Caso Letycia: Pai de Diogo Viola de Nadai será ouvido pela Comarca do ES
17/04/2023 16:00 - Atualizado em 17/04/2023 16:20
Diogo mantinha relacionamento com Letycia desde 2015
Diogo mantinha relacionamento com Letycia desde 2015
Por determinação do juiz titular da 1ª Vara Criminal de Campos, Adones Henrique Silva Ambrosio Vieira, o pai de Diogo Viola de Nadai será ouvido por carta precatória, pela Comarca de Vitória, no Espírito Santo, onde reside. Diogo é suspeito de mandar matar a gestante Letycia Peixoto Fonseca, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal. A audiência de instrução e julgamento do homicídio, em Campos, está marcada para o dia 18 de maio.
“Tendo em vista o endereço informado pelo Ministério Público (...), expeça-se carta precatória para a Comarca de Vitória-ES, rogando auxílio para a oitiva da testemunha (...). Instrua-se com os documentos de praxe já constantes dos autos. Após a apresentação de defesa prévia pelos acusados, remetam-se cópias ao juízo deprecado”.
Ainda dentro do processo, após serem citados, Fabiano Conceição Silva, apontado como executor do crime, e Dayson dos Santos Nascimento, acusado de conduzir a moto usada no homicídio, manifestaram o desejo de serem assistidos pela Defensoria Pública, que foi intimada para que apresente a defesa prévia dos réus.
Investigações
A pressão da vida dupla mantida há oito anos por Diogo Viola de Nadai, 39 anos, com a esposa e com Letycia, 31 anos, é considerada pela 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Campos como possível motivação do assassinato da gestante e do seu filho, Hugo, no dia 2 de março (2), no Parque Aurora, encomendado por R$ 5 mil.
De acordo com o promotor Fabiano Rangel, Diogo era uma pessoa casada no civil e na igreja e extremamente moralista, e não pensava em se separar, mesmo após se envolver com Letycia. “Ele conheceu a Letycia e começou a ter uma vida dupla, que era ocultada da esposa, da própria Letycia, dos familiares de ambas e dos seus próprios familiares. Os pais do Diogo não chegaram a conhecer a Letycia, nem a saber da gravidez, que agravou ainda mais a situação dele. E com a gestação já no final, o Diogo decidiu que matar a Letycia seria a única saída para o problema dele. E foi isso que aconteceu. Se a Letycia tivesse o filho, ele teria que revelar tudo aos seus pais e à esposa, o que levaria à separação e à partilha patrimonial”, explicou Fabiano.
O juiz acatou a denúncia contra Fabiano; Dayson; Gabriel Machado Leite, apontado como interlocutor; e Diogo, companheiro de Letycia e pai do filho dela, suspeito de ser o mandante do assassinato. Eles responderão por homicídio triplamente qualificado contra a Letycia e o Hugo e, ainda, por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra a mãe da gestante, Cintia Pessanha Peixoto. O proprietário da motocicleta usada no homicídio foi colocado em liberdade, já que não há provas que o liguem ao crime.
A pedido do MP, Gabriel teve a prisão preventiva convertida em domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, principalmente, pelo fato de possuir três filhos menores com graves problemas de saúde e, ainda, por ter confessado sua participação e revelado importantes detalhes sobre a dinâmica do crime, que contribuíram com as investigações.
Os outros três denunciados tiveram as prisões temporárias convertidas em preventivas, para garantir o andamento do processo e evitar risco à vítima Cintia e também às testemunhas, incluindo a esposa de Diogo, que afirma ter medo do acusado e que foi constrangida por ele a mentir no primeiro depoimento, para que não corresse risco de vida. Segundo a denúncia, Diogo tentou obstruir as investigações, manipulando testemunhas e destruindo provas, pois não havia entregue à polícia seu segundo celular, chegando a realizar pesquisas de como resetar um Iphone e apagar o Icloud.
O MP afirma também que há risco de fuga de Diogo, que possui negócios escusos e diversas fontes de renda, pois, além de servidor público, é empresário e possui casa de pôker, utilizando-se de dinheiro vivo por se tratar de jogo de azar, além de ser oriundo de outro estado e possuir parentes no exterior. De acordo com o promotor Fabiano, as investigações vão prosseguir, para analisar outros crimes, sem prejuízo da descoberta de outros partícipes.
O crime
Letycia, grávida de sete meses, estava no carro da empresa em que trabalhava conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto, que pararam ao lado do automóvel. O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, correu em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna. Na hora do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, que tem Síndrome de Down, em casa.
Mãe e filha foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o Hospital Ferreira Machado, onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Os corpos de Letycia e do filho foram sepultados no dia 3, no cemitério Campo da Paz, onde Diogo chegou a carregar o caixão do bebê.

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