União dos Garotinho?
Enquanto o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (sem partido), segue com um discurso mais neutro a partir do lançamento da pré-candidatura do pai, Anthony Garotinho (União), ao Governo do Estado, além de manter uma posição de agradecimento ao governador Cláudio Castro (PL), pré-candidato à reeleição, a deputada federal Clarissa Garotinho (União), irmã dele, não faz questão nenhuma de expor essa ruptura. Ela nega que o clã esteja dividido e diz que a aliança do irmão com o governador é apenas institucional. “Obviamente que a nossa família estará junta, estará unida em torno da candidatura do Garotinho”, afirmou.
“Governador fez pouco”
Clarissa avalia que o governador fez muito pouco pelo município: “Se a gente parar para pensar, o governador fez por Campos muito pouco. Foram R$ 200 e poucos milhões de investimentos, enquanto outras cidades receberam mais de R$ 1,5 bilhão. Como deputada federal, sozinha, eu trouxe mais de R$ 80 milhões de uma emenda federal. Liberei R$ 68 milhões em royalties do petróleo, junto à ANP, que estavam atrasados e que não tinha pretensão de pagar. Aí já soma quase R$ 150 milhões. Sozinha, uma deputada, fora todos os deputados que ajudaram. A bancada federal fez mais por Campos do que o governador”.
Parcerias e valores
Apesar do embate local com o clã Bacellar, e da aliança deste com o governador, sobretudo na figura do deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), que chegou a comandar a robusta secretaria de Governo na atual gestão estadual, Wladimir vinha declarando seu apoio à reeleição de Castro, de quem precisa em iniciativas fundamentais ao município, como a manutenção do Restaurante Popular, a conclusão da reforma do Hospital Geral de Guarus (HGG) e a retomada das obras no Parque Saraiva. Estimado em “R$ 200 e poucos milhões” por Clarissa, o anúncio oficial foi de cerca de R$ 500 milhões em investimentos do RJ na cidade.
Corrida ao RJ passa por Campos
A corrida ao Guanabara, sobretudo nesse período de alianças, passa por Campos. E o clima está mais tenso desde que os aliados de Wladimir anteciparam a eleição da Mesa Diretora da Câmara, em fevereiro, e foram derrotados pelos Bacellar, com a vitória de Marquinho (SD), irmão de Rodrigo. A disputa foi anulada pela atual Mesa, de maioria governista, e está na Justiça. A base perdeu força, ao ponto de o prefeito se queixar a Castro, na missa da Coagro, da influência de Rodrigo no Legislativo goitacá e confessar o receio em acabar cassado por uma Câmara dominada pela oposição, como a Folha revelou (aqui) no último sábado (21).
Domínio da oposição
Wladimir ouviu de Castro a garantia de apoio contra uma possível cassação. Porém, com o pai no páreo, está cauteloso ao falar da corrida ao Guanabara. Vive uma sinuca de bico, espremido pelas pretensões do seu grupo político e a Câmara — que caminha mais para ampliar o apoio aos Bacellar, do que para uma reestruturação governista. Nessa semana, a oposição mostrou como vai ditar o ritmo da Casa. Reprovou a indicação da base de auxílio alimentação a R$ 200, para impor a sua a R$ 400. Também exigiu uma audiência pública antes de votar a bilhetagem eletrônica do transporte. Sem falar na intenção de reduzir o remanejamento em 2023 para 5%.
Entre o clã e a governabilidade
Sem chances reais de vencer, mas podendo atrapalhar Castro, a pré-candidatura de Garotinho, desautorizada pelo presidente nacional Luciano Bivar, é dúvida até no União Brasil. Porém, na Câmara de Campos, evidenciou que a disputa pelo poder dará o tom do debate até outubro. Na última quarta-feira (25), na tribuna, vereadores discursavam sobre Clarissa e Garotinho X Bacellar e Castro. Como reflexo das bancadas, mais oradores em defesa do segundo “time”. Até havia nuance de propaganda extemporânea, com a situação do prefeito, entre as ambições do seu clã e as parcerias para governabilidade no município, como pano de fundo.
Sinergia na Saúde
Secretário de Saúde de Campos, Paulo Hirano comentou, no Folha no Ar da última terça (24), sobre sua relação com o vice-prefeito Frederico Paes (MDB). Como pontuou a Folha no sábado, há quem comente que o médico tenha sido posto pelo casal Garotinho no governo do filho como anteparo aos ambiciosos planos de mudança que o vice tinha para a Saúde Pública, baseado em sua experiência como gestor hospitalar. Segundo o secretário, a relação entre eles “é da melhor qualidade, do maior respeito, da maior sinergia possível. Nós unimos forças. Temos um vice-prefeito extremamente participativo”.
Hirano lembrou sua antiga relação com a família Garotinho, tendo sido secretário na gestão da mãe do atual prefeito, Rosinha (União), e líder do governo dela na Câmara. Ele comentou ainda que participou da construção do plano de governo de Wladimir, e que “não há nenhuma aresta”: “Não há absolutamente nenhum empecilho, rusga, nenhum item que possa ter conflito entre o nosso posicionamento e o vice-prefeito Frederico Paes, como também do nosso prefeito Wladimir. Estamos todos utilizando as forças, de forma sinérgica, para que a gente possa potencializar e ter capacidade para gerenciar a complexidade que é a cidade”.