacellar, na qual o atual Legislativo é aprovado por 35,5% da população, enquanto o governo Wladimir bate os 74,7% de avaliação positiva. A mesma pesquisa, feita em 10 de julho com 1.001 campistas, projetou em três cenários estimulados a reeleição do prefeito no 1º turno, com quase 60% dos votos válidos. Confiante nas pesquisas, Leon faz um alerta: “A gente não pode ter o nosso próprio grupo como pior adversário”.
Na FMIJ — Somar dentro da estrutura do Executivo foi um desafio e tanto para mim, porque eu não poderia deixar a peteca cair. Uma pasta que não funciona bem pode trazer algumas sequelas para um governo que está funcionando e com bastante qualidade. Então, foi desafiador, está sendo desafiador. Mas, ao mesmo tempo, é muito bom estar trabalhando na Fundação. Quando você tem uma liderança que te mostra, através das ações e das atitudes, qual é o objetivo do seu mandato, a gente consegue ter norte. Está sendo bastante prazeroso, e eu acredito que a gente está conseguindo entregar o resultado de acordo com o que o governo Wladimir tem apresentado (...) Eu acho que a grande marca do governo Wladimir tem sido justamente dar passos firmes e conscientes, porque a gente entende a necessidade, mas não adianta dar um passo maior do que pode dar hoje. Então, nós estamos falando de uma estrutura que estava parada há anos. A sede da FMIJ, principalmente precisava de novo se consolidar, precisava primeiro ser fortificada. A partir daí, sim, a gente pode pensar em ampliar, reabrir os núcleos (...) A gente precisa dar um passo de cada vez. Hoje, o nosso líder é o prefeito Wladimir, que tem dado passos firmes, conscientes e muito cautelosos, desafiadores demais. Se Campos está chegando aonde está chegando, é justamente por causa de se entender a necessidade geral da cidade, mas, antes de tudo, consolidar o trabalho, para depois pensar em expandir. Essa é a nossa visão! Vamos consolidar a Fundação hoje, fazer com que ela volte a funcionar como merece, para, a partir daí, a gente pensar em abrir os núcleos.
Inclusão — A gente sempre fala que a pessoa com deficiência sempre esteve à margem da sociedade. Por mais que venham falar que não, a gente vê um histórico em que não há políticas públicas eficazes, em que a discussão é muito rasa. Então, a gente consegue trazer, de 2021 para cá, essa discussão para dentro da nossa cidade, que é de extrema importância. Estamos trabalhando. O próprio prefeito, no dia 2 de abril deste ano, anunciou que vai fazer a superintendência de Direito e Proteção da Pessoa com Deficiência. Só não aconteceu ainda porque a gente dependia do novo organograma ser votado na Câmara. Quem sabe, num futuro próximo, essa superintendência vire uma secretaria? Esse é o primeiro objetivo (...) Só que a gente depende de um organograma ser votado, e a gente não tinha como apresentar um organograma para votação de aumento da estrutura do município numa Câmara com ânimos muito instáveis: hoje, está muito bem; amanhã, ninguém sabe como está. Então, na Câmara, a gente tem que viver um dia de cada vez para entender o cenário. Em abril, dei uma entrevista aqui, e o Marquinho do Transporte não estava nem na base do governo. A probabilidade de ele vir com o grupo Wladimir no próximo pleito era zero. Então, o cenário muda, essa é a dinâmica da política. Isso também mostra que a gente precisa estar flexível.
Reeleição de Wladimir no 1º turno? — Como o próprio prefeito Wladimir fala, para a gente ser campeão, tem que pensar um dia de cada vez. Eu acho que isso está fazendo toda a diferença, porque se nós trabalharmos com a perspectiva, por mais que as pesquisas têm mostrado que o prefeito vai ganhar em primeiro turno, a gente pode correr o risco de ter como nosso maior adversário nós mesmos. É um risco de tirar o pé do acelerador e as coisas não andarem como a gente acha. Hoje, quando a gente olha para o cenário, quem vai vir contra o prefeito? Hoje, talvez nenhum nome ainda apareceu, mas pode aparecer. A gente vê que as pesquisas estão mostrando o resultado do que está sendo feito durante três anos. São três anos de trabalho, de engajamento, de entrega, de dedicação naquilo que está fazendo. O prefeito Wladimir é um prefeito popular. Ele está em todos os lugares, está envolvido com a causa. Há um fator também muito importante, que é a atuação da Tassiana Oliveira (primeira-dama), pessoa que vai aos lugares onde o prefeito não tem condição de estar naquele momento. Há ainda os secretários envolvidos. Acho que tudo é fruto disso. Hoje, as pessoas estão olhando para o governo Wladimir e estão vendo justamente um governo que trabalha, um governo que funciona, um governo que está mostrando trabalho (...) Estamos vendo, hoje, o Governo do Estado correndo risco de atrasar salários, mas o prefeito conseguiu, com ajuda do Governo do Estado, durante esses três primeiros anos, ter um dinheiro em caixa para que a gente possa passar com mais tranquilidade por todo o sufoco que venha a acontecer no estado. Então, isso mostra justamente a confiança da população. Há pessoas que diziam que nunca votariam num Garotinho, mas hoje o discurso mudou (...) Eu seria hipócrita se dissesse que não acredito na reeleição no primeiro turno. Acredito! E vamos lutar para que isso aconteça. Vão surgir candidatos, a gente sabe disso, mas, se depender da gente e do nosso trabalho para que o prefeito se reeleja no primeiro turno, isso certamente vai acontecer. Não depende só da gente, mas, acredito, sim, pelo cenário e pelas pesquisas. Mas, a gente não pode deixar de acelerar. A gente não pode ter o nosso próprio grupo como pior adversário.
Notas para o governo — Já dei nota 8 e vou continuar no 8. Não é porque não melhorou, mas é porque acredito que para chegar no 10 a gente tem que... Vamos lá: se eu pudesse falar da performance do prefeito, eu ia dizer que é 10, pelo poder de articulação dele, pela forma como ele sabe conduzir. Nós passamos por uma turbulência em que ele estava na condução, independentemente das dificuldades que há na Câmara. Nós viramos minoria, uma minoria em números. Mas, com ação de trabalho, com qualidade de trabalho e com o desejo de mudar a cidade, acho que esses 11 correspondem à expectativa. (Não ter reeleito o presidente da Câmara) faz parte do processo. Acho que os embates se fizeram importantes para revelar muito de nós e muito das pessoas que estavam do outro lado, mas também para nos mostrar que nós não somos autossuficientes, e que também somos capazes de, com pouco, fazer muito. Ainda que estivéssemos em minoria, se nós estivéssemos unidos... É algo que a gente prezou, o prefeito prezou com a gente pela união do grupo. Éramos minoria na Câmara, mas não vamos arregar, não vamos abrir mão, vamos brigar pelo que a gente acredita, não vamos sentar para negociar. Quem tinha que ir, foi; quem ficou é porque tinha que ficar. Eu me sinto muito orgulhoso de saber que a minha posição de 1º de janeiro, quando votei em Fábio Ribeiro para presidente da Câmara, continua sendo a mesma posição hoje. Tanto eu como tantos outros temos a mesma posição. A gente brigava entre a gente, a gente discutia entre a gente, mas com um único objetivo. Então, eu não vejo nada que a gente passou como derrota. Nem a perda da mesa diretora foi uma derrota. Pode ter sido uma derrota momentânea, mas a gente vê hoje os resultados. Sendo minoria, a gente conseguiu aprovar quase todos os projetos que o prefeito mandou. É preciso olhar o momento. Se a gente queria um dia chegar a ser maioria, como somos hoje, a gente tinha que valorizar o momento que estava passando. Qual era o objetivo? Precisávamos consolidar o governo do Wladimir Garotinho. Se a gente trabalha em união com secretários, vereadores, para consolidar esse governo, vai ser muito difícil manter uma maioria sendo oposição a um governo que funciona. Acho que todo mundo quer se reeleger. Eu acho que todo mundo quer estar no cenário político. Então, você continuar sendo oposição a um governo que está funcionando e a população está testificando isso quando dá um índice de aprovação de mais de 70%...
Avaliação da Câmara — Infelizmente, na hora de dar avaliação da Câmara, vai-se avaliar ela num tudo. E o que ficou evidente, principalmente nesse último ano de 2022 e até em 2023, foram as brigas, as discussões. Foram muitas brigas, muitas discussões, que não iam levar ninguém a lugar algum. Quando você vê um governo que está trabalhando, e isso está evidente... É lógico que a população não vai avaliar os 11 (vereadores) que lutaram com esse governo, porque está avaliando a Câmara. Na Câmara, o que havia era um incêndio acontecendo lá, pegando fogo, um negócio caindo tudo. E o governo está bombando, mas está bombando porque tinha 11 firmes lá dentro, trabalhando, que brigaram, que lutaram. Não brigamos com as pessoas, mas brigamos pelas pessoas. Foi isso o que nós fizemos. Então, hoje você pegar e ver essa avaliação boa do governo, mas ver uma reprovação da Câmara, é justamente reflexo das brigas e das discussões, que não levariam a lugar nenhum. Tivemos que andar com segurança praticamente. Tinha pessoas entrando na Câmara armadas. É isso que a população quer? Parece muito bonitos esses discursos em que sobem, chamam o prefeito de moleque, chamam o prefeito disso daquilo, um ofende o outro... “Arrebentei no discurso”! Arrebentou no meio político. Mas, e a população? É esse o resultado! Essa é a avaliação que tem que ser feita (...) A da população, que quer ver uma Câmara que funcione, uma Câmara que mostre resultado. Não é ser conivente e concordar com tudo o que o prefeito faz, mas, até na hora de se posicionar, que se posicione com respeito, com ética, com compromisso com a sociedade. Aí, sim, a população vai começar nos vendo de uma forma diferente. Você pode se opor ao governo, mas se opor de forma respeitosa. Eu posso me opor à oposição, mas me opor de forma respeitosa. A população, que hoje está mais politizada, está cansada de ver esse tipo de discussão.
Cenário atual — Quando a gente saiu, estava começando a pacificação, estava bem melhor. As duas maiores lideranças, que são o Wladimir Garotinho e o Rodrigo Bacellar, haviam sentado, conversado, e aí tudo andava para uma pacificação. Mas, infelizmente, dura pouco. A dinâmica da política é muito louca: um dia está tudo muito bem, e hoje a gente está falando das dificuldades que estão sendo enfrentadas de novo. O Wladimir, do começo de 2021 para cá, era muito impetuoso, ia na rede social e respondia (...) Hoje a gente vê um prefeito que aprendeu a se liderar mais. Ele tem um autocontrole. Às vezes, responder é inevitável. Vai chegar uma hora em que você vai ter que responder, vai ter que espetar, vai ter que falar. Mas, a gente não vê na frequência como era antes. Por mais que alguns não queiram, nós estamos tentando pacificar. Wladimir não deixa de cumprir com um acordo que foi feito. Ele não deixa de atender nenhum deles. Wladimir tem cumprido os acordos, é o que nós temos visto. E aí, quanto tempo vai durar mais? A eleição está chegando. Agora, é cada um querendo mostrar o seu. Vamos ver como vai ser. Mas, desde que o governo continue voando e a gente continue dando sustentabilidade e governabilidade ao governo. Ontem éramos minoria, hoje somos maioria. Acredito que esse cenário não mude, inclusive devido ao momento eleitoral.
Mais nomes na base — Quando levaram da base para a oposição, foram até o prefeito? Sentaram com o prefeito? Explicaram que estavam conversando com tal vereador? Vamos ser sinceros: a gente tem que entender a pacificação. O que é pacificação de verdade? Na verdade, a gente percebe que a pacificação estava mais em pautas do que num todo. É pela governabilidade. Mas, quantas dificuldades tivemos? Então, não adianta ficar só pautado na pacificação. Isso é o jogo da política, vamos ser sinceros. Quando nós éramos minoria, trabalharam para ter maioria. Perdemos a Câmara Municipal. Mas, ninguém foi lá conversar com Wladimir e dizer que estava conversando com tal vereador. Então, não cabe ao prefeito fazer isso, pedir bênção. Eu acho que tem que acontecer o que tem que acontecer. Não pode ser golpe baixo, não pode ser medíocre naquilo que faz. Mas o prefeito, como líder e articulador que é, tomou uma posição de maioria. Ele precisa de maioria para não acontecer o que aconteceu na LDO com a gente. Então, foi lá buscar a maioria. É assim que se faz. Temos que entender que a pacificação não quer dizer que o prefeito vai estar engessado. Nossa ideia nunca foi deixar de ser maioria. Infelizmente, demoramos ter, mas se fez necessário. Hoje, ninguém pode questionar que o prefeito foi a A e B. E não poderíamos chamar ninguém de traidores, porque o que nós passamos no dia da eleição da (presidência da) Câmara... Então, a traição só acontece quando é do lado oposto? Não foram traição as coisas que aconteceram lá atrás? Agora, porque a gente virou maioria de novo, as pessoas são traidores? Não dá para entender. São dois pesos e duas medidas? Então, eu respeito todos os nossos colegas vereadores, da base e da oposição, mas a gente tem que entender que esse é o jogo da política. A Câmara é a Casa do Povo, tem que ter divergências e discussões, mas o que não pode é descer o nível. O nível desceu muito. Tudo na vida tem que ter um limite. Quando eu falo do jogo, falo da questão de buscar uma pessoa para ser da base do governo ou para ser da oposição. Isso vale! Agora, quando você começa com ofensas pessoais, começa envolvendo família, começa inventando mentiras, envolvendo pessoas com o que elas não são... Eu já passei por essas questões lá dentro (...) Então, as pessoas têm que entender os limites. O debate é político. Não podemos ultrapassar os limites, e isso acontece, tem acontecido ou estava acontecendo com frequência.
PDT — No limite que a gente estabelece, não vale tudo. Quando alguém tem palavra, tem palavra mesmo. Tentaram tirar o PDT de mim ano passado, durante a eleição, mas o Lupi falou: “Você deu a mão a um homem de palavra”. Por isso o Lupi fez questão de mandar Martha Rocha e por isso ele fez questão de vir a Campos: para ratificar o que ele já tinha falado. Sentamos eu, ele, Wladimir e Martha Rocha. Ficou bem claro: é o que o Leon decidir. Quando eu assumi o PDT no ano passado, eu tinha uma ação favorável para sair do PDT. O Caio veio a sair, me pediram para eu assumir, e a condição que eu coloquei foi que eu poderia assumir e continuar, desde que o PDT não lance candidato ano que vem. Pode compor, mas não lançar. E que seja base do governo Wladimir Garotinho. O Lupi concordou e cumpriu, como vem cumprindo.
Marquinho do Transporte fica no PDT? — Tudo tem que ser conversado. Ainda não tive essa conversa. A configuração não estava com Marquinho do Transporte. A gente tem que sentar, conversar. Como a gente preza pelo grupo, é a gente sentar com a liderança, que é o Wladimir, e entender qual é a configuração do que ele está planejando.

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