Jefferson: pouco provável não haver 2º turno em Campos
Rodrigo Gonçalves, Aluysio Abreu Barbosa, Matheus Berriel e Cláudio Nogueira 29/07/2023 08:22 - Atualizado em 29/07/2023 08:30
Genilson Pessanha
“Naturalizar a possibilidade de não haver segundo turno nesse município, eu acho que é não compreender as potências dos agentes políticos e das forças políticas que esse município tem. Então, eu não posso imaginar um debate menor”. A avaliação é do reitor do IFF e prefeitável do PT de Campos, o professor Jefferson Manhães de Azevedo, feita nessa sexta-feira (28), no Folha no Ar, da Folha FM 98,3. Entusiasta de uma candidatura majoritária às eleições de 2024, diz que estar aberto a um consenso em relação ao nome petista escolhido, inclusive conversando isso com a deputada estadual Carla Machado (PT) e outros correligionários. “Eu gostaria de uma candidatura do partido, da nossa federação, do conjunto. Não necessariamente a minha ou a que eu estiver envolvido, que eu vou estar envolvido, para quem haja esse debate”. No entanto, Jefferson não esconde que sua experiência como gestor à frente da maior instituição de ensino da região alimenta nele o desejo de colaborar com o município, no qual apontou falhas na condução feita pelo governo Wladimir Garotinho (PP), citando a baixa arrecadação do Imposto Sobre Serviço (ISS), refletida também na pouca oportunidade de emprego. Ao avaliar aprovação da gestão Wladimir, boa em pesquisa, o petista a vê como reflexo da alta arrecadação de royalties que permite investimentos e que gera comparações com o governo anterior. Ele cobra ações mais estruturantes, citando também a agricultura e a saúde, demonstrando, ainda, preocupação com o aumento de pagamentos feitos pela Prefeitura a pessoas físicas, citando os RPAs. Paralelamente a conversas sobre o pleito municipal, Jefferson tem as eleições a reitor e diretores dos campi do IFF pela frente. Para a reitoria, avaliou os nomes do candidato que tem seu apoio, o pró-reitor Carlos Artur Arêas, e o de oposição, Victor Saraiva, atual diretor do campus Cabo Frio. Em Campos, no campus Centro está empenhado para a eleição do professor Carlos Boynard à direção, mas também falou do potencial da candidata Luciana Machado. Já no IFF Guarus, acredita na reeleição de Thatiane Medeiros.
Eleições para o IFF em novembro — É uma celebração da democracia, é o momento de diálogo em que a instituição tem a oportunidade de ser reavaliar, de pensar o seu futuro e de apostar nesse futuro (...) Eu fico muito feliz quando as pessoas se colocam nesse processo. Elas estão querendo debater a instituição. Sempre é possível fazer melhor aquilo que nós fazemos. E, portanto, uma oposição que seja colocada de maneira respeitosa, na perspectiva de uma crítica e que pode fazer críticas contundentes, mas a gente não precisa personalizar (...) Eu acho que o Brasil está cansado de ouvir ofensas pessoais e no Instituto Federal Fluminense nós temos os processos democráticos que são pedagógicos. O aluno ali com 16, 17 anos, 14, 15 anos, vai votar pela primeira vez na sua vida. Então, é um momento de celebração, é um momento de formação, é um momento pedagógico. Nós temos hoje a candidatura do professor Carlos Arthur (a reitor), que é o nosso pró-reitor de ensino, tem uma trajetória no Ministério da Educação, três anos e meio do Ministério da Educação, foi diretor do campus Macaé, e hoje é o nosso pró-reitor de ensino. Uma pessoa hoje que é uma referência nacional. Extremamente querido na rede, respeitado e, eu não tenho dúvida, que no governo Lula, que (...) mudou o paradigma da educação profissional e tecnológica, (...) o reitor, como o professor Carlos Artur, é uma pessoa que alarga esse processo e, por isso, entendemos que ele é aquele que pode representar nossa gestão, uma gestão que teve muita resiliência junto com essa comunidade, que nós não abaixamos a guarda, defendemos a educação pública, fizemos uma gestão colegiada (...) Hoje eu entendo que o professor Carlos Artur nos representa e com muito respeito ao professor Victor Saraiva que é o diretor do IFF Cabo Frio, também uma pessoa com um conjunto de adjetivos, com um conjunto de atributos e que a nossa comunidade tem que ter a liberdade de escolher aquele que ela entende que melhor represente ou que defenda o futuro da nossa instituição. Então, eu acho que isso é um processo democrático, dialogar e nós vamos, eu vou estar empenhado nesse processo, empenhado por ser servidor, porque no dia 5 de abril (2023) o meu mandato termina e eu vou exercer a minha função para o qual eu fiz concurso público, porque eu não sou reitor de concurso, sou reitor por uma questão conjuntural, mas eu sou servidor público federal, eu sou professor, é para isso que eu fiz o concurso e me compreendo no mundo dessa maneira. Eu quero que tenha o melhor reitor possível e, neste momento histórico, é bom lembrar que não é uma competição de uma pessoa ou outra, mas aquilo que pode contribuir, porque eu acredito que é o melhor para o futuro da instituição com todo o respeito neste momento e contexto histórico. Na questão do campus Centro, o Carlos Boynard, eu falei para ele, Carlinho eu vou eu retomo as minhas atividades com o professor e eu gostaria de ter você como meu diretor. É um cara, primeiro, muito probo, uma pessoa dialogal, acolhedora, que vai de novo tornar o nosso campus, o campus do sim, que vai abrir esse campus para a comunidade. Fazer de novo o protagonismo do campus Centro aqui nessa região, na perspectiva positiva da comunidade, se sentir à vontade, de participar desses processos. Então, eu entendo que o professor Carlos é aquela pessoa que vai representar aquilo que nós entendemos, um campo centro fortalecido, integrado ao instituto, respeitado as suas particularidades, aquele que vai ajudar articular e fortalecer a educação profissional do nosso território. E a professora Thatiane é uma professora querida, nossa diretora (IFF Guarus), eu não sei quem é o possível candidato lá, mas eu entendo que a professora Thatiane, também junto com essa comunidade, tem um conjunto de adjetivos e que acumulou um histórico aí que permite que ela possa disputar esse processo e tem todo o nosso carinho. A professora Luciana Machado ( professora de história e candidata da oposição no campus Centro) também é uma pessoa que tem uma trajetória importante, membro de alguns colegiados, com o papel... Ela foi a presidente da Comissão Eleitoral na vez passada, em tempos difíceis, então exerceu, de maneira muito coerente, muito íntegra. A professora Luciana tem também um conjunto de atributos. Assim, o bom é isso, é você ter pessoas que olha e percebe que a instituição não está em risco de ter pessoas que têm outros compromissos, que não sejam o processo de fortalecimento da educação pública, da integração da nossa escola com a comunidade, com papel protagonista dos institutos federais, dos nossos campus com desenvolvimento regional na perspectiva cultural, social, econômica. Então, todos aqueles que estão atentos e têm esses compromissos, têm que ter todo o nosso respeito.

Possível interferência externa no processo — Quem viu a disputa eleitoral de 2011 para reitor nesse instituto com Polícia Federal dentro do ginásio do nosso instituto e vai ver os processos eleitorais agora, eu minimamente me sinto feliz com o papel histórico cumprido de ter colocado ou pelo menos ajudado a nossa comunidade a se respeitar ainda mais, respeitar os processos eleitorais. Então estou muito tranquilo do papel que eu desenvolvi junto com meus colegas gestores e com os servidores dessa casa e também com os nossos estudantes (...) A gente tem que respeitar a nossa comunidade, que é uma comunidade, por exemplo, que tem compromissos e que pode perceber que seja um outro caminho para o nosso instituto e que isso possa, eu tenho absoluta certeza que o meu papel eu cumpri né, e em um processo de reeleição, é isso, as pessoas podem escolher uma outra rota. Isso pode interferir se houver o entendimento futuramente da questão da candidatura a prefeito de Campos ou um outro papel que eu venha a desempenhar as narrativas são possíveis. Mas eu tenho absoluta certeza do carinho que eu tenho hoje no instituto do respeito, porque é isso, respeito é alguma coisa compartilhada e dialogal, eu termino a gestão olhando no olho de cada estudante, de cada servidor, porque se eu não pude ajudar, eu não atrapalhei. Eu respeitei profundamente.

Prefeitável em conversa com Carla Machado — Primeiro, eu quero dizer que, hoje, a nossa deputada estadual Carla Machado é aquela que tem mandato representando a nossa região. É uma líder nata, uma pessoa de experiência invejável. Pessoalmente, eu não podia ser diferente de qualquer diálogo com uma pessoa da envergadura dela e da experiência que nós tivemos em comum. Nós temos um campus (do IFF) em São João da Barra, e esse campus tem a digital da ex-prefeita Carla Machado e da sua equipe (...) O campus de SJB deve-se a um trabalho importante, político, da hoje deputada estadual. E a nossa relação sempre foi muito cordial. Tenho uma gratidão pessoal. No tempo em que me tornei oposição lá no IFF, num tempo conjuntural difícil, ela nunca deixou de ter uma deferência, uma relação muito respeitosa comigo. Toda vez que a encontro, eu falo isso. E eu não poderia esperar outra coisa. Se entendermos, não só o Partido dos Trabalhadores, mas a federação do Partido dos Trabalhadores, com o PCdoB e o PV, eu não tenho dúvida de que nós teremos uma candidatura. Não tenho dúvida de que eu vou estar envolvido nesse processo de construção, porque eu não posso (me omitir), como cidadão dessa cidade, depois de tanto tempo, depois das experiências que eu tive: 24 anos como gestor, 30 anos como servidor público, hoje sou representante do Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica) representante da internacionalização; vou a várias partes do mundo apresentar, dialogar com a rede federal; sou hoje coordenador da Unesco na área de educação profissional tecnológica do Conif; sou membro da direção da Federação Mundial dos Colleges e Politécnicos. Fui diretor-geral (do IFF), fui vice-diretor, fui pró-reitor, fui coordenador, fui reitor, estou sendo reitor. Então, isso não pode ficar só na memória. Isso foi investimento público e tem que estar a serviço (da sociedade). Agora, como isso vai se dar, é uma construção. É um papel importante, mas eu estarei (no processo). Eu fiz seminário, me formei e fui para o seminário, fiquei dois anos, em 1991 e 1992. Seminarista católico. Quando terminei e voltei, entendi que não era aquela a minha forma de expressar os meus compromissos de vida, religiosos, etc, em fevereiro de 1993 eu me filiei ao Partido dos Trabalhadores. Eu sou filiado ao Partido dos Trabalhadores há 30 anos. Mas, em 2004, quando eu assumir a direção de extensão, a convite do professor Luiz Augusto, nosso ex-reitor, eu deixei o cotidiano partidário. Não tenho esse cotidiano. Vou retomar por uma questão de cidadania, de responsabilidade com o futuro comum desta cidade, deste país. E digo mais: depois que o presidente Lula teve, no Supremo Tribunal Federal, a possibilidade de se candidatar, aquilo renovou a esperança, não só em mim, mas em muitas pessoas. E depois da eleição, nós vimos: eu tenho que ter um compromisso da construção da democracia, eu tenho que ter um compromisso de reunir esse Brasil, de reunificar esse Brasil, e eu faço isso a partir do território, a partir de onde eu estou. Porque o que existe é a cidade. O país é uma concepção, o estado é uma concepção, o que existe é o município. A partir do município, nós podemos fazer muitas coisas. Então, nesta perspectiva de ajudar o Brasil a ter ares de renovação, de trazer todos esses aprendizados que eu tive ao longo da vida, ajudar, articular um processo de repensar essa cidade, o futuro desse estado, o futuro desse país, o futuro da humanidade, eu não tenho dúvida. Depois percurso que eu fiz no mundo inteiro, eu tenho a certeza de que não só é o meu território, é o meu espaço, mas ele tem que estar interconectado com o mundo. Por exemplo: na Covid-19, se não fosse por um esforço mundial para a construção da vacina, não acontecia. Para os efeitos climáticos, se não for um esforço mundial, a gente não faz. Então, eu tenho compromisso com também com a humanidade, que é o meu papel histórico. E (a conversa com Carla) foi muito boa. Tenho certeza de que o que nós decidirmos, enquanto coletivo do Partido dos Trabalhadores, da federação da qual nós fazemos parte, nós vamos estar ladeados, vamos estar juntos nessa construção. Eu não tenho dúvida alguma sobre esse fato. Seja qual for a decisão que o partido tomar, nós vamos estar no mesmo lado, porque é assim que nos reconhecemos.

Presença no debate caso seja pré-candidato — A minha relação, seja com o prefeito (Wladimir Garotinho), com o Mauro (Silva) e com todas as pessoas que eu lido, sempre é muito respeitosa, muito ética. O IFF é parceiro da Prefeitura em várias ações. Inclusive, na segunda-feira nós vamos estar juntos, fazendo um anúncio da Feira de Oportunidades. Eu acho que as pessoas públicas até podem ser, em determinados momentos, adversárias, mas não inimigas. Nós tivemos um desaprendizado agora nesses últimos quatro anos. Foi um desaprendizado! Não é assim que a gente faz a vida pública! Eu não posso imaginar que uma pessoa que sempre tem o respeito, a ética, o princípio com a coisa pública como elemento basilar na sua condução pode ser interpretado de outra maneira. É o mesmo entendimento que eu tenho do prefeito e do Mauro Silva. Eu quero sempre olhar as pessoas, pessoalmente, pelo lado positivo. O que pode se haver é compreensão da realidade de maneira adversa, eleger problemas e prioridades de maneira adversa. Isso é o papel do debate público. Portanto, quanto mais pessoas puderem estar nesse debate público, é melhor. Eu sou gestor há 24 anos e sei que não tomei as melhores decisões necessariamente em todas elas. Eu também me equivoquei. Quando fui alertado, tentei acertar. Se eu não fui alertado, talvez eu tenha cometido erro e permanecido nesse erro. Mas, quando você tem uma oposição séria, que sai do campo pessoal... Porque há muita pequenez nesse espaço, que foi esse desaprendizado que nós tivemos. Então, tenho o processo democrático como pilar da minha vida; a questão dos direitos humanos como o pilar das minhas reflexões. Portanto, como educador, nós temos que mostrar para a juventude, para as crianças, que é possível gerir a coisa pública com dignidade, com integridade, com compromisso social, pensando no futuro. Eu sempre falo que nós não temos apenas que cuidar das pessoas. Isso é muito importante, mas nós temos que cuidar é do futuro das pessoas. É isso o que nós vamos discutir no Partido dos Trabalhadores, na federação, com todos aqueles que estiverem, e eu vou estar neste processo de discussão de futuro. Qual será o meu papel, nós vamos pensar juntos. Isso não depende só de mim, depende de um conjunto de fatores. Eu quero estar nesse debate, porque seria muito egoísmo, muito individualismo se eu fosse deixar apenas na memória essas experiências e me contentar no conforto. Eu sou um servidor público. Hoje, eu sou professor titular do IFF, sou reitor da instituição, tenho uma inserção internacional com possibilidade de fazer meu pós-doutorado em vários lugares. Mas, isso um seria um conforto individual. Eu recebi muito investimento público, muito aprendizado público. Isso tem que estar a serviço. Não precisa necessariamente ser exercendo um cargo, mas como cidadão comprometido e compromissado. Esse é meu papel, e eu vou estar discutindo esse assunto do futuro aqui, com muito respeito às pessoas, porque é assim que a gente tem que fazer. Como cristão, como um ser político, um agente político público, quero dizer que a gente pode iluminar esse espaço público com pessoas sérias e estimular que venham conosco as pessoas de boa vontade, pessoas sérias, pessoas íntegras, pessoas que têm compromisso de fato com o futuro dessa cidade, com o futuro desse país. E eu quero estar ladeado por essas pessoas.

Pesquisas e aprovação — Primeiro, nós temos que, de novo, fortalecer as pesquisas, o entendimento, imaginando a seriedade dos institutos. Também, infelizmente, nós temos institutos que não têm um compromisso tão grande. Mas, eu quero dizer que a gente tem que tentar ver qual informação as pesquisas podem nos trazer neste tempo do processo histórico que estamos vivendo. Hoje, esse dado mostra a avaliação do governo (Wladimir): uma boa avaliação da população. E isso se deve a alguns fatores, um deles o de que nós temos hoje um conjunto de ações da administração pública que salta aos olhos na referência com a última administração pública (Rafael Diniz). Na percepção das pessoas, da vida das pessoas, elas percebem isso: está tendo essa ação. Agora, se alguém faz uma reflexão desta ação, ela se potencializa. Nós estamos há quanto tempo sem ver ações públicas acontecendo na nossa cidade? Desde a segunda metade do governo Rosinha (Garotinho). Coincidentemente, na segunda metade do segundo governo da prefeita Rosinha os valores dos royalties caíram absurdamente. E, artificialmente, eles foram minimizados por quatro empréstimos, porque um foi para cobrir o anterior do Banco do Brasil. Foram três na Caixa Econômica, um para cobrir o do Banco do Brasil. Inclusive, nesse do Banco do Brasil, foi vantajoso fazer esse movimento. Mas, três empréstimos, que amenizaram o segundo. E o governo do ex-prefeito Rafael passou... Só para se ter uma ideia, em 2020 nós tivemos uma arrecadação de R$ 280 milhões de royalties e participações especiais. Já em 2021, foi para R$ 480 milhões. Já em 2022, foi para quase R$ 800 milhões. E a previsão para R$ 2023 é de R$ 1 bilhão. Então, se você olha investimento, olha receita e olha despesa, até 2020 a despesa do município era melhor do que a receita (...) Quando você tem muito dinheiro, você pode não ver a qualidade da gestão. Mas, é no momento da carência que a gente vai ver. Porque, quando você tem muito dinheiro, você não prioriza. Qual é a prioridade do governo? É tudo! Quando eu dito tudo, é porque não tem prioridade, porque você tem dinheiro. Então, vai fazer isso, vai fazer aquilo. Essa magnitude de valores é que, na primeira gestão da prefeita Rosinha foi muito boa, no prefeito Arnaldo (Vianna) também foi muito boa, com todo respeito a eles. Quando você tem muito dinheiro, você não precisa fazer prioridade. A prioridade é tudo, porque eu tenho dinheiro para fazer tudo. Então, é difícil a gente avaliar. E aí, para ser honesto, eu não posso avaliar, por exemplo, o governo Rafael com o governo Wladimir. Mas eu posso, de maneira honesta, comparar o governo Rafael com a segunda metade do segundo mandato da prefeita Rosinha, porque havia um cenário econômico muito mais adverso do que o de hoje. Hoje, nós estamos recebendo os valores que estamos recebendo aqui. Se você atualizar, os maiores valores que nós recebemos na história desse município, nós estamos muito próximos. Provavelmente foi na época do prefeito Alexandre Mocaiber, que, hoje, corrigido, dá R$ 1,3 bilhão. Nós estamos recebendo R$ 1,05 bilhão, R$ 1,1 bilhão com previsão para o ano que vem, por exemplo. Eu só quero dizer, de maneira muito respeitosa, que quando a gente vê um volume de recursos e um volume de ações, o que a gente pode dizer é se as prioridades que estão sendo colocadas, a forma como está fazendo, se isso está da melhor maneira para fazer um futuro diferente. Então, eu acho que a gente tem que pensar dessa forma. Mas, para a população, para as pessoas eu estou vendo. Estão asfaltando as ruas, estão mexendo numa praça, como muitas outras coisas que poderia citar (...) E eu quero dizer uma aqui: nós temos hoje um núcleo de pesquisa de inovação urbana no Instituto Federal Fluminense, da Arquitetura, que tem um estudo de que nós temos um déficit habitacional de 15 mil casas populares. Eu não vi ser tocado nesse assunto. Vai começar a ser tocado agora, por causa do governo Lula, que vai retomar o Minha Casa, Minha Vida. Então, eu quero dizer que em questões estruturais nós podemos mexer, e eu não vi nenhuma reforma de maneira ostensiva.

Comparativos — Eu vou citar uma outra questão, que seria muito importante. A arrecadação de ISS, que é o Imposto Sobre Serviço, é algo que, mais ou menos, pode ser um indicador do volume financeiro das empresas, da economia do município. Macaé recolhe quase seis vezes mais ISS do que Campos. Rio das Ostras, que tem 1/3 da população de Campos, este ano está recebendo mais. Até ano passado, quase a mesma coisa. Se você pega São João da Barra, com 36 mil habitantes, enquanto Campos está com meio milhão, 483 mil... SJB, se não ultrapassou, vai ultrapassar Campos (...) Se você pega um aluno do IFF hoje que se forma em engenharia, que se forma num técnico, sabe o que ele faz para ter um bom emprego? Ele pega o ônibus e vai para Macaé, ele pega o ônibus e vai para o porto. Ou então vai para o Rio de Janeiro, São Paulo. São poucas as oportunidades. Então, nós temos que defender um projeto de retomada da industrialização desse município, investir muito na agricultura. Em dados recentes do Nuperj da Uenf, Campos tem o dobro da área agricultável de São Francisco, mas tem a produção econômica da agricultura igual à de São Francisco. Campos tem 60% da área agricultável da região, é o dobro de São Francisco, mas, do ponto de vista da agricultura, as receitas (se equivalem). Então, significa que Campos tem que aprender isso. Eu não estou aqui, de forma alguma, desmerecendo o nosso secretário de Agricultura, longe de mim. Mas, eu quero dizer que nós temos que reativar a economia desse município, e tenho certeza absoluta de que esse é o compromisso do presidente Lula, do vice-presidente Alckmin, da reindustrialização do país. É uma grande oportunidade no mundo. O país, na pandemia, viu como essa divisão geopolítica da produção... Quer dizer, eu penso nos Estados Unidos e produzo na China... Como isso quebrou! Então, hoje nós estamos diante de uma oportunidade. Eu quero entrar e ajudar, e nós, no PT, vamos trabalhar em cima desse processo de reconstrução da economia do município, com questões criativas, estimulando as pessoas a comprarem em Campos. Vou citar Maricá aqui. Maricá construiu uma moeda social em que todos os benefícios sociais não vêm em dinheiro, mas nessa moeda social, que só pode ser usada no município. E aí, na competição com a Shein, da China, o cara não pode comprar, ele vai comprar na loja do município. Isso é forma de a gente estimular a economia. E Maricá é administrado pelo PT. Nós vamos trazer projetos, independente se eu vou ser candidato, independente se nós vamos pensar de maneira adversa, se vamos construir uma coligação mais ampla com outros atores. O importante é que nós vamos fazer um compromisso aqui: eu termino meu mandato (no IFF) e vou me envolver completamente no debate do futuro comum dessa cidade, porque tem muitas coisas que nós precisamos priorizar, e eu tenho certeza absoluta que esse é o bom debate. O bom debate é mostrar coisas que talvez não sejam percebidas. Por exemplo, a saúde preventiva. Olha que coisa importante! Mas, eu precisei do governo Lula para mandar 70 médicos para aqui, e esse não foi o apoio que nacionalmente foi dado pela administração pública local. Então, agora eu quero dizer: nós vamos conseguir mais médicos para ter dignidade (...) A saúde preventiva é o governo Lula quem está trazendo de volta. E eu tenho certeza absoluta de que é possível fazer essa harmonização. Nós vamos ter um projeto do Governo Federal, um projeto de todos aqueles que quiserem fazer esse futuro comum de maneira inovativa, para reinventar o nosso futuro, porque não está bom. Campos tem que virar a terra das oportunidades. Nós temos que cuidar das pessoas, mas, principalmente cuidar do futuro das pessoas. E eu não tenho dúvida alguma de que o Partido dos Trabalhadores, que a federação do PCdoB, PV e todos aqueles que se entenderem, nós vamos construir uma candidatura forte, um projeto que possa dignificar as pessoas. As pessoas não querem piedade, querem dignidade. E dignidade se dá pelo trabalho! E o PT preserva isso: uma economia adequada para ter mais oportunidade de emprego para as pessoas, renda. É isso que a gente quer!

Cenário para 2024 — Em 2020, a gente vê Caio (Vianna) com 110 mil votos. Quero citar aqui que é um agente político que precisa ser muito respeitado, porque quem teve 110 mil votos não é qualquer pessoa. Então, isso é muito importante. Eu não tenho dúvida alguma de que aquelas pessoas que comungam dos mesmos valores têm uma forte chance de caminharem juntas. Mas, eu quero aqui só fazer uma deferência, porque também entendo Thiago Rangel como um agente político importante nesse processo; o Rodrigo Bacellar e o Marquinho Bacellar são agentes políticos importantes, inclusive um conjunto de vereadores muito expressivo. Naturalizar a possibilidade de não haver segundo turno nesse município, muito sinceramente, eu acho que é a gente talvez não compreender as potências dos agentes políticos e das forças políticas que esse município de meio milhão de habitantes tem. Então, eu não posso imaginar um debate menor, um debate minguado. Eu gostaria de uma candidatura do partido, da nossa federação, do conjunto. Não necessariamente a minha ou a que eu estiver envolvido, que eu vou estar envolvido, para quem haja esse debate. Agora, eu quero trazer alguns dados. Tem mais pessoas que não votaram no Wladimir Garotinho naquele momento (2020). Na eleição do presidente Lula com Bolsonaro, nós tivemos 100 mil votos para o presidente Lula. Na GPP de março, mais da metade das pessoas, no espontâneo, não se manifestaram. As pessoas, hoje, ainda estão vindo de um processo eleitoral de presidente, com essa cabeça de presidente, e ainda talvez não se sintonizaram no futuro.

Força da máquina e dos Garotinho — Mas, eu quero também dizer que o modelo político que hoje está posto, do prefeito Wladimir Garotinho e de toda essa estrutura do garotismo aqui em Campos, tem uma máquina muito poderosa. Não estou falando isso de modo pejorativo. É forte! E tem um dado aqui que eu estou dizendo: ano que vem, vai ser uma disputa hercúlea. Eu fiz um levantamento do orçamento: pagamento de pessoas físicas, provavelmente RPA: para 2021, previstos R$ 16 milhões, e no final do ano foram R$ 28 milhões. Previsão para 2022: começou com R$ 31 milhões, e terminou com mais de R$ 60 milhões. Previsão para 2023: começou com R$ 60 milhões, já está em R$ 38 milhões. Ou seja, R$ 38 milhões vezes dois vai dar R$ 76 milhões. E eu quero dizer, com todo respeito àquelas pessoas que hoje trabalham, se engajam: não pode ser tratado por escolha de A ou B quem vai trabalhar no serviço público. Primeiro, porque não tem proteção nenhuma do trabalhador. Essa pessoa trabalha às vezes 20 anos, sai de lá com uma mão na frente e outra atrás. Tem um acidente de trabalho? Ele não tem os direitos que um trabalhador tem. Eu estou falando: vai uma empresa contratar alguém por seis meses como RPA? Leva uma multa do Ministério do Trabalho. O RPA é uma exceção, as regras da CLT não se aplicam, com as proteções mínimas do trabalhador, 13º, férias e tantas outras coisas. Quem se submete a isso, muitas vezes, num município que tem 170 mil pessoas em condição de extrema pobreza... São 35% dessa população, e 45% da nossa população em vulnerabilidade social... É lógico que a pessoa aceita! É uma oportunidade que ela tem. Mas, quem garante que não é usado este instrumento, culturalmente aqui há mais de 20 anos, para também trazer para o serviço público, com dinheiro público pago pelas pessoas que são alinhadas politicamente e vão fazer a campanha? Quantos RPAs eu já ouvi falar: “Eu sou obrigado a ir ao comício de fulano, de beltrano”. Não são todos, lógico que não, e a gente tem que ter o maior respeito pelas pessoas Mas, nós temos que regularizar essas questões. Estou dando um exemplo. Só que está dobrando a cada ano o número de RPAs. Isso é pode ser um sinal de que nós vamos ter um batalhão de pessoas que vêm para o serviço público dessa maneira. Tem que fazer concurso público! Eu vi a entrevista do professor Wainer (Teixeira - secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos) aqui, a quem eu tenho um respeito, uma admiração muito grande... Ele fazendo das tripas coração para ver o levantamento da secretaria e fazer um concurso público para 380 vagas ou 400 vagas. “Isso tem que ser criterioso, etc”. Quais são os critérios da contratação do RPA neste município? É coisa pública, gente. Eu sou gestor público. Nós não podemos tratar coisa pública como se fosse contratar para minha casa, para minha família, para o meu negócio familiar. Nós estamos falando de dinheiro público, de gestão pública. Então, eu vejo isso com uma preocupação como cidadão. Está dobrando a cada ano do ponto de vista orçamentário. Não significa que todo aquele pagamento de pessoa física ali é o RPA. Acredito eu que sim, mas eu também não posso garantir. Agora, é preocupante. Eu estou dobrando! (...) Vou dar um exemplo: na discussão do orçamento público, o governo está pedindo 40% de flexibilidade. Quarenta por cento do orçamento público é tudo o que esse município recolhe de impostos e recebe do Governo Federal, tirando os royalties. É tudo! Eu quero uma flexibilidade, isso indica o quê? Provavelmente eu estou com dificuldade de planejamento de como eu vou usar esse dinheiro. Além do que aquilo que for arrecadado a mais, eu também vou ter a liberdade de fazer ... não é um cheque em branco, não; é um talão em branco que está se dando se isso vier. Mas, eu tenho certeza absoluta de que essa discussão pública, com audiências públicas, e tenho certeza de que a administração pública também vai compreender isso: que, para o bem para o bem da otimização da coisa pública, do dinheiro público, precisa ter um limite. Vinte por cento é algo razoável? Cinco por cento? Acho que aí é uma briga política (...) Nós estamos num tempo de muita arrecadação, muito similar ao anterior, dos que mais nós tivemos. Mas, ter 40%? Estou só citando aqui como cidadão, como pessoa preocupada.

Pacificação ou trégua? — Pelas declarações que eu vi o nosso presidente da Câmara de Vereadores dando essa semana e na semana anterior, salvo engano, com referência à administração pública municipal, a gente vê que essa é uma relação conjuntural. Por quanto tempo isso vai durar a gente não sabe. Estou aprendendo, já participei de cinco eleições no Instituto Federal Fluminense, a primeira como vice e depois como majoritário. Tivemos êxito, naturalmente, em todas. A gente sabe que uma eleição sempre tem uma certa articulação com a próxima. Essa visão mais ampla, que não é só do município, pode ser fundamental para que isso aconteça. Eu torço para que a gente tenha uma pluralidade do debate, porque isso é bom para a democracia, pois são olhares diferentes.

Possíveis candidatos — Quanto mais pessoas nós tivermos nesse processo, mais projetos de cidade vamos permitir que as pessoas possam ter, mais opções de escolha. A primeira questão é essa. Essa conjuntura, e eu estou falando de forças políticas que se tem aqui... Força política do Wladimir Garotinho; força política do Rodrigo Bacellar, do Marquinho Bacellar e, naturalmente, de todos aqueles ali que compõem; força política do Caio Vianna; também vai ter uma força política do Sérgio Mendes; também vai ter uma força política da federação onde o PT vai estar nela. Diante de um cenário desse, eu acho pouco provável não haver segundo turno. Mas, o improvável faz parte do planejamento. Então, eu tenho clareza. (...) Nós temos que ter ousadia, coragem, compromisso com o coletivo. É sair de si mesmo e pensar no outro, nesses 170 mil que estão na extrema pobreza aqui em Campos; nesse número de jovens que não consegue ter acesso a um emprego de qualidade nessa cidade; nesse conjunto de mães que não têm os seus filhos nas creches; nesse conjunto de jovens mais pobres que não têm escola integral; nesse conjunto da população que vem, infelizmente, algumas pessoas perdendo a esperança. Então, eu, como um educador, como cidadão, depois de tudo o que eu vivenciei na minha vida e tive a oportunidade de investimento público na minha vida... É dinheiro público investido na minha trajetória. Não é mérito meu. Naturalmente, teve a minha determinação, não posso não colocar os atributos, mas sem nenhuma soberba. Reconhecendo isso tudo, este município merece um bom debate em 2024, porque isso é bom para todo mundo. Então, eu vou estar nesse debate. Agora, só não sei em que posição. E no PT! Eu entendo as bases do PT, o compromisso com o trabalhador.

Resistência ao PT em Campos — Eu quero dizer que vai ser muito difícil, mas não é. E eu tenho certeza de que muita coisa vai acontecer até o ano que vem. Por exemplo, o Haddad entrou no Ministério da Economia ridicularizado por muitos. Hoje, está sendo ovacionado, e eu tenho certeza absoluta de que, no ano que vem, a economia desse país vai estar melhor. E eu quero dizer que o PT, o partido do presidente da República, o partido que está liderando esse processo, lógico que numa composição de partidos, tem programas muito claros para trazer um futuro melhor para essa cidade. Então, é isso que nós vamos defender. De fato, vai ser muito difícil. Mas, há possibilidade.

Partido unido — Nós vamos construir juntos: Helinho, Odisseia, Zé Maria, Tezeu, os nossos colegas do PCdoB e tantos outros que vão estar com a gente, do Partido Verde, todos os que são da federação. Eu vou estar nessa contribuição, a Carla Machado, tantas pessoas do estado, os deputados estaduais, deputados federais... Tenho certeza de que todos eles estarão unidos na candidatura do PT, da federação com que nós vamos dialogar para esse projeto coletivo. Então, se sou eu, será uma outra pessoa, eu não sei. Eu sei que vou estar envolvido nessa discussão, e o PT já definiu que Campos é uma cidade vista pela sua população, pelo seu papel estratégico, pela sua história, pela população que aqui está, pela qualidade (...) Eu estou muito esperançoso, entusiasmado, porque nós vamos ter uma candidatura forte, um projeto forte para o futuro de todas as pessoas desse município. É cuidar das pessoas, mas, principalmente, cuidar do futuro das pessoas.
 

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