Educação sob novas diretrizes
Mário Sérgio Junior 30/07/2022 09:00 - Atualizado em 30/07/2022 09:07
  • Novos projetos na rede municipal (Foto: Rodrigo Silveira)

    Novos projetos na rede municipal (Foto: Rodrigo Silveira)

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    Novos projetos na rede municipal (Foto: Rodrigo Silveira)

Após o primeiro semestre de retomada de aulas 100% presenciais, os desafios para a readaptação ao ambiente escolar — devido ao impacto da pandemia de Covid-19, atualmente sob controle — ainda são trabalhados com cautela na rede municipal de ensino em Campos. Nesta semana, os alunos dos anos finais retornaram às atividades em sala após o recesso de julho. Já nesta segunda-feira (1º) será a vez das creches, cujo retorno foi adiado devido ao crescimento de casos de síndrome gripal em crianças. O secretário de Educação, Ciência e Tecnologia do município, Marcelo Feres, apontou dois fatores que representam desafios a serem superados visando o desenvolvimento do ensino, além da pandemia.
— Após 18 meses enfrentando diariamente os desafios da Educação Municipal de Campos e me aprofundando em suas especificidades, contando com a ajuda valorosa dos profissionais, afirmo que, ao menos, dois fatores estruturais representam desafios a serem superados visando ao desenvolvimento do ensino: primeiro a carência dos estudantes e profissionais e dos processos educacionais e administrativos; e, segundo a descontinuidade das políticas públicas de Educação, fruto das mudanças de governos. Há ainda o desafio causado por um fator conjuntural representado pela pandemia de Covid-19, que levou à paralisação do processo de ensino-aprendizagem em 2020, sendo retomado em 2021, mas de forma muito precária e resultando numa imensa regressão na aprendizagem dos cerca de 55 mil estudantes da rede municipal de ensino. Tais fatores explicam, em certa medida, a situação dramática que o ensino municipal de Campos vem atravessando — afirmou Feres ao acrescentar que: “Essa realidade empobrece o debate político sobre o papel da Educação, limitando-o às necessidades básicas de suporte ao processo educacional, como profissionais, infraestrutura escolar e alimentação. Tais necessidades, embora de suma importância, deveriam ser pressupostos para a busca permanente da melhoria qualitativa da educação e preparação das futuras gerações”.
Para promover uma intervenção efetiva na rede municipal de Educação, foi criado o Programa de Aprendizagem Eficiente (PAE) para o período de 2021 a 2024, que é desenvolvido com a participação dos educadores e gestores municipais. Além disso, a secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia tem investido na reforma de escolas, sendo cinco já concluídas e 25 em execução, no abastecimento das unidades com novos mobiliários, na melhoria da merenda escolar, na valorização e capacitação dos professores.
— Todas estas ações contribuem para a materialização dos objetivos e metas do PAE e, entre as metas mais desafiadoras, promover a alfabetização dos estudantes da rede municipal na idade certa, promover o letramento tecnológico dos estudantes a partir do 5º ano de escolaridade e tornar a Educação de Campos bem posicionada no Estado do Rio de Janeiro. Há um outro desafio muito grande no município, que é a inconstância das políticas públicas de Educação, causadas pela alternância de poder na gestão pública. Isso explica em grande medida a situação da qualidade do ensino no município e também contribui para o agravamento da carência da rede municipal, além de tornar a Educação um alvo nas disputas políticas entre situação e oposição, com foco em situações conjunturais, ignorando questões estruturantes, tornando o debate educacional limitado apenas à estrutura e quase nada aos resultados e políticas públicas — disse o secretário.
Marcelo Feres ainda destacou que a secretaria também tem como objetivo resgatar a autoestima do profissional da Educação e o orgulho de fazer parte da rede pública municipal de Campos. “Estamos implantando, na gestão das unidades escolares, o sentimento de pertencimento a uma rede de ensino ampla e heterogênea em termos de infraestrutura, público atendido, perfil dos profissionais e resultados educacionais”, concluiu.
O secretário também destacou que “a integração entre Educação, Ciência e Tecnologia é algo fundamental numa sociedade cada vez mais dependente das transformações científicas e tecnológicas”.
Novos projetos na rede municipal
Novos projetos na rede municipal / Rodrigo Silveira
Novos materiais e instalação de laboratórios
Na área pedagógica, a secretaria de Educação tem investido na aquisição de novos materiais, instalação de laboratórios para serem utilizados em sala para reforçar a aprendizagem, na educação inclusiva, além de outros mecanismos.
A diretora pedagógica da secretaria, Tânia Alberto, ressaltou que o maior avanço dos últimos meses foi o retorno das aulas presenciais. Ela também destacou outros pontos do desenvolvimento pedagógico. “Hoje todos os nossos projetos pedagógicos ou estão vinculados diretamente a superar as deficiências da aprendizagem, no sentido de recuperar a aprendizagem daqueles alunos que já trazem historicamente dificuldades em relação ao seu ano de escolaridade, e também de recompor as aprendizagens não adquiridas ou não consolidadas durante os dois anos de pandemia. A outra linha de projeto pedagógico é voltada para a formação humana integral, porque a gente não pode só olhar o aluno pela ótica de quem precisa aprender conteúdos, habilidades e competências”, disse ao ressaltar o Biblioteca em Casa, os laboratórios de Brincar & Aprender para Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental; de Matemática e de Ciências para os anos iniciais e finais do Ensino Fundamental; os laboratórios de Robótica para os anos iniciais do Ensino Fundamental.
Para o vice-diretor da Escola Municipal Custódio Generoso Vieira, José Geraldo, os projetos desenvolvidos têm apresentado resultados satisfatórios: “Estou na rede há 14 anos e 12 em direção de escola. Vejo com muito bons olhos esse interesse da Educação em melhorar a situação, além da estrutura física. Essa experiência que o secretário tem com a área da tecnologia tem sido muito rica. Percebo que nessa gestão não temos dificuldades em ter acesso aos materiais. A formação dos professores, através de cursos de capacitação, também é muito bom para dar motivação”.
O professor Carlos Magno Ferreira da Silva, da Escola Municipal Frederico Paes Barbosa, também destacou avanços. “Passado esse período mais intenso da pandemia, percebi que a secretaria se preocupou muito em deixar as escolas preparadas para receber os alunos e professores. E hoje vejo, que depois de um semestre, é que as coisas estão voltando a entrar no eixo. E tenho observado um movimento da secretaria em preparar a gente da melhor maneira possível”, disse.
Moradora do Parque Novo Mundo, a professora Vânia Paula de Souza Marques contou que estudou na escola Frederico Paes Barbosa e que seus filhos também estudaram lá. Atualmente, apenas a filha de 9 anos está na unidade. “Tenho só coisas boas a falar da escola. Meu filho estudou lá, se formou e hoje está no IFF. E minha filha de 9 anos que estuda lá atualmente. Sempre tive cuidado em acompanhar esse aprendizado e sempre tive bons resultados com meus filhos”, comentou.
Sindicato cobra valorização para todos
Diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) de Campos, Edson Braga disse que não vê pontos positivos na rede municipal, além do diálogo entre o sindicato e a secretaria.
— Temos uma pauta longa de reivindicações na rede municipal e com as mudanças do novo Fundeb essa pauta aumentou e as prefeituras terão que se adequar. Antes era 10% do PIB agora já está em15% e chegará até 2027 a 23% e com isso não há como nenhum governo dizer que não se tem como arcar com essas demandas, além, é claro, do recurso próprio. A rede municipal avançou quando deu o piso nacional para o professor II, mas quando não descongelou o plano, deixou o professor I sem nenhum aumento. Esperamos que esse descongelamento e correções sejam feitas logo. O Sepe tem dialogado apresentando a pauta e reivindicando em cima dela. Nossa luta é por todos. Desejamos muito que não só professores, mas também todos educadores que estão dentro da escola tenham suas reivindicações atendidas — disse Edson.
O secretário Marcelo Feres explicou que a valorização dos profissionais da Educação é um fator tratado como prioridade. “Estou seguro de que as várias ações feitas até aqui chegam a surpreender a maioria dos educadores que estavam desesperançosos no início de 2021, como seus salários atrasados, sem regência de classe, cortada em 2020. Da mesma forma os professores contratados que tiveram seus contratos interrompidos em 2021 e que retornaram a partir do segundo semestre de 2021”, disse ao acrescentar que, em relação ao piso salarial, “os professores que atuam no Ensino Fundamental Anos Finais (Professor I) não serão esquecidos. Mas, como diversos outros direitos dos servidores deixaram de ser pagos nos últimos anos, a Prefeitura precisou priorizar o pagamento desses direitos. Portanto, ao longo do segundo semestre, também serão tratadas as especificidades desses professores, dentro das possibilidades da Prefeitura”.

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