O crescente número de imóveis abandonados gera preocupação aos moradores do Centro de Campos. A problemática atinge diversas áreas, como a saúde pública que, devido a vegetação alta, atrai animais como ratos, baratas e mosquitos Aedes aegypti, transmissores de doenças como leptospirose, dengue, chikungunya, zika e além de alguns imóveis servirem de depósito de abandono de animais. E o problema atinge, também, a segurança pública, o que causa medo nas pessoas. Um outro desconforto é a situação de abandono do prédio do Museu Olavo Cardoso, localizado na Avenida Sete de Setembro. Vale ressaltar que um incêndio foi registrado na madrugada do último domingo (23) em um imóvel em situação de abandono localizado na rua Rocha Leão, também no centro da planície goitacá. De acordo com o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas e a equipe foi acionada às 2h da manhã. Segundo informações, um sofá estava em chamas dentro de um dos cômodos da residência e um cachorro morreu. A causa do incêndio não foi informada. Dados da prefeitura da cidade mostraram um decréscimo entre este ano de 2025 até o momento, comaparado com todo o ano de 2024.

A equipe da Folha percorreu a Rua Doutor Lacerda Sobrinho, encontrando um imóvel que foi há alguns anos atrás uma veterinária. O aspecto é de abandono, o mato alto ao redor do terreno e a estrutura deteriorada. Uma parte da grade foi serrada, para que segundo moradores, pessoas consigam atravessar filhotes de cachorros e gatos para dentro do terreno, gerando o abandono. Uma quantidade de alimentos para esses animais foi flagrada no local, o que ainda de acordo com os denunciantes, é para alimentá-los. Dona Maria de Fátima Correa, moradora do Centro de Campos há mais de 10 anos, de 51 anos, vendedora em geral, apontou algumas questões que sofrem os moradores.

"O abandono de imóveis é uma situação recorrente aqui na minha área do centro. Os invasores utilizam essas casas de esconderijo para armas, usam e guardam drogas. Alguns fazem até de moradia. Um atual problema quanto as casas abandonadas é o abandono de animais, mato alto e até proliferação do mosquito da dengue pela água parada, pela falta de manutenção. As pessoas estão pegando os animais, estão botando nesses terrenos. Eles pegam, botam não apenas nesse, e os deixam, sem água, sem ração, sem nada, gatos e cahorros são vítimas de crueladade, maus-tratos mesmo. Eu sou uma das pessoas que coloco ração para os cães e gatos descartados como lixo nesse local. Com compaixão por essas vidas inocentes, outras pessoas ajudam os animais na região central. O pessoal às vezes, abandona a casa, não aluga, não vende, deixando um enorme problema para a sociedade. Na pracinha aqui perto, uma pessoa foi encontrada morta em um terreno de uma casa abandonada. Tem muita briga, é muita coisa errada", revoltada, disparou Dona Maria.

Maus-tratos contra animais são considerados crimes, com previsão de pena de até cinco anos de prisão de acordo com a Lei 9.605/98, agravada pela Lei Sansão (14.064/20) para casos de violência contra cães e gatos.

Já para o morador César Carneiro, que passa pelo Museu Olavo Cardoso quase todos os dias, é um descontentamento ver o patrimônio se acabando, o que poderia estar sendo melhor utilizado para educação e cultura da cidade. 

" Visivelmente o prédio está em situação de abandono. O telhado avariado, matagal e uma estrutura que se acaba com o tempo. Falo que a situação de abandono não é recente. Posso reforçar e alertar que quem passa pela calçada do patrimônio público tem que ficar atento, pois a parede está soltando reboco, pode atingir alguém e até mesmo machucar. é grande o risco de um incidente, portanto cuidado pedestre. Não é apenas o prédio que segue se esvaindo, mas a cultura e a educação da cidade. O local poderia ser melhor aproveitado para trazer conhecimento para população, fomentando o passado e vislumbrando o futuro", enfatizou César. 

Em nota, a Prefeitura de Campos apontou os dados dos imóveis abandonados neste ano e em 2024. Em 2025, foram 208 casas notificadas e 558 terrenos notificados, totalizando 766 imóveis. Já no ano passado, foram 943 casas notificadas e 2.988 terrenos abandonados, totalizando 3.931 imóveis. (R.K.)