Júlia Alves
22/04/2025 11:02 - Atualizado em 22/04/2025 18:19
Incêndio plataforma
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Reprodução
Um incêndio seguido de uma explosão na plataforma PCH-1 (Cherne 1), na Bacia de Campos, na manhã dessa segunda-feira (21), deixou 32 pessoas feridas, sendo 14 por queimaduras e 18 por inalação de fumaça. Um deles chegou a cair no mar durante o acidente e foi resgatado com queimaduras. De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), que atualizou o número das pessoas afetadas, os trabalhadores feridos foram desembarcados para receber atendimento médico nos hospitais de Campos e Macaé. As circunstâncias do acidente ainda serão apuradas, segundo a Petrobras. Além disso, a empresa segue nesta terça-feira (22) com o desembarque dos trabalhadores da unidade, permanecendo a bordo apenas os petroleiros essenciais às operações de habitabilidade, segurança e alimentação, conforme informado pelo sindicato.
O Sindipetro NF informou que 59 trabalhadores desembarcaram e 32 foram identificados como vítimas diretas da explosão, sendo 14 por queimaduras e 18 por inalação de fumaça. O trabalhador, que havia caído no mar, foi socorrido com queimaduras e encaminhado com as demais vítimas para desembarcar e dar entrada em hospitais de Campos e Macaé para receberem atendimento médico.
Na manhã desta terça-feira, o Sindipetro NF atualizou o estado dos trabalhadores. "As informações são de que não há mais petroleiros internados em Campos dos Goytacazes. Em Macaé, no entanto, 10 permanecem internados, todos no hospital, quatro deles na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Apesar da gravidade das queimaduras, em alguns casos muito severas, os trabalhadores permanecem estáveis e conscientes, conversando com familiares e a equipe médica", informa. De acordo com o sindicato, um desses trabalhadores está em estado grave.
O sindicato explicou ainda que a Petrobras está seguindo, nesta terça-feira (22), com o desembarque da unidade, onde o “objetivo é que permaneçam a bordo apenas os petroleiros essenciais às operações de habitabilidade, segurança e alimentação. O POB (People on board, número de trabalhadores que atuam na plataforma) de PCH-1 é de 176 trabalhadores. A estimativa é a de que menos de 100 continuem na unidade”, esclareceu a entidade.
O Sindipetro NF informou também que as causas do acidente na plataforma serão apuradas e um representante do sindicato participará da comissão de investigação. A ação de combate às chamas na plataforma durou quatro horas e o sindicato compartilhou os primeiros relatos que receberam com informações de trabalhadores que vivenciaram o acidente.
“As informações, obtidas de trabalhadores que não serão identificados pelo sindicato, apontam que o acidente ocorreu em um dos decks de produção localizado abaixo do casario (onde ficam os camarotes e locais de alimentação dos trabalhadores). Um dos petroleiros que estava no local havia saído pouco antes para subir ao camarote e ouviu uma explosão forte, em torno das 7h20. Ele percebeu que o piso estava esquentando e o alarme começou a soar. Ao sair do camarote, viu que um dos lados do corredor estava tomado por fumaça e seguiu em rumo oposto. No entanto, encontrou em sentido contrário outros petroleiros que afirmaram que o fogo estava justamente para onde ele estava indo. Eles conseguiram atravessar a fumaça e chegar ao ponto de encontro, onde permaneceram até o desembarque. Enquanto isso, a brigada de emergência combatia as chamas, em trabalho exaustivo que durou quatro horas até que o incêndio fosse completamente debelado, às 11h25. Um outro trabalhador relatou que, durante a fuga, encontrou uma rota destinada a saída em casos de emergência que estava interditada, e teve que passar por outra rota, em meio às chamas", compartilha o Sindipetro NF.
O sindicato informou ainda que “a plataforma tem capacidade de produção de óleo e gás, mas há alguns anos a unidade vem operando apenas para escoar o gás produzido em plataformas do entorno”, serviço esse que foi paralisado após o acidente, de acordo com a entidade.
O Sindipetro NF disse ainda que a plataforma teve toda a comunicação interrompida devido a danificação de um cabo que também atende a outras unidades do entorno e "que também estão como comunicação precária".
Em nota, a Petrobras informou que, em relação ao incêndio corrido na plataforma PCH-1 (Cherne 1), 8 trabalhadores permanecem internados com quadro de saúde estável, sem gravidade. Os demais já tiveram alta. Segundo a estatal, o sistema de detecção de fogo e gás funcionou adequadamente com o acionamento das válvulas de bloqueio do gás em menos de um minuto. "O sistema de dilúvio funcionou e a brigada de incêndio foi acionada, debelando os focos de incêndio localizados. Esta unidade não faz escoamento de gás. O gás que chega em PCH1 é apenas para geração de energia elétrica que, no momento, está sendo suprida por motogeradores a diesel, garantindo a segurança e a habitabilidade da unidade", disse a Petrobras;
Ainda segundo a Petrobras, a PCH-1, localizada na Bacia de Campos, a cerca de 130 km da costa de Macaé, no Rio de Janeiro, não produz petróleo desde 2020. A unidade contava com 177 pessoas a bordo que atuavam na manutenção da integridade das instalações e habitabilidade. A Petrobras instaurou uma comissão para apurar as causas do incidente.
FUP cobra política nacional para garantir segurança após incêndio em plataforma da Petrobras “O que aconteceu em Cherne 1 poderia ter sido evitado. São vidas colocadas em risco por negligência e falta de planejamento. Não podemos permitir que a falta de investimento em manutenção e segurança faça com que as unidades sejam espaços de vulnerabilidade para os trabalhadores”. A afirmação é de Sérgio Borges, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), em relação ao incêndio
A FUP emitiu, nesta terça-feira (22), um alerta para a urgência de uma política que assegure investimentos contínuos em manutenção, segurança e infraestrutura nas plataformas. Além de reduzir riscos, um programa que assegure a integridade das instalações pode também movimentar a indústria nacional, fortalecendo cadeias produtivas relacionadas à manutenção, segurança industrial e reaproveitamento de materiais, gerando empregos e desenvolvimento sustentável.
“A Federação exige da Petrobrás medidas imediatas para garantir a integridade dos trabalhadores, a apuração rigorosa do ocorrido e a implementação urgente de políticas que priorizem a vida, a segurança e a responsabilidade com o patrimônio público e ambiental”, disse um comunicado divulgado pela entidade.