Não houve muitas festividades, com exceção de um "parabéns" e de uma mesa erguida pelo líder da bancada governista na Câmara dos Vereadores de Campos, Álvaro Oliveira, seus apoiadores e por alguns donos de bancas e estabelecimentos. Na mesa, ao invés de doces, as suculentas frutas, hortaliças e legumes — produtos comercializados no local querido para muitos — se destacavam na decoração.
O vereador aproveitou para falar sobre o trabalho feito pela atual gestão, com relação ao Mercado Municipal, que passou por reformas em determinadas estruturas (como a entrada e os banheiros):
— Desde que assumimos esse novo mandato, estamos dando uma atenção especial ao Mercado e as pessoas que aqui trabalham. Proporcionamos uma estrutura nova, banheiros novos, lutas que levamos ao prefeito Wladimir Garotinho para que as pessoas que aqui estão comemorando tenham prazer em vir ao local de onde tiraram o ganha-pão dos seus filhos, das suas vidas. Queremos que estar nessa estrutura centenária seja mais que um trabalho para eles, queremos que seja uma satisfação para essas pessoas — disse Álvaro.
Sabendo que políticos vem e vão, e que a verdadeira história deve ser contada pelas pessoas que trabalham diariamente no Mercado Municipal, a equipe da Folha da Manhã tratou de adentrar a galeria. Logo de cara um point. Com carnes, vários petiscos e bebidas de toda sorte, estava o Bar do Robinho.
— A nossa clientela vai do ajudante de pedreiro ao promotor — brincou, antes de elogiar as obras de infraestrutura promovidas pela atual gestão — Estão havendo boas modificações da prefeitura, como a reforma da entrada e dos banheiros... coisas que, devagarzinho, vão melhorando a experiência de fazer e proporcionar os outros a fazer parte da história desses 101 anos do nosso Mercado Municipal.
Seguindo adiante, a equipe se deparou com a Pastelaria da Dona Odete: um estabelecimento que já é considerado uma instituição a parte do Mercado Municipal e que certamente atrai pessoas de fora de Campos para degustar o famoso pastel com caldo de cana.
Entre uma mordida e outra, foi possível conversar com a atual gerente do estabelecimento, Nereide Rosa, carinhosamente chamada por todos os companheiros de trabalho e clientes assíduos de “Nega”. Informalmente, ela confessou que foi difícil passar pela pandemia, mas que os negócios estão de volta ao eixo. Além disso, foi mais uma que elogiou o trabalho da atual gestão municipal, responsável por fazer o local ficar “mais limpo e organizado”.
— A pastelaria aqui é a mais tradicional. A fundadora, dona Odete, já tem mais de 30 anos de falecida e quem toca o negócio, hoje, é o filho dela. Eu trabalho aqui há seis anos, além de distribuir a alegria com o nosso tradicional pastel e caldo de cana, tento manter o ambiente alegre... eu sou uma palhacinha que adora o contato com as pessoas. E esperamos seguir com essa tradição por outros 101 anos — falou Nereide.
— Vi isso daqui com lama, sol, sem nenhuma tapagem e tendo a companhia dos urubus que ficavam aos nossos pés... Mas de um tempo para cá estamos sendo privilegiados com uma melhor condição de trabalho e muitos não veem isso. Antes todos os dias tínhamos que pagar um imposto para estar aqui e hoje já não tem mais isso, há quase 10 anos — contou.
Ananias ainda se recordou o trabalho que tinha para encerar as mesas de madeira, pontualmente às 13h, todos os dias, antes da construção fixa que hoje tem em sua banca. Para ele, “trabalhar aqui (no Mercado Municipal) e fazer parte de mais da metade dessa história é uma honra” e “poder conhecer gente nova todos os dias, ver meus filhos continuando o trabalho, é uma coisa muito boa”.
Agora, na visão do comerciante veterano, nem tudo são flores e a construção de um estacionamento para os clientes do Mercado Municipal é de vital importância: “As pessoas que vem para fazer compras precisam de um lugar para estacionar, porque se elas param um pouquinho na rua para comprar, por exemplo, uma dúzia de ovos por R$8, acaba saindo com uma multa de R$80. E esse freguês não volta mais aqui.”
De volta as galerias, a estrutura moderna do Açaí do Colibri, em frente ao local onde será inaugurado o novo camelódromo, chamou a atenção. Devido ao calor e a andança, um docinho gelado para forrar o estômago foi bem-vindo a equipe.
André Aguiar, fisioterapeuta e proprietário da banca, estava no local — junto a sua equipe — e não negou uma conversa. Ele falou que a loja foi reinaugurada nesta segunda-feira (12), após oito anos fechada, mas que já atua no local há 12 anos.
— Então decidi reabrir e aproveitar o ensejo para reformar a loja, com a ajuda da minha gerente, Teresa, que participa de cada detalhe. Vamos colocar essa bola para frente para mudar essa visão de que o Mercado Municipal é um lugar abandonado, temos que mostrar que, pelo contrário, o lugar está recebendo obras e, com atenção dos gestores, tomando um rumo — disse André.
Ele foi mais um que elogiou, mas cobrou o estacionamento... “Uma coisa que está no boca-boca dos proprietários de bancas e donos de estabelecimentos faz tempo”.
Sobre o contraste da modernidade com o tradicional, ele ainda explicou que já frequenta e trabalha no mercado há 24 anos, devido ao fato de seu pai possuir algumas bancas. Metido no meio, decidiu montar sua própria estrutura e mantém altas as expectativas de “fazer o negócio bombar”. Para isso aposta em uma coisa diferente, “mais moderna e bem bacana para atrair as pessoas que passam por aqui”.
Por fim, ele ainda contou da felicidade de ajudar a dar continuidade a história centenária do mercado:
— Estamos felizes aqui: trabalhar é a melhor forma de comemorar os 101 anos do Mercado Municipal. Eu, pessoalmente, estava em um plantão no Espírito Santo, onde sou servidor, e saí de lá rápido só para participar dessa festa linda — concluiu.