Projeto para recuperar comportas e revitalizar canais da Baixada Campista
Dora Paula Paes 18/02/2023 08:18 - Atualizado em 18/02/2023 08:19
Comporta do canal Campos-Macaé
Comporta do canal Campos-Macaé / Genilson Pessanha
Está pronto o que já é considerado “o maior projeto de revitalização da Baixada Campista”, depois da grandiosidade do trabalho realizado pelo extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), que levou água à região por meio de uma rede de canais, na década de 1940. Em janeiro de 2023, após dois anos, o Comitê da Integração do Paraíba do Sul (Ceivap) — São Paulo, Rio e Minas — finalizou o estudo de recuperação de oito comportas. Por ser uma obra cara, o Comitê já tem uma nova missão: trabalhar para alocar os recursos junto aos governos federal, estadual e municipais.
A recuperação das comportas dos canais Itereré, Cacomanga, Jacaré, Campos-Macaé, Coqueiros, Vigário, Cambahyba e São Bento tem um custo de R$ 150 mil, cada. O valor total do projeto é de
R$ 1,2 milhão.

De acordo com o secretário do Ceivap, João Siqueira, o projeto consiste em uma reforma total da adução das comportas para os canais de Campos, inclusive com bombas para adução forçada quando o rio estiver muito baixo, como ocorre todos os anos durante o período de seca.

— Nunca mais vai faltar água para os canais. Agora, quem vai pagar é a grande questão. A Prefeitura de Campos tem alto interesse em, pelo menos, fazer alguns canais da margem direita, e esperamos que o Estado ou o governo federal adotem essas comportas e aloquem recursos para a implementação e regularização da água desses canais — disse João Siqueira.

A primeira porta em que o Ceivap pretende bater é a do Ministério do Desenvolvimento Regional do atual governo Lula.

O período entre 2014 e 2019 foi considerado o pior ciclo de seca da história do rio Paraíba do Sul. Produtores rurais da Baixada entraram em estado de alerta. A situação se agravou tanto que acarretou uma série de prejuízos no berço da produção sucroalcooleira. Nesse mesmo momento, inclusive, ocorreu o fechamento definitivo da foz do rio Paraíba, em Atafona. Todos esses problemas foram os fatores que serviram de base para o trabalho de elaboração do projeto de revitalização da Baixada Campista, pelo Ceivap.

— A primeira ação, no primeiro ano desse grupo de trabalho, foi alocar recursos de cerca de R$ 1 milhão para contratar uma empresa para fazer um grande projeto de reforma e revitalização das comportas de Campos. As comportas do Paraíba, durante o período de seca, são as únicas provisões de água que nós temos. Se não chove, não tem água do céu. A Lagoa Feia seca e o único local onde podemos captar água é do rio Paraíba do Sul, por meio das comportas — ressalta Siqueira.

A região denominada Baixada Campista ou dos Goytacazes estende-se desde a foz do rio Macaé até a foz do rio Paraíba do Sul, abrangendo cinco municípios: São Francisco de Itabapoana; São João da Barra; Campos; Quissamã; Carapebus e Conceição de Macabu.
Comporta do canal Cambayba
Comporta do canal Cambayba / Genilson Pessanha
Vegetação, cheia e seca são os problemas nos canais
O que tem de importante e de complexa, a extensa malha de canais que corta a Baixada Campista sofre com a falta de um macroprojeto de manutenção há décadas. Canais tomados por vegetação, também estão sujeitos às intempéries do tempo, como muita chuva, como ocorreu no início do ano, ou seca, quando os canais se resumem praticamente a mato e lama.
No início de janeiro, durante o período de cheia, para equacionar o nível de água da Lagoa Feia e da Lagoa de Cima, através de parceria entre a Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), Coagro e a Prefeitura de Campos, teve início um serviço de desobstrução do Durinho da Valeta, no Canal das Fechas.
Na quinta-feira (16), o presidente da Asflucan, Tito Inosoja, informou que o trabalho no Durinho da Valeta continua. No entanto, de acordo com ele, “infelizmente as máquinas do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) foram embora há mais de 20 dias. A promessa é que ficariam até março, e não ficaram nem um mês”. No momento, o trabalho é realizado por duas máquinas da Asflucan de forma contínua.
Tito explica que é preciso fazer essa limpeza de retirada de vegetação contante, e no caso do Durinho da Valeta é para possa ultrapassar o nível da Lagoa Feia.
A limpeza de canais e também de pilares de pontes, quando ocorrem na Baixada Campista, o fluxo da água é contínuo e beneficia as produções agrícola, pesqueira, canavieira e ceramista.
Sobre o projeto do Ceivap, Tito disse que a Asflucan não teve acesso ao detalhamento final do estudo.

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