Cinema - Violento, ridículo e divertido
Felipe Fernandes - Atualizado em 09/08/2021 18:02
Com o sucesso estrondoso dos filmes de super-heróis, era inevitável que personagens e grupos de segundo escalão ganhassem adaptações cinematográficas. É o caso do “O Esquadrão Suicida”, um grupo desconhecido do grande público, que reúne vilões coadjuvantes em missões absurdas e violentas. Com o completo desastre do primeiro filme, a DC viu em James Gunn, responsável pelo sucesso dos “Guardiões da Galáxia” (outro grupo B, mas da concorrência), o cara ideal para salvar a franquia.
Partindo de uma premissa bem básica, o grupo selecionado por Amanda Waller (Viola Davis) precisa invadir a Ilha de Corto Maltese e explodir um local que guarda uma arma secreta que pode pôr o mundo em perigo. Gunn mostra desde o primeiro momento que não tem medo de abraçar o ridículo, e aposta em personagens bem obscuros, com poderes esdrúxulos, em uniformes espalhafatosos, formando um grupo bem diferente e inusitado.
Apostando no alto grau de violência desde a explosiva introdução, o filme estabelece o conceito importante por trás do grupo que não foi bem explorado no primeiro longa: todos aqueles personagens são totalmente descartáveis, situação que torna a ameaça e a violência mais pesadas, mesmo dentro desse tipo de filme, e reforça a ideia que dá título ao grupo.
O diretor e roteirista trabalha com muitos personagens, uma decisão arriscada, mas Gunn entrega um texto equilibrado, com uma trama simples, que desenvolve pouco os personagens, mas o suficiente para que nos importemos, ao menos com os principais, sem quebrar o ritmo intenso do filme. Nesse sentido, a trama paralela, que visa dar algum destaque individual para a Arlequina (Margot Robbie), soa completamente deslocada e desnecessária, não acrescentando nada à trama.
Trazido como protagonista, o Sanguinário (Idris Elba) lembra demais o pistoleiro do filme anterior, até mesmo em sua motivação, com a diferença de que o texto de Gunn cria um personagem muito mais interessante. O único com uma motivação clara. O longa traz o personagem menos absurdo como líder, e sua interação com o restante do grupo justifica a escolha.
O filme é eficiente em construir uma sensação de grupo, mesmo misturando personagens tão diferentes. E, se os absurdos do filme funcionam, é principalmente porque os próprios personagens reconhecem o ridículo, seja nos uniformes, nos poderes ou nos acontecimentos ao longo da projeção.
Mesmo sem apresentar nada de muito novo, o diretor imprime seu estilo sem tornar o “Esquadrão” uma cópia dos seus filmes anteriores. Com cenas de ação bem construídas e repletas de muita violência, ele mistura esses elementos com muito colorido e plasticidade, construindo alguns momentos visualmente muito bonitos.
Repleto de referências (não só ao universo DC), mas sem a necessidade de se conectar com outras obras, o filme traz o estilo e o humor de seu diretor. Mas, aqui, as piadas em sua maioria não funcionam. Pouco inspiradas, elas se tornam cansativas pelo excesso. Outro problema proveniente do excesso reside na utilização de alguns personagens, que, sem função narrativa, não funcionam nem como alívio cômico, mesmo que Gunn force a barra nesse sentido.
A nova missão do “Esquadrão Suicida” é tudo o que se esperava ver no primeiro filme. Abraçando os quadrinhos sem medo, é uma adaptação corajosa, que extrai o melhor desse tipo de filme. Ridículo, violento, divertido e despretensioso, o filme é um entretenimento escapista de qualidade, decisão acertada, assumida do primeiro ao último frame.

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