O presidente Jair Bolsonaro foi incluído como investigado no inquérito das fake news, por ataques ao sistema eleitoral do Brasil. A determinação foi dada nesta quarta-feira (04) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais. Para o cientista político Vitor Peixoto, Bolsonaro começa a ser cobrado "ainda que tardiamente pelas suas bravatas, mentiras e ataques às instituições democráticas".
— As leviandades do presidente começam a trazer riscos claros à futura candidatura à reeleição em 2022. Um governo sem projeto de país, sem capacidade técnica, desarticulado politicamente usa a campanha do voto impresso como uma cloroquina para intoxicar a democracia brasileira — opinou Vitor Peixoto.
A decisão de Moraes foi tomada após pedido aprovado por unanimidade pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sessão dessa segunda-feira (02).
A apuração levará em conta os ataques, sem provas, feitos pelo presidente às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral do país. Ao longo de seu mandato, Bolsonaro tem feito várias declarações que colocam em dúvida a lisura do processo eleitoral.
O inquérito das fake news foi aberto em março de 2019, por decisão do então presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, para investigar notícias fraudulentas, ofensas e ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal.
Na opinião do cientista político Vitor Peixoto, o presidente Bolsonaro utiliza seus seguidores como massa de manobra para o ataque. "Bolsonaro utiliza a debilidade cognitiva, o desconhecimento e o despreparo intelectual de seus seguidores como massa de manobra para atacar a democracia brasileira. É uma campanha tosca que serve somente aos milicianos, fraudadores, trambiqueiros e imbecis de toda sorte. Essa estratégia cumpre uma série de funções ao cambaleante governo: primeiro, retira da CPI da Covid o protagonismo no noticiário, passa ao ataque destrutivo que é única posição que Bolsonaro consegue atuar e, ainda, desvia atenão para a falta absoluta de um projeto de desenvolvimento e retomada pós pandemia com inflação e desemprego. Em última instância, Bolsonaro pode estar a forçar uma expulsão do jogo ou para justificar a derrota que parece cada vez mais provável", disse.
Peixoto também defendeu o voto por urna eletrônica. "O sistema eletrônico de votação brasileiro é sólido, seguro, auditável e confiável. Tem impressão de resultados antes da abertura (zerésima) e após o fechamento das urnas (boletins de urna)", concluiu.