Reações a Wladimir vindas do PT e PL após encontros em Brasília
Dentro da sua agenda de três dias em Brasília, o prefeito Wladimir Garotinho (PP) se reuniu mais uma vez com o secretário especial de Assuntos Federativos do governo Lula, André Ceciliano (PT), um dia após se encontrar com o senador Flávio Bolsonaro por apoio do PL (aqui). No fim do ano passado, Wladimir e Ceciliano também estiveram juntos, acompanhados do presidente do Republicanos no Rio de Janeiro, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho Carneiro, no Palácio do Planalto (aqui). Os movimentos do prefeito na capital federal vêm causando reações tanto no PT, quanto no PL.
Apesar do apoio declarado a Jair Bolsonaro (PL) no último pleito, o prefeito Wladimir Garotinho tem mostrado boa interlocução com o governo petista, mantendo diálogo frequente com ministérios. No entanto, outros movimentos feitos também por ele em Brasília — ao se reunir com o senador Flávio Bolsonaro, conquistando o suposto apoio do PL a sua possível reeleição, e também uma foto postada com a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro — vêm desagradando petistas. O secretário de Comunicação do PT em Campos e assessor parlamentar, Gilberto Gomes, fez uma análise sobre o comportamento do prefeito, publicado no blog que tem hospedado no Folha 1 (aqui). “Em Brasília, Wladimir pede mais recursos ao governo Lula mas quer apoio de Bolsonaro”, escreveu o blogueiro.
E por falar em recursos, esse foi o assunto tratado por Wladimir com Ceciliano. “Não poderia vir a Brasília e deixar de visitar o amigo André Ceciliano, que sempre nos recebe com muita presteza e abre as portas em vários Ministérios. Na pauta de hoje as ações do PAC, a Prefeitura de Campos inscreveu diversos projetos e está na expectativa de ser contemplada. A boa política se faz assim, dialogando com todos em busca de resultados que beneficiem a população”, escreveu o prefeito em uma postagem com a foto ao lado do petista.
Segundo a jornalista Berenice Seara, que assina uma coluna no site Tempo Real, “a imagem, publicada na manhã desta quinta-feira (22), irritou a ala mais radical do PL. O partido já estava abespinhado porque Flávio anunciara o apoio à revelia dos outros dirigentes. A executiva tinha fechado um acordo com o União Brasil do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, para formar uma aliança de oposição a Wladimir. É fato que o prefeito precisa das verbas federais e deve mesmo bater em todas as portas. Mas, a ocasião faz a decepção. O povo, que já estava irritado com a virada de 180 graus na trajetória do PL, não ficou exatamente feliz com a versatilidade política do prefeito que será obrigado a apoiar”, escreveu a colunista.
Em outra publicação, Berenice conta que a bancada do PL na Assembleia está perdida. E dividida. “Os deputados não querem apoiar Wladimir, e temem ter problemas com o presidente da casa. Um dos mais ativos bolsonaristas em Campos, Filippe Poubel, tinha dado uma entrevista, na mesma quarta-feira, detonando a família Garotinho. Por outro lado, também não ousam desafiar a autoridade de Flávio Bolsonaro. Na última terça-feira, véspera da divulgação do vídeo de Flávio, Bacellar tinha batido com o governador Cláudio Castro (PL) como seria a atuação conjunta entre os dois partidos em cada um dos municípios fluminenses. Na ocasião, o combinado foi que os liberais acompanhariam o União Brasil em Campos”, noticiou a jornalista.
Nos bastidores, a informação é de que Rodrigo Bacellar já entrou em contato com a alta cúpula do PL e que vai reverter a situação com o partido seguindo com seu grupo em Campos.
Reações no plenário da Alerj nesta quinta
Bolsonaristas e homens de confiança de Bacellar, os deputados estaduais Alan Lopes (PL) e Rodrigo Amorim (PTB) foram ao plenário da Alerj, nesta quinta-feira (22), fazer críticas e ataques a Wladimir, o que vem sendo encarado com uma insatisfação ao alinhamento que o prefeito de Campos fez com Flávio Bolsonaro.
Os dois deputados não fizeram qualquer alusão ao senador no púlpito, mas para bom entendedor ficou clara a insatisfação deles que estiveram em Campos, alinhados com os Bacellar, para uma audiência sobre desordem urbana, que rendeu também uma fiscalização no Hospital Geral de Guarus (HGG).
— Não existe hipótese de nenhum de nós aplaudirmos esse desgoverno — disse Amorim se referindo à gestão de Wladimir e questionando a “influência do prefeito em Brasília, onde foi o encontro com o filho do ex-presidente.
Já Alan Lopes elogiou o colega Fillipe Poubel (PL) por ter trazido à tona irregularidades no HGG, com médicos RPAs que constavam na folha de pagamento, mas que não estariam cumprindo plantões. A denúncia resultou em mais evidência a Poubel no município, com os Bacellar levantando o nome dele como possível prefeitável em Campos.
— A Comissão de Combate às Desordens vai voltar lá para ver se essa questão da farra do RPA já acabou. Onde tiver irregularidades, vamos denunciar e cobrar resolução — afirmou Lopes.
Em nota enviada à rede social da Folha, um perfil identificado como Direita Campos repudiou a “atitude de Flávio Bolsonaro de entregar o partido de direita e do ex-presidente Bolsonaro, para (...) a família do ex-governador Garotinho e seus cúmplices”, diz trecho da nota, que faz menção a denúncias de corrupção envolvendo o grupo político dos Garotinhos. “Não podemos aceitar o senador se vender para essa família”, finalizou.