Mocidade Alegre foi campeã pela 11ª vez
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Foto: Divulgação/Liga SP
Campeã do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo pela 11ª vez, a escola de samba Mocidade Alegre tem três irmãos campistas como fundadores e recebeu este nome em homenagem a um antigo grupo carnavalesco de Campos, existente na década de 1930. Trata-se da Mocidade Louca, uma espécie de bloco, cujo nome também inspirou a escola de samba existente no Morrinho, em Campos, desde 1952 (primeiro como bloco, e de 1959 em diante, como escola).
Com base em relatos do sambista Jorge da Paz Almeida (in memoriam) em livros e matérias joranlísticas sobre o Carnaval de Campos, o ocorrido consta no trabalho de conclusão de curso (TCC) “Os Meninos do Morrinho - Um 'Flash' colorido da Televisão Sobre o Sucesso da Cultura Popular”, dos jornalistas Matheus Berriel, da Folha da Manhã, e Jadir de Oliveira. O material, finalizado em 2018, aborda a história de agremiações carnavalescas do Morrinho, reduto da escola de samba Mocidade Louca.
Retornando a Campos após um período morando no Rio de Janeiro, Jorge da Paz Almeida foi jogar pelo time de futebol amador São Cristóvão, sediado no Parque Rosário, na década de 1930. Lá, ele e outros jogadores criaram uma bateria para tocar durante viagens da equipe a localidades de Campos, onde eram disputados os jogos. Este grupo foi chamado de Mocidade Louca, mesmo nome de um bloco existente no bairro carioca de São Cristóvão. No Carnaval campista, o grupo participou de batalhas de confetes na avenida Pelinca e eventos similares pela cidade. Posteriormente, na década de 1950, Jorge da Paz Almeida seria diretor da recém-fundada escola de samba Mocidade Louca, com este nome em referência ao extinto bloco.
Durante o Carnaval de 1950, já tendo deixado Campos para viver em São Paulo, os irmãos Juarez e Salvador da Cruz saíram pelas ruas da Terra da Garoa com roupas femininas, junto a outros amigos. Aquele movimento foi o embrião de um bloco, que em 1958 recebeu o nome de Bloco das Primeiras Mariposas Recuperadas do Bom Retiro. Com o crescimento do grupo nos anos seguintes, incluindo a entrada do também campista Carlos Augusto da Cruz, as roupas de mulheres foram substituídas por fantasias de palhaços. O nome só foi mudar para Mocidade Alegre em 1963, após um desfile na avenida São João, quando o locutor Evaristo de Carvalho, da “Rádio América”, citou o grupo como “muito alegre”. Deu-se então a junção do primeiro nome da agremiação campista, Mocidade Louca, com o adjetivo expressado por Evaristo. Em 1967, o bloco Mocidade Alegre foi oficializado como escola de samba, posteriormente campeã do Grupo Especial paulista em 1971, 1972, 1973, 1980, 2004, 2007, 2009, 2012, 2013, 2014 e 2023.
Quando Juarez, Salvador e Carlos Augusto da Cruz deixaram Campos, em 1948, a escola de samba Mocidade Louca ainda não existia. Portanto, a homenagem da Mocidade Alegre tende a estar diretamente ligada ao grupo de amigos do São Cristóvão, time de futebol cujo campo ainda existe no Parque Rosário, e não propriamente à escola, como divulgado em páginas extraoficiais na internet. Atualmente, a Mocidade Alegre é presidida por Solange Cruz Bichara, familiar dos três irmãos fundadores. Seu tio Juarez Cruz, referência na escola, morreu em 2009.
Nessa terça-feira (21), a Mocidade Alegre tornou-se a segunda maior campeã da história na primeira divisão do Carnaval paulista, com 11 títulos, junto à Nenê de Vila Matilde. À frente de ambas está somente a Vai-Vai, com 15 conquistas, que venceu o Grupo de Acesso 1 e retornou à divisão principal. A Mocidade Alegre foi campeã do Especial com um enredo sobre Yasuke, primeiro samurai negro do Japão, encerrando um jejum que durava há nove anos, desde o tricampeonato de 2012 a 2014.