
Grande Rio — A atual campeã tentou o bicampeonato do Grupo Especial com o enredo “Ô Zeca, o pagode onde é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, te abraçar, pra beber e batucar!”, homenageando o cantor e compositor Zeca Pagodinho. Os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora desenvolveram na avenida a cultura das ruas, a poesia do samba, os hábitos do povo carioca. A escola veio grandiosa e luxuosa, mas faltou um pouco mais de espontaneidade, uma das características mais marcantes do homenageado.
Mocidade Independente — Levou para a avenida o enredo “Terras de meu céu, estrelas de meu chão” para falar do legado dos artistas do Alto do Moura, discípulos de Mestre Vitalino. O carnavalesco Marcus Ferreira fez um mergulho na artesania popular nordestina. A escola teve como um dos destaques do quarto carro alegórico o campista Marcelo Moreno, com a fantasia “Salve, o Divino!”. Porém, a Mocidade fez uma apresentação extremamente burocrática e com um visual muito opaco.
Unidos da Tijuca — Desenvolveu o criativo enredo “É onda que vai, é onda que vem… Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha terra”. Nele, o carnavalesco Jack Vasconcelos trouxe as memórias e os encantos das águas da baía. Não pretendeu abordar o estado da Bahia. A escola, no entanto, não apresentou um conjunto visual atraente; e o samba, mesmo bem interpretado por Wantuir e Wic Tavares, não empolgou. O destaque da agremiação foi a exuberante bateria comandada pelo genial mestre Casagrande.
Salgueiro — Levou para a avenida o enredo “Delírios de um Paraíso Vermelho”, do carnavalesco Edson Pereira, inspirado no saudoso Joãosinho Trinta. Com ele, lançou uma interessante reflexão sobre o certo e o errado, mostrando diversas facetas desta discussão através de um confronto de cores. A escola mostrou uma bateria forte, um visual luxuoso e bem acabado nas fantasias e carros alegóricos, além do campista Nelcimar Pires como destaque, fantasiado de “Senhor das Trevas”, no segundo carro alegórico. Pena ter tido problemas com carros alegóricos no início do seu desfile e no Setor 10.
Mangueira — Com o enredo “As Áfricas que a Bahia canta”, exaltou a força da negritude na formação da identidade cultural dos baianos. A dupla de carnavalescos formada por Annik Salmon e Guilherme Estevão desenvolveu o tema relacionando-o com a origem da comunidade mangueirense. A escola fez um desfile arrebatador, no qual a bateria dos mestres Taranta Neto e Rodrigo Explosão proporcionou um excelente desempenho dos intérpretes Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz no canto do sambaço, composto por Lequinho e companhia.
Paraíso do Tuiuti — Abriu a segunda noite de desfiles contando a história dos búfalos da Ilha de Marajó, no Pará, com o enredo “Mogangueiro da cara preta”, dos carnavalescos Rosa Magalhães e João Victor Araújo. A dupla mostrou a grande reverência do povo da maior ilha fluvial do mundo por estes animais. A escola apresentou um lindo conjunto visual, e o samba ficou muito bom na voz do genial Wander Pires e na firme bateria comandada pelo mestre Marcão. Desfile arrojado e que sacudiu o público
Portela — Festejou na avenida o seu centenário, através do enredo “O azul que vem do infinito”, do casal de carnavalescos Renato Lage e Márcia. A escola contou sua história a partir do olhar de cinco baluartes portelenses, que são Paulo da Portela, Tia Dodô, Natal da Portela, David Corrêa e Mestre Monarco. Desfile emocionado e emocionante, embalado pela voz do intérprete Gilsinho e pelo ritmo da bateria do mestre Nilo Sérgio. A águia do abre-alas estava lindíssima, e o refrão do samba comoveu todo mundo. A escola, porém, teve problemas com um carro e deve perder consideráveis pontos na apuração.
Vila Isabel — “Incendiou” a avenida com o enredo “Nessa festa, eu levo fé!”, do carnavalesco Paulo Barros, inspirado nas comemorações divinas e populares. Com ele, a azul-e-branco do bairro de Noel Rosa levou à pista uma verdadeira ode à alegria, embalada pelo ritmo contagiante dos ritmistas comandados pelo mestre Macaco Branco. A escola mostrou efeitos especiais interessantíssimos, como mulheres flutuando na comissão de frente, casal de mestre-sala e porta-bandeira trocando de roupas em público e carros alegóricos gigantescos, com ousadas engenharias.
Imperatriz Leopoldinense — Desfilou com “O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o Santíssimo não deu guarida”, mais um enredo autoral do talentoso carnavalesco Leandro Vieira. Mergulhou nas histórias delirantes da literatura de cordel e apresentou o conto sobre a chegada de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, ao céu e ao inferno. A escola fez um desfile muito envolvente e mostrou tanto fantasias como carros alegóricos muitíssimo bem acabados. Sem falar que tratou a temática proposta de forma irreverente.
Beija-Flor — Mais uma vez, deu voz aos excluídos, levando para a avenida o enredo “Brava gente! O grito dos excluídos no bicentenário da Independência”. Os carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues fizeram do desfile um grande e para lá de necessário ato político-carnavalesco. A escola mostrou a garra de sempre, embalada pelo canto de Neguinho da Beija-Flor (junto à cantora Ludmilla), e a bateria vibrante comandada pelos mestres Rodney e Plínio; sem falar na presença marcante de Claudinho e Selminha Sorriso, seu primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Lamentável o princípio de incêndio no abre-alas.
Viradouro — Resgatou a saga mística de Rosa Maria Egpicíaca da Vera Cruz, primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil. No enredo “Rosa Maria Egipcíaca”, o carnavalesco Tarcísio Zanon enfocou elementos ancestrais e espirituais muito relevantes na vida dela. Durante o seu desfile, a escola mostrou, de novo, dominar a avenida, alicerçada no excelente intérprete Zé Paulo Sierra e na cadenciada bateria comandada pelo mestre Ciça.




