Pescador de Atafona diz: Tive a segunda oportunidade pra encarar a vida
Dora Paula Paes 27/12/2022 16:48 - Atualizado em 28/12/2022 18:08
Pescador reencontra a família
Pescador reencontra a família / Marcos Pirralho
Já em casa, nos braços dos familiares e amigos, Deivid Soares, conhecido como “Leandro”, terá mais do que simples histórias de pescador para contar. Ele já tem contado e sempre vai se lembrar de como venceu o mar e ganhou uma nova vida. “Com certeza, eu tive a segunda oportunidade pra encarar a vida com outros olhos e ser um homem melhor”, diz Leandro. Após ter desaparecido, o pescador foi encontrado na segunda-feira (26), em uma boia de sinalização do Porto do Açu, em São João da Barra. Seu barco batizado de “Protegido por Deus” foi localizado antes, a cerca de 8 quilômetros de onde o homem estava.

Leandro foi recebido por familiares na sua casa, em Atafona, com comemoração. Aos parentes e amigos, ele contou que caiu do barco na noite de domingo (25) e nadou durante toda a madrugada, até chegar à sinalização do porto. O pescador relatou, ainda, que se livrou da roupa e ficou só de cueca para facilitar o nado, o que agravou a sua exposição ao sol. “No final, meu medo era morrer de frio”, disse ele, ressaltando que só pedia a Deus uma oportunidade para ver os filhos Haoni e Hullian crescerem.

Sobre os momentos de aflição, Leandro contou que, na noite de domingo, trabalhava sozinho na praia de Atafona quando caiu da embarcação e não conseguiu voltar.

— Para mim, os primeiros 10 minutos foram os mais difíceis, porque eu queria a todo custo chegar à embarcação. Mas, é um peso d’água descomunal mesmo, não tinha como nadar contra — afirma o pescador.

— Tinha ondulação, vento... Resolvi deixar as águas me levarem pra gastar menos força e “andar” mais rápido. E eu levei umas quatro horas nadando pra chegar no Porto do Açu” — ressalta.

Da boia, em momentos de angústia, segundo Leandro, viu quando os barcos dos amigos chegaram próximo do seu. “Logo pensei, eles vão achar que estou morto. Naquele momento, era mesmo como se eu estivesse morto vendo tudo”, conta.

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