Obra no Solar nos Airizes vai começar pelo valor de R$ 2,2 milhões
Dora Paula Paes 01/05/2024 09:40 - Atualizado em 02/05/2024 14:28
Rodrigo Silveira
O Solar dos Airizes começa a receber uma sobrecobertura aportada por R$ 2,2 milhões da prefeitura de Campos. O prédio histórico que apresenta sinais de decadência há anos, às margens da BR 356, na Campos-São João da Barra, está com a placa da obra, que terá um prazo de seis meses para a finalização. O imóvel serviu de inspiração para a saga da história da "Escrava Isaura" precisa de restauração, que é  uma luta antiga. O jornalista Edmundo Siqueira - um dos apresentadores do programa Folha no Ar, na Folha FM - autor do livro sobre o solar "Antes que Seja Tarde", chegou a escrever:

- A luta em favor do patrimônio histórico muitas vezes é inglória, e acumulamos derrotas significativas ao longo dos anos em Campos. Mas, algumas vezes, temos também vitórias significativas.

A informação na placa é que será um serviço de restauração, preservação e conservação do Casarão. "A Secretaria de Obras e Infraestrutura informa que a ordem de serviço já foi assinada e, a partir daí, a empresa realizou as primeiras ações, como instalação da cobertura de proteção e o escoramento interno do prédio. Nesta semana, foi realizada uma reunião com técnicos da secretaria e da empresa responsável para os ajustes necessários e, nos próximos dias, a empresa segue com a montagem do canteiro para a execução efetiva das obras", diz nota da Prefeitura.
Rodrigo Silveira


No início do ano foi divulgado que o Solar dos Airizes, com aval do Governo Federal, via Lei Rouanet, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estaria apto a captar 100% do valor que foi proposto: R$ 28.410.937,55 para sua recuperação. A prefeitura de Campos também chegou a protocolar junto ao Iphan o pedido para escorar partes mais críticas do prédio.
A prefeitura é a responsável pelo Solar dos Airizes, após decisão do Tribunal Regional Federal (TRF-2), que transitou em julgado em 2020, e condenou o município de Campos a restaurar o Solar de forma emergencial.

Conhecedor da história do Solar, Edmundo conta que as paredes dos Airizes guarda história de glória e também de violência e escravidão, e ambas precisam, segundo ele, ser contadas e poblematizadas. "O casarão foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1940, a pedido do proprietário, e precisa ser um elemento para apresentar Campos aos campistas", ressalta.

- É claro que falta muito, é claro que esse é um passo pequeno, mas já é uma vitória importante - ainda escreve Edmundo, lembrando que o Solar dos Airizes é objeto de uma ação judicial, onde determina-se que a prefeitura de Campos faça o restauro e dê uso ao prédio.
O Solar dos Airizes é uma construção de estilo colonial, um pouco antes de Martins Lage, em Campos. Construído pelo comendador Cláudio do Couto e Souza em 1846 para ser a sede da Fazenda. Só no começo do século XX é que Alberto Ribeiro Lamego; um dos nomes mais conhecidos de Campos -engenheiro, geógrafo, geólogo e pesquisador brasileiro renomado, com uma série de trabalho publicados em quatro obras sociogeográficas sobre o Estado do Rio de Janeiro, passou a usar o prédio como casa de campo, pois sua esposa herdou o casarão. Lamego só passa a residir no Solar em 1920, quando regressa da Europa. 
É uma típica construção das fazendas da época. O prédio possui dois pavimentos de mesmas áreas, onde o primeiro é um porão alto e o segundo a parte habitável. Sua planta tem formato de “U”; sua fachada é distribuída simetricamente, possui inspiração neoclássica e não possui muitos adornos decorativos, o que a faz possuir uma arquitetura “sóbria e equilibrada”, segundo descreveu o próprio Lamego.
Rodrigo Silveira

ÚLTIMAS NOTÍCIAS