Diretor jurídico da G7 fala sobre parceria com o Goytacaz, que pode ser encerrada pelo clube
Matheus Berriel 12/05/2021 20:29 - Atualizado em 12/05/2021 20:39
G7 promoveu coletiva de imprensa nesta quarta
G7 promoveu coletiva de imprensa nesta quarta / Foto: Rodrigo Silveira
Parece estar perto do fim a parceria entre o Goytacaz e a G7 Football Investment, empresa responsável pela gestão do futebol do clube desde a última temporada. Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira (12), o diretor jurídico da G7, Alexey Dantas, disse que teve uma reunião também nesta quarta com o presidente do Goyta, Dartagnan Fernandes, e nela foi comunicado sobre o envio de uma notificação quanto à interrupção do contrato, que tem validade de 10 anos. A G7 alega ainda não ter recebido a notificação oficialmente, mas que pretende manter a parceria e que, em caso de rompimento unilateral, há uma cláusula que prevê pagamento de multa com valor não divulgado. Uma coletiva do Goytacaz está prevista para esta sexta-feira (14).
— A gente só vai poder se manifestar, obviamente, de forma oficial, depois que tomar conhecimento do teor dessa notificação, que, obviamente, será formalmente respondida. Mas, de qualquer maneira, isso gera uma ambiência muito ruim. O projeto foi estruturado para longo prazo, de 10 anos. Tivemos um primeiro ano muito complicado. A humanidade atravessou a maior crise da sua história, a pandemia, não é segredo para ninguém. É importante sempre dar esse histórico. No momento em que o parceiro investidor enfrentou problemas nas suas empresas e nos seus negócios e não poderia arcar com o investimento, tínhamos a faculdade legal de abortar o projeto, e ainda assim, em consideração ao torcedor, à diretoria e aos conselheiros, honramos e seguimos adiante com o projeto — comentou Alexey Dantas
— O resultado dentro de campo pode não ter sido tão satisfatório, mas o clube, dentro de campo, se manteve na Série A2 (do Campeonato Estadual). Agora, há uma disputa nos tribunais. E, evidentemente, esse cenário de notificação gera uma instabilidade, uma insegurança muito ruim para nós e, consequentemente, para nossos parceiros e investidores, inclusive internacionais, com os quais estamos conversando e mantendo tratativas — pontuou o diretor jurídico da G7.
De acordo com Alexey, há dois planejamentos já montados para a temporada 2021 do Goytacaz: um para caso o time dispute a segunda divisão do Estadual, o que depende de vitória no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no caso referente à possível escalação irregular do meia Pepeu em partida válida pela última Série B1, e outro pensando na disputa da terceira divisão, caso o STJD mantenha a condenação da segunda instância. Ambos os planejamentos passam, contudo, pela continuidade da parceria, que agora é incerta.
— Existe um contrato, um ato jurídico perfeito firmado entre a G7 e o Goytacaz Futebol Clube. A conversa foi em alto nível. O presidente (do clube) expôs os motivos dele, disse que foi instado pelo Conselho (Deliberativo) a fazê-lo. E nós, agora, vamos avaliar o teor dessa notificação, que, repito, não recebemos ainda, só temos a informação de que foi enviada. E, aí sim, tentar uma solução e um desfecho que seja menos traumático para todos e que seja uma solução justa tanto para o clube quanto para a empresa — enfatizou Alexey.
O diretor da G7 defendeu a empresa quanto a acusações sobre possíveis dívidas que teriam sido deixadas para serem pagas pelo Goytacaz.
— O crédito que o clube fará jus, ou melhor, já fez jus por conta de um processo junto à Fifa de mecanismo de solidariedade de um atleta (Daniel Sanches), essa receita seria suficiente, como está sendo, para a quitação das dívidas que ficaram residuais. E esse montante seria suficiente, inclusive, para aplicação no futebol de 2021. Frise-se que a G7 não só teve lucro, como teve um prejuízo. Foram investido, com recursos próprios da empresa, R$ 635 mil, fora o montante investido pelo senhor Daniel Coelho, então nosso parceiro investidor — afirmou o representante da empresa, que citou melhorias promovidas na parte estrutural do Goytacaz, como a troca de cadeiras da arquibancada social do estádio Ary de Oliveira e Souza, restauração dos vestiários e reforma do gramado, entre outras.
Foi garantido por Alexey Dantas que, independente da continuidade ou não do vínculo com o Goytacaz, o clube continuará prestando assessoria no caso Pepeu. “A gente seguirá prestando apoio ao clube na questão do julgamento. Independente da notificação, no que pese a advogada, Dra. Bárbara, ser custeada inteiramente pela G7, é mais um ônus que cabe à empresa, nós seguiremos empenhados nos interesses do clube junto ao STJD, inclusive com a elaboração e entrega de memoriais”, salientou.
Quanto à atuação de Pepeu em partida sem seu nome constar no Boletim Informativo de Registro de Atletas (Bira) da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), antes da publicação de um novo contrato, ele considerou um erro administrativo, sem apontar culpado no clube ou na própria empresa.
— Como gestão do futebol compartilhada, a G7 assessorava o clube. O clube já tinha colaboradores. Então, a G7 tinha colaboradores contratados e pagos 100% por ela, e o clube tinha os seus colaboradores. Não tinha uma única pessoa responsável. E, ainda que tivesse, por uma questão de hombridade, princípios e valores, inclusive profissionais, eu jamais exporia. Quando falo "eu", falo da empresa. Então, aqui não vai haver caça às bruxas. Não vou permitir que se faça perseguição em rede social a quem quer que seja — afirmou Alexey;
— Houve um erro, que eu entendo que é meramente formal, administrativo. Eu acredito na tese que nós defendemos. O atleta já estava regularmente inscrito, já era jogador do Goytacaz. O Bira e a documentação apostada por nós, pela federação, valida e corrobora a nossa tese. Então, sustento efetivamente que o atleta Matheus, conhecido carinhosamente como Pepeu, não estava irregular na partida contra o Serra Macaense. Tanto a nossa tese tem razão que o regulamento para o Carioca deste ano foi mudado, a redação do regulamento geral da competição. Caiu aquela frase do prazo dos 15 dias (para que a renovação de contrato seja protocolada). E há de se frisar que eu baseio as minhas ações no mundo jurídico no princípio da legalidade, e é lamentável que nós tenhamos obtido êxito dentro de campo, numa partida difícil, em que marcamos o gol no final do segundo tempo, alcançamos a manutenção na Série A2 com árduo esforço, dentro de campo, e que numa canetada, numa decisão de tapetão política, esse resultado, eventualmente, seja mudado — complementou.

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