
“Eu sou um dinossauro da fotografia”. A frase afirmativa é do mais antigo fotógrafo do Estado do Rio, o campista Dibs Hauaji, que também é considerado o maior colecionador de máquinas fotográficas da América do Sul. Recentemente, com uma doação de cerca de 1.200 unidades de um outro colecionador de São Paulo, Dibs reúne em seu Museu da Fotografia mais de 5 mil itens.
Pioneiro na fotografia campista, Dibs foi dono de uma loja no ramo, com mais de 40 fotógrafos. A partir da troca das máquinas, que eram dadas por ele para que os profissionais trabalhassem, ele foi guardando e colecionando os equipamentos. Câmeras usadas pelo próprio Dibs e por muitos dos seus funcionários compõem a extensa coleção, como Yashicas, Rolleiflex, Pikanon, Pentax, Nikon. Entre as preciosidades, há modelos da alemã Leica, uma Speed Graphic popularizada em filmes do “Super-Homem” e inusitadas lambe-lambes, das quais é o maior colecionador do Brasil, com cerca de 50 equipamentos. Há ainda centenas de máquinas digitais, símbolos de uma nova fase da fotografia.
“Eu sou profissional há 57 anos. Eu tinha uma empresa grande de fotografia com mais de 40 fotógrafos, que utilizavam as máquinas dadas por mim. Com a evolução das máquinas, eu fui trocando e acumulando. Quando eu fui me dar conta eu já estava com mais de 1.000 máquinas em casa”, disse o colecionador.

Amigo do jornalista e fundador da Folha da Manhã, Aluysio Abreu Barbosa, Dibs conta que foi incentivado por ele a abrir um museu com as máquinas que estavam guardadas. “Quando Aluysio soube que essas máquinas estavam guardadas, ele sugeriu que eu abrisse um museu. E deu certo. Eu comecei a adquirir e a juntar cada vez mais máquinas, das mais antigas às mais novas do mercado. Quando fui ver, eu já tinha me tornado o maior colecionador do Brasil”, explicou.
O Museu de Dibs fica localizado na parte da frente da residência do fotógrafo, no lugar que antes funcionava a loja de fotografia. O local, que começou apenas com uma sala, hoje está em obras para inaugurar o seu quinto espaço para guardar as relíquias.
“A gente recebe visitas de todo o Brasil e até de fora do país. Aqui, que era apenas uma sala, já está se tornando um local com cinco ambientes, com máquinas de todos os tipos, desde a primeira máquina que foi criada no mundo, até a mais nova, a mais moderna”, contou.
Desde os primeiros cliques com uma câmera Yashica, de fabricação chinesa, mas que em seguida outros modelos foram adquiridos, Dib fotografou formaturas escolares, casamentos, aniversários, inaugurações, jogos de futebol e muitos outros eventos ocorridos em Campos. Logo aconteceriam os primeiros contatos com a imprensa. Sua primeira foto em jornal foi publicada no “Monitor Campista”, na coluna de Márcia Ângela Arêas, que foi colunista da Folha da Manhã. Também colaborou com vários outros veículos, inclusive a Folha, em que também se tornou colunista e já está há 45 anos, desde a fundação do jornal, assinando a coluna Dib's. Foi Dib quem indicou ao fundador da Folha, seu amigo jornalista Aluysio Cardoso Barbosa, o também fotógrafo Esdras Pereira. Ainda adolescente, Esdras trabalhava na primeira loja de fotografia montada por Dib e, a partir daquele momento, viria a acompanhar Aluysio em inúmeras matérias do “Jornal do Brasil” e da Folha.

Outros colunistas sociais também estamparam fotos de Dib em suas páginas, como Silvia Salgado, do jornal “A Notícia”, Maria Ester Balbi e Celso Cordeiro Filho, com passagens pela Folha. Por sempre ter o seu nome publicado em créditos na imprensa campista, o repórter fotográfico passou a estar presente em momentos históricos. Foram várias as visitas presidenciais registradas, obtendo credenciamento mesmo durante a ditadura militar. Registrou, por exemplo, um título recebido em Campos pelo então presidente Emílio Garrastazu Médici e um discurso público de João Figueiredo. Na política local, foi fotógrafo oficial de prefeitos de Campos por décadas, presenciando e clicando inaugurações de prédios, encontros políticos e acontecimentos marcantes, como a assinatura dos royalties do petróleo, na praça do Santíssimo Salvador, com presença do então presidente José Sarney.
"A fotografia nunca vai morrer. O tipo de fotografia, sim. Hoje, o fotógrafo profissional está elitizado, porque na minha época ele precisava saber, inclusive, de química para poder revelar a foto que tirava. Hoje, você pega e aperta um botão e está tudo pronto. Eu sou um dinossauro da fotografia, mas não condeno a fotografia digital, apesar de que atualmente todo mundo é considerado fotógrafo. Eu vivo e bato palmas para a modernidade”, finalizou.
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