Elísio busca apoios contra a máquina em SJB
Rodrigo Gonçalves 15/07/2023 08:16 - Atualizado em 15/07/2023 08:27
Elísio Rodrigues
Elísio Rodrigues / Genilson Pessanha
É costurando apoios e fazendo o que considera o seu dever de casa que o vereador e ex-presidente da Câmara de São João da Barra Elísio Rodrigues (PL) vem fortalecendo a sua pré-candidatura à Prefeitura da cidade. Apesar de estar confiante no suporte do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (PL), à sua possível campanha, diz saber que precisa buscar outros reforços. “Eu tenho que buscar alguns caminhos, mas tenho certeza que o apoio dele vai ser fundamental”, disse o vereador, que já garantiu, na última semana, alianças com o PSDB, ao se encontrar com o atual presidente do partido, Aspásia Camargo, e com o Avante. Apostando também na união da oposição sanjoanense para vencer a máquina gerida pela prefeita Carla Caputi (sem partido), Elísio fala em elos comuns com a família Dauaire e acredita que a ascensão do deputado licenciado Bruno Dauaire (União) na secretaria estadual de Habitação o coloca em um patamar acima para ajudar o município. O ex-presidente da Câmara falou também do movimento de ruptura com a base do governo, apontando a ex-prefeita Carla Machado (PT) como centralizadora e responsável pela falta de diálogo que o levou, junto com outros colegas, à oposição.
Pré-candidato à Prefeitura de SJB — Continuamos no nosso mesmo objetivo desde quando iniciamos com a ideia e o propósito de ser candidato. Como já falei várias vezes, não é nada pessoal com a prefeita Carla Caputi, mas já estávamos pavimentando esse caminho, muitas pessoas já envolvidas no nosso projeto. Então, é difícil você voltar atrás e recebo muitas palavras de incentivo em relação a continuar na caminhada que a gente vem trilhando, devagarzinho, buscando parcerias para esse projeto. Eu sou vereador desde 2012. Eu não tinha pensado nessa possibilidade e as coisas foram acontecendo. A população foi me cobrando isso, nosso grupo político, que nós deveríamos mudar de fase, avançar no caminho da majoritária, porque como vereador já tinha cumprido o meu papel. Fui secretário municipal, presidente da Câmara, eleito três vezes vereador, duas vezes o mais votado do município, e eu acho que a gente tem que abrir espaço para novas lideranças e muitas pessoas boas querendo ser eleito vereador, brigar pelo município e eu resolvi avançar. E por também ter uma maneira diferente de pensar algumas questões do modo de governança do nosso município

Eleição da Mesa Diretora e 2024 — Não teve ligação direta com o projeto de eu querer ser candidato a prefeito. Eu já vinha falando lá em 2019 que gostaria de ser, até porque a prefeita (então Carla Machado), não poderia ser mais candidata em 2024. A eleição (da Mesa Diretora com a vitória de Alan de Grussaí) aconteceu pela falta de diálogo por parte da ex-prefeita. Em um ano, nós conseguimos falar com ela duas vezes, em março e junho, e depois não tivemos mais contato, voltamos a ter contato lá em 29 de dezembro em uma reunião tensa, porque aí já tinha acontecido todas as insatisfações, tudo que não poderia acontecer, tinha acontecido. Todo mundo tentou passar para ela, que não seria o melhor o que tinha sido acordado de ser o Chico da Quixaba (o presidente da Câmara), por vários motivos que a gente numerou para ela na frente de todos os vereadores. Ficou comprovado que não eram falácias, não era interesse político. Acabou saindo dali sabendo que realmente ela errou, que se afastou, que deu autonomia para uma pessoa que não era grupo. A Câmara estava em um caminho de mudança de criar meios de estar perto da população, dar voz à população e isso muitas vezes acaba confrontando um pouco o governo (...) Eu achava que ele (Chico da Quixaba), como líder do governo, tinha que ser imparcial, ele tinha que defender a Câmara, o seu grupo de colegas, e sim fazer o papel de líder do Governo, mas ele foi totalmente parcial. A ponto de mudar voto na última hora, dar a palavra em relação ao aumento de cadeiras (de vereadores que vai subir de nove para 13) e depois na última hora se manifestar contra e várias outras questões. Então, esse movimento da Câmara ele não teve diretamente a ver com o meu propósito de 2024, até porque não amarramos, não fizemos nada condicionado, “vou fazer aqui, mas você vai votar comigo em 2024, não teve esse combinado (...) A gente apenas se defendeu do que poderia acontecer lá na frente, mas não teve, ligação direta com essa questão de 2024.

Remanejamento cai de 40% para 5% — É importante a gente separar as coisas, quando no ano passado nós aprovamos 5% de remanejamento para o Poder Executivo, muitas pessoas da situação falavam que a gente queria paralisar o município, atravancar o município, e foi importante que fizemos isso com muita responsabilidade e até hoje o governo não pode falar de nenhuma obra, nenhum programa, nada que o governo quis fazer e foi atravancado por conta dos 5%. O objetivo era que a Câmara pudesse participar mais, pudesse realmente saber o que como que o Governo estava trabalhando. Então, a Câmara fez o seu papel.

Sobre Alan voltar à base — Em relação ao Alan e o Kaká (vice-presidente da Câmara) que se alinharam ao governo, uma opção deles a 2024, porque isso estava muito aberto. Eu só acho que em dois anos nós conseguimos avançar muito na Câmara. Deixamos quase pronto o prédio da Câmara, saí e deixei R$ 1,7 milhão para terminar, a gente criou a escola legislativa (...), a lei orçamentária é muito mais planejada agora, aumentamos o número de vereadores. Uma Câmara que vai arrecadar R$ 22 milhões, com a possibilidade de 13 vereadores, por que não aumentar? Nós decidimos aumentar, porque colocamos as emendas impositivas. Hoje cada vereador vai ter em média R$ 2,8 milhões para indicar em obras na sua localidade, parceria com instituições de saúde ou que façam algum trabalho social. O vereador indica e o Executivo tem que fazer, porque é uma emenda impositiva. Então você imagine (...) 13 vereadores, isso vai representar mais investimento na sua localidade e (...) é uma forma de você representar todos os distritos com o maior número de vereadores, e não vai fazer diferença (aumento de custo) porque esse dinheiro, por lei, o município tem que colocar na Câmara (...) Independente do posicionamento deles (Alan e Kaká) para 2024 o que eu espero da Câmara de Vereadores, num conjunto ali, é que a gente não abra mão de nenhuma ação que fizemos que é importante para população. A posição de se declarar apoio a A ou a B na eleição é uma questão, mas conquistas que tivemos na Câmara, porque isso vai influenciar diretamente ao longo dos anos para a população. Não podemos abrir mão de uma vírgula, a gente precisa sim fiscalizar, mas podemos de alguma forma tentar travar o município. Então, eu acredito que o Alan está tendo essa postura da gente está avançando, mantendo as conquistas que tivemos. A questão de posicionamento em relação a 2024 é uma questão pessoal.

Ruptura com Carla Machado — 2021 foi um ano difícil para Câmara de vereadores (...) Conforme a palavra da própria ex-prefeita, a partir de 2021, “vamos entrar com tudo, já vamos começar o primeiro mês trabalhando, temos dinheiro em caixa, temos emendas”. Aí passou-se o ano de todo e nada aconteceu no município. Uma relação sem diálogo do Executivo com o Legislativo e mais um ano sem nenhuma obra, e aí piorou, porque sem iluminação, 5º Distrito faltando água potável, os vereadores, achincalhado ali, ao ponto do próprio líder do governo, o Chico falar: eu tenho vergonha de andar no 5º Distrito, eu tenho vergonha de andar no Açu (...) A Carla Machado é muito centralizadora e todos os secretários eram totalmente dependentes da palavra dela, do aval dela, que até certo ponto isso é sadio, mas isso atravancou o município. Eram muitos secretários competentes, mas que não poderiam fazer uma movimentação pequena sem o aval, e com a ausência dela, de não falar, de não atender secretários, ficavam três, quatro meses sem falar com ela. E aí com os acontecimentos em 2019, vem também a pandemia e as coisas se complicaram mais ainda e o município ficou realmente atravancado. Eu sempre falo, o que podemos fazer hoje, temos que fazer hoje. Essa ideia de que para o governo tem que fazer no último ano antes da eleição, essa é uma ideia que tem que ser erradicada, porque a ideia (Carla Machado) era realmente que 2019 e 2020 fossem um canteiro de obras em SJB visando a eleição municipal. E aí acontecem algumas fatalidades e a pandemia também, e isso acabou ficando só no discurso. Foram quatro anos, falo que, perdidos em SJB em relação ao desenvolvimento e essa ausência e falta de comunicação. O governo falando o tempo todo que estava ruim que não tinha recursos e a ex-prefeita sai e deixa R$ 270 milhões em caixa e com o povo passando sede no 5º Distrito (...) Foi um momento muito complicado, as pessoas vão entender o porquê a Câmara se posicionou, se manifestou, tomou essa atitude, porque a pior coisa é você ver uma coisa errada e ficar amordaçado, com o rabo preso, então a gente não tinha rabo preso, então a gente se posicionou, eu acho que isso foi muito importante, não só para a população, mas foi importante para os vereadores e foi importante para o Executivo que estava adormecido e despertou.

Reflexos — Acho que foi muito sadio, independente do resultado de 2024, independente da minha trajetória, acho que isso ficou muito sadio paro município. Se a população começa a ver hoje a ação do governo municipal nas ruas foi porque teve esse movimento. Não só o movimento político, mas das emendas impositivas, porque hoje mais de 90% das obras que a população está vendo acontecer de ruas, reforma de unidade de saúde, aquisição de veículos, todas essas obras são emendas impositivas.

Prefeita coloca mais recursos nas emendas também da oposição — Ela (Caputi) faz questão de falar está complementando (as emendas impositivas) como se fosse isso para a gente. Ah porque isso tira um pouco o mérito das emendas, mas para mim não faz diferença. Se está complementando, é porque não se posicionou, não falou que o dinheiro não dava no momento (da indicação da emenda), que tinha que se posicionar e se quis ampliar o projeto, melhor ainda (...) Eu acho que independente, se a prefeita está complementando os vereadores, eu acho que é importante acontecer.

Relação com Caputi — Relação tranquila, ela é muito gentil, muito educada. Procura sempre atender as questões que são demandadas. Eu sempre falo: ela está realmente em campanha 2024. Carla (Machado) se reuniu e falou “já estamos na de 2022 e já começamos a campanha 2024”, e de fato é isso que você vê realmente na rede social, nas questões de governo, está realmente em campanha. Mas independente disso, é uma pessoa que tem muito dinheiro em caixa hoje e precisa trabalhar para população, precisa recuperar o tempo perdido. Precisa ser conhecida também, porque é uma pessoa que veio de secretarias, mas não foi vereadora, não estava assim diretamente como referência (...) São outras questões que estamos preocupados. Esse governo, como ficou muito tempo adormecido (...) Como as pessoas não tinham nada, o que vier hoje é bem-vindo. Mas a gente sente falta de obras estruturantes. Quando você recebe um empresário querendo investir no nosso município e pergunta onde tem uma área que seja estruturada, que tenha energia de boa qualidade, bom sinal de telefonia, saneamento, coleta de esgoto, água potável em abundância para se instalar, nós não temos hoje, não tem uma área com um incentivo fiscal como tem dentro do Porto do Açu. (...) O porto vai virar uma bolha, atraindo os investimentos só para dentro e a cidade vai ter uma arrecadação milionária, mas o povo pobre.

Programas sociais x empregabilidade — O município vem trabalhando muito essa questão dos benefícios. Um dos dados que a gente até questiona (...) é de que 47% da população é inscrita no CadÚnico como extrema pobreza (17 mil entre os 36 mil habitantes). Eu não acredito que tenha isso não, pode ser erro lá do sistema. Pode ser algumas questões, mas por outro lado eu já acredito que possa ser verdade, quando o município tem 5 mil cartões de alimentação para população de R$ 600 e ainda dá todo mês 16 mil cestas básicas, alguma coisa está errada (...) Para resolver a questão da empregabilidade do município, acho que passa diretamente pela expansão dos incentivos fiscais estar também fora do porto. Tem que ser revisto e a nossa proposta vai ser que o município todo possa ser contemplado incentivo. Lógico, com um estudo de impacto financeiro no orçamento, saber como fazer, mas tem que se mexer, não é possível penalizar a nossa população.

Alianças para a eleição — (Estivemos) em Macaé, no encontro regional do PSDB (...) A gente tem buscado essas parcerias e o PSDB, que é um partido que já teve candidato a prefeito em SJB, já teve vereadores, é um partido que acreditou no nosso projeto e vai caminhar junto para 2024. Também reuni com o vice-presidente do Avante, o Eduardo Magalhães, e o partido vai estar com a gente também em 2024. Vamos ter o PL também que é o partido que eu estou.


Conta com apoio de Rodrigo Bacellar a 2024? — Com certeza. Desde, lá de trás a gente vem pavimentando esse caminho, conversando sobre as possibilidades. Eu preciso de alguma forma estar fazendo esse trabalho, de estar tornando esse projeto mais sólido, um projeto totalmente viável e isso passa também muito pelo apoio de Rodrigo lá junto ao governador. Fizemos o nosso dever de casa, apoiamos o governador, o Rodrigo e continuamos mantendo um bom diálogo em relação a isso.

Entre o PL e o União — Em relação ao União que ele (Rodrigo) está fortalecendo, a gente ainda não conversou sobre isso. Estou aguardando aí nos próximos dias para gente conversar e, com certeza, vamos chegar em um denominador. Vamos ouvir ele com a grande experiência que tem hoje, dos seus projetos no cargo que ocupa. Com certeza a manifestação dele e a opinião dele em relação a isso vai ser muito importante. O PL é um partido que eu gostei muito de estar e pretendo continuar, e se ele me convidar, para o União, com certeza vamos conversar e vamos ver de que maneira (...) As coisas estão acontecendo e tudo tem o momento certo para acontecer. Eu tenho feito a minha parte, tenho buscado, tenho ido... A gente não está aqui: eu vou encostar ali em Rodrigo e vou esperar ele me dar a eleição, não é isso que a gente combinou, eu tenho que andar, eu tenho que buscar alguns caminhos, mas tenho certeza que o apoio dele vai ser fundamental na estruturação dessa campanha e tornar cada vez mais o projeto viável.

Oposição unida com os Dauaires — Nós temos alguns elos em comum, nós temos o vereador Franquis Arêas. Vereador atuante do 5º Distrito, quatro mandatos consecutivos que é diretamente ligado a família da Dauaire e ele está no nosso projeto. Eu acho que Franquis é o grande elo dessa corrente, porque pensa como a gente, pensa nas políticas de desenvolvimento do município e o Bruno Dauaire (deputado licencian-do e secretário estadual de Habitação), está em uma carreira como secretário, com projetos estruturantes gigantescos em todo o estado do Rio, desde a favela até outras áreas (...) Então, ele está nessa caminhada que politicamente vai ser muito importante para ele como um deputado eleito, como secretário de Habitação, que vai realmente dar um bum na habitação do estado, e eu acho que o município ele tem como ajudar muito, mas não precisa ser diretamente o candidato, até porque está seguindo uma carreira política a nível estadual. A gente está aqui no município, estamos perto, estamos na ponta conversando com a população. Tenho certeza que Bruno como deputado, assim como outros deputados da região, podem ajudar muito a nossa cidade e também nesse projeto (...) A conversa (com Bruno) não é só para falar de eleição, mas sim como essa pasta (Habitação) tão importante pode ajudar o município. Até porque, muitas questões desde Bruno quanto era secretário de Assistência social, foram vetadas pelo município e a secretaria não conseguiu entrar no município por falta de apoio da Prefeitura.

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