Hevertton Luna
28/04/2025 19:27 - Atualizado em 30/04/2025 16:07
Hevertton Luna
Após o acidente na plataforma PCH-1 (Cherne 1) com 32 feridos - cinco trabalhadores ainda hospitalizados -, nesta quinta-feira (1°), Dia do Trabalhador, haverá uma assembleia, no Farol de São Thomé, convocada pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF). A intenção é ouvir dos trabalhos sobre as condições de trabalho nas unidades da Bacia de Campos. Na segunda-feira (28), o coordenador geral do sindicato, Sérgio Borges, e a assistente social Danielle Araújo, relataram detalhes da explosão, que ocorreu no último dia 21. Eles ainda falaram dos desdobramentos após o acidente. A Petrobras, por sua vez, nega falta de transparência nas informações.
Segundo relatos colhidos pelo sindicato, profissionais que estavam a bordo contaram que, por volta das 7h20 daquela manhã, houve um grande vazamento de gás, mas o alarme não foi acionado. Dois trabalhadores foram verificar a situação, momento em que ocorreu a explosão. As chamas foram tão intensas que chegaram a atingir o helideck, a parte superior da plataforma.
Incêndio plataforma
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Reprodução
“A Petrobras, de certa forma, reteve tantas informações que nem sua própria equipe sabia de tudo. Alguns setores sabiam de uma parte, outros de outra. Constatou-se um problema grave de comunicação”, afirmou Borges.
Danielle Araújo acrescentou: “De forma geral, sempre enfrentamos dificuldades de acesso à informação. Muitas vezes, as empresas omitem dados e impedem que a gente fale com os trabalhadores”.
A assistente social também alertou sobre os impactos psicológicos do acidente. “Muitos trabalhadores relatam insônia, ansiedade e reações traumáticas a barulhos, características típicas do estresse pós-traumático diante de um acidente dessa proporção”, disse.
Ao todo, a explosão deixou 32 feridos. Cinco ainda permanecem internados no Hospital da Unimed, em Macaé, com previsão de alta para três deles ainda nesta semana.
A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) foi outro ponto abordado. Segundo o sindicato, a Petrobras se recusa a abrir o procedimento para trabalhadores que não sofreram ferimentos físicos, mas o Sindipetro NF defende que a CAT deve ser emitida para todos os que estavam a bordo no momento do acidente. Uma comissão foi instaurada para investigar as causas da explosão, com participação de representantes da empresa e do sindicato. O primeiro embarque oficial para coleta de informações está previsto para esta quarta-feira (30), com presença de membros do Sindipetro NF.
O sindicato também está formalizando denúncias que serão encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho, à Agência Nacional do Petróleo (ANP) e à Superintendência Regional de Trabalho e Emprego, órgãos responsáveis pela fiscalização de acidentes de trabalho.
“É inadmissível que esse tipo de acidente ainda ocorra na indústria do petróleo brasileira. O Sindipetro NF vai lutar incansavelmente por plataformas cada vez mais seguras”, disse o diretor do Sindipetro.
Em nota oficial, a Petrobrás informou que mantém contato frequente com o sindicato. "Inclusive a comunicação oficial sobre o acidente foi feita rapidamente, após a ocorrência. Foi solicitado representante do sindicato para compor a Comissão de Análise e Aprendizagem do Acidente e o representante está acompanhando a apuração, mantendo a máxima transparência no processo." respondeu a petroleira brasileira.