Campos foi a primeira cidade da América Latina a receber iluminação pública elétrica na América Latina, e a inauguração do avanço contou com presença do então imperador do Brasil, Dom Pedro II, em 24 de junho de 1883. Completando 139 anos na próxima sexta-feira (24), este episódio será lembrado com a abertura da exposição “Luzes pela Cidade” no foyer da Câmara Municipal, às 10h. A realização é da Escola Municipal de Gestão do Legislativo (Emugle), em parceria com o Museu Histórico e o Instituto Histórico e Geográfico de Campos.

— Nossa intenção, enquanto Escola do Legislativo Municipal, é ir além da nossa função principal, que é a de promover o aperfeiçoamento da administração pública através de aulas, conferências e programas de treinamento para servidores públicos e população em geral. Queremos incentivar o cidadão a conhecer um pouco mais da sua história, despertar o gosto pela arte e facilitar o acesso de todos à cultura. É uma função social — afirma a diretora da Emugle, Eliene Prata.

Com pesquisa realizada pelo presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, Genilson Paes Soares, e curadoria assinada pela diretora do Museu Histórico, Graziela Escocard, a exposição terá imagens sobre marcos da energia elétrica em Campos, entre eles a vinda da comitiva de Dom Pedro II para a inauguração, também integrada por jornalistas brasileiros e estrangeiros.

— Essa exposição está sendo na Câmara Municipal pela força que a Câmara deu à época para a instalação da luz elétrica. Inclusive, pedi ao pessoal da Câmara para expor o documento do livro de atas da sessão de 24 de junho de 1883, mostrando como se deu, através do presidente da Câmara, Francisco Portela, a instalação da luz elétrica em Campos — comenta Graziela Escocard.

De acordo com Graziela, em 1835, quando a então Vila de São Salvador foi elevada à categoria de cidade, Campos contava com iluminação à base de azeite de peixe, colocado nos candeeiros públicos, além das velas e lampiões a querosene nas residências. Três anos depois, em 1838, a iluminação pública passou a ser fornecida por 74 lampiões, que eram acesos a partir das 19h. Já em 1850, foi introduzida nas casas dos campistas a luz a gás, também adotada na iluminação pública a partir de 1854. Como o serviço só atendia à área central da cidade, em 1872 foi feita uma ampliação pela Campos Gaz Company, gerando a abertura da rua dos Goitacazes, até hoje conhecida como rua do Gás. Também havia na época iluminação à base de querosene.

As dificuldades no assentamento da canalização e problemas financeiros envolvendo a Campos Gaz Company motivaram a instalação da luz elétrica, defendida pelo presidente da Câmara, Francisco Portella, desde 1881. Seus principais argumentos eram o corte de gastos públicos e a iniciativa de acidentes causados por explosões de lamparinas com querosene, inclusive vitimando pessoas escravizadas. A luta resultou na vinda de Dom Pedro II a Campos em 24 de junho de 1883, inaugurando a Estação da Luz Elétrica à avenida Pedro II (Beira-Rio). Um dos postes da época ainda resiste, situado em frente à sede da Receita Federal, na praça do Santíssimo Salvador.

A relevante atuação da Câmara também foi destacada por Genilson Paes Soares. “A exposição ‘Luzes pela cidade’ tem como objetivo relembrar o pioneirismo de ter sido Campos a primeira cidade da América Latina a usar a energia elétrica na iluminação pública, iniciativa que vai completar 140 anos em 2023. Outro aspecto importante é mostrar o protagonismo da Câmara Municipal, através do seu presidente, o médico Francisco Portella, que aprovou a implantação do serviço em sessão de 16 de julho de 1881. Quem for visitar a exposição poderá descobrir muitas curiosidades e também conhecer a evolução do serviço de iluminação pública, desde de que Campos se tornou cidade em 1835”, enfatiza o presidente do Instituto Histórico e Geográfico.