
Pois há uma medida fixa que separa as janelas e sacadas e convivências, particionando os espaços de um mesmo chão, que se encontra empilhado sobre outro e sobre outro sucessivamente até o – preencha um número ordinal aqui – andar.
Mas há, ainda antes do resguardado espaço que finge encaixotar personalidades e caracteres, uma troca social que se finda nas áreas comuns, feita de bons dias tardes noites, quase nunca algo além desse mero gesto que se diz educado, apesar de esquivo, marcado por olhares ladeados de quem nada queria dizer.
E há, também, um código partilhado que faz uns dos outros parte de um mesmo edifício, sem que talvez se deem conta de que os ruídos repentinos de portas batidas e copos quebrando ecoam andares acima e abaixo, sem, porém, conviver entre si.
Talvez porque a distância fixa que separa portas e janelas seja também a distância que cria um conjunto de ilhas de concreto verticais interligadas por elevadores e escadas.
No porém, se fazem silêncios após os cumprimentos e rápidas trocas de olhares, na convivência tácita de completos estranhos que se esbarram. Tudo na rotina amealhada das pessoas que, encaixotadas, se pensam resguardadas por estarem apartadas umas das outras – umas sobre as outras, empilhadas, mas sem se querer.
*Ronaldo Junior tem 26 anos, é carioca, licenciando em Letras pelo IFF Campos Centro e escritor membro da Academia Campista de Letras. www.ronaldojuniorescritor.com
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Ronaldo Junior
rhbj@outlook.comProfessor e membro da Academia Campista de Letras. Neste blog: Entre as ideias que se extraviam pelos dias, as palavras são um retrato do cotidiano.
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