"Não lanceis aos porcos as vossas pérolas"
BNB EXCLUSIVO
PROVOCAÇÕES &REFUTAÇÕES APOLOGÉTICAS

ARTIGO DE WHALAS MENDONÇA DA SILVA 

“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem.” (Bíblia Sagrada, Mateus, Capítulo 7, Versículo 6).

Caro Leitor

Diante das muitas e perigosas distorções, verificadas à todo tempo, acerca da compreensão do Texto das Sagradas Escrituras, especialmente, quando observamos os diversos ajustamentos hermenêuticos desconexos (às vezes, realizados por motivação escusa) para um sem número de versículos da Bíblia Sagrada, doravante, adotarei a postura de publicar a sustentação bíblico-teológica e filosófica de algumas possíveis refutações atinentes a temas polêmicos, sempre que me forem oferecidas as devidas motivações. Sendo assim, está em destaque nesta ocasião, o texto do Evangelho Segundo Escreveu Mateus, Capítulo Sete e Versículo 6.
Pois, um amigo utilizou esta parte das Escrituras como argumentação, supostamente bíblica, para que eu declinasse de militar em favor da Cosmovisão Cristã e em desfavor dos seus muitos antagonismo no ambiente das redes sociais.
Em função da não aceitação do conselho que recebi, me coloco a oferecer, não somente a esse nobre amigo, mas, também, a quem for de interesse, a interpretação que considero adequada para o texto que ele, à exemplo de tantos outros, equivocadamente, utilizam para apoiar seus flagrantes atos de covardia. Entendimento este que me faz querer, não somente continuar, mas, também, robustecer minha participação no debate público, com um enfoque sempre calcado no irresistível e belíssimo encontro entre a Fé e a Lógica.

Primeiramente, uma visão panorâmica do tema.
As palavras do Cristo captadas pelo autor deste texto parecem manter conexão com pelo menos duas instâncias muito conhecidas dos estudantes assíduos da Bíblia Sagrada, que são os “atos religiosos” e o “ensino da Fé Cristã”.
Nosso Cristo parece estar recomendando que os “atos religiosos” não devem ser implementados para efeito de propaganda e acredito, piamente, que poucos fragmentos bíblicos possuem aplicabilidade prática tão atual para os nossos dias, como este versículo, posto que o “Cristianismo Institucionalizado”, num flagrante processo de desconstrução dos reais valores daquela “Fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos” (Judas 3), permiti-se também, desviar o anúncio das “Boas Novas”, transfigurando-o, não poucas vezes, em mero produto para um “mercado religioso”.
Quanto ao ensino dos verdadeiros fundamentos da “Fé Cristã”, me parece apropriado que somente seja compartilhado na presença daqueles que estão preparados para apreciá-lo (não confundir com na presença daqueles que “são dignos” de apreciá-lo!).

Aos que se interessam pelo estudo da coletânea de livros sagrados dos Judeus, chamada de Talmud, sugiro que consultem o seu comentário acerca do texto bíblico de Cantares de Salomão 1:2, onde a Torah ou “Os Cinco Primeiros Livros de Moisés” (Pentateuco do Antigo Testamento) é comparada a um "verdadeiro tesouro". Assim sendo, para nós, Cristãos, o Novo Testamento deve ser considerado como um tesouro ainda mais profundo que a Torah, razão pela qual, deveríamos nutrir mais estima pela solenidade da sua proclamação. No entanto, Mateus 7:6, definitivamente, não sugere que o Evangelho ou que as proposições bíblicas, teológicas ou filosóficas acerca do Reino de Deus, não devem ser anunciados aos considerados “pagãos”, “rústicos" ou mesmo aos “pecadores grosseiros”, pois o Novo Testamento, em sua completude, se volta categoricamente contra essa suposição.
Até mesmo porque Jesus de Nazaré (o Cristo de Deus) não criou um tipo de “sociedade religiosa exclusiva”.
Ele nem ao menos fundou algo parecido com uma “sociedade” (sobretudo, “exclusiva”). Embora alguns, infelizmente, parecem sugerir esta demoníaca percepção acerca da Missão do Cristo, é uma verdadeira insanidade pensar assim!
Além da estultícia manifesta dos religiosos “seguidores do Cristianismo” (não me refiro aqui aos Seguidores do Cristo e herdeiros da Fé Cristã, mas sim, aos meros seguidores de uma religião chamada “Cristianismo”, cujas categorias religiosas em muito se assemelham à imensa diversidade dos credos) é preciso considerar também o grande perigo deste tipo de postura.
Vamos a um exemplo histórico: Bem no começo da implementação dos esforços missionários da “Igreja Moderna”, o texto de Mateus 7:6 fora equivocadamente interpretado e consequentemente utilizado para, de certa forma, desencorajar o que hoje chamamos de “Missão Transcultural”, especialmente na Inglaterra e na Alemanha. Por isto mesmo, antes de considerar a abordagem exegética do texto em questão, preciso asseverar que Jesus Cristo parece restringir a “Prédica do Evangelho” apenas nos casos em que se encontra “severa, aberta e destrutiva” oposição à sua proclamação.
Acontece que, não é isto o que ocorre com a imensa maioria daqueles que ouvem tal anunciação, independentemente do nível de aversão que possam nutrir acerca do Evangelho.

Agora sim, uma breve análise de alguns componentes do texto.
A expressão “coisas santas”, que aparece no texto como algo que não deveria ser dedicado aos cães, segundo o entendimento de hermenêutas renomados, parece aludir às “carnes oferecidas em sacrifício”, cujos rejeitos eram retirados do altar e, provavelmente, lançados pelo Sacerdote aos muito cães que infestavam as cidades do oriente.

Quanto a expressão “vossas pérolas”, sabemos hoje, da existência de preciosidades que eram, na ocasião da tecitura do texto de Mateus 7:6, chamadas de “pérolas-sementes” e que tais objetos mantinham semelhança com os minúsculos “grãos de ervilha” e com os pequeninos “grãos de milho”, ambos utilizados na alimentação das manadas de porcos. O que poderia bem, formar na mente do ouvinte, a imagem de "um homem rico que jogava mãos cheias dessas pequenas pérolas aos porcos”.

Sendo assim, a advertência de Cristo, contida no profundo ensinamento, objeto de interesse da presente reflexão, não se relaciona à “expressão pública da fé do cristão”, o que seria considerada uma fatal contradição com muitas outras passagens bíblicas. Ela me parece muito mais, um aviso para que não degrademos nossa fé tão preciosa e para que não permitamos que ocorra a nossa própria degradação, ao dirigirmos nossa “prédica" aqueles que desdenham da Fé no Cristo de Deus e nos Seus Ensinamentos de forma deliberada e até mesmo, como já afirmei, oferecendo um tipo de oposição “severa e destrutiva”.

Quanto a expressão “porcos…cães”, podemos assegurar que estes animais eram considerados “imundos”, segundo interpretação da Lei dos Judeus, à partir da hermenêutica de textos bíblicos como: 1 Reis 21:19; 1 Reis 22:38; 2 Samuel 3:8; 2 Samuel 9:8; Mateus 25:26 e Apocalipse 22:15. E, embora não pareça “politicamente correto” (sinceramente, eu não dou a mínima para a re-Significação que pretendem atribuir a esta expressão!), nas páginas da Bíblica Sagrada, animais como “cães" e “porcos" são apresentados como símbolos de certos tipos de “seres humanos”.
Encontramos estes nomes de animais como qualificativos para aqueles que eram considerados “hereges”; para os inimigos “num sentido religioso” e para os indivíduos de “comportamento hostil”. Agostinho de Hipona chamou os perseguidores hostis de “cães" e os indivíduos que não apresentam qualquer sentimento de santidade, de “porcos”. Paulo, Apóstolo, responsável pela elaboração do conteúdo que abrange quase um terço das Escrituras Neotestamentárias escreve as seguintes palavras; “[…] para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a fé não é de todos” (Segunda Carta aos Tessalonicenses, Capítulo 3, Versículo 2).
Diversos escritos da tradição judaica falam de alguns homens que são como “animais imundos e desavergonhados”. Pode até parecer estranho, mas, confesso acreditar que Jesus Cristo pensou nessas referências ao proferir o seu ensinamento e, por mais que possa parecer ofensivo ao homem moderno, cuja susceptibilidade provocaria rubor aos “homens de verdade do passado", é preciso lançar um olhar sincero sobre a postura de alguns seres humanos que nós conhecemos, tanto os da nossa intimidade, quanto acerca daquelas célebres personalidades, sobretudo, no mundo político. Goste você ou não "A experiência humana confirma o fato de que alguns indivíduos se encontram em nível mais baixo que aquele ocupado pelos animais, devido às suas ações violentas e amorais” (Dr. R.N. Champlin).

Por fim, a expressão “Voltando-se, vos dilacerem”. Bem, embora alguns estudiosos tendem a aceitar a aplicação desta ação apenas para os porcos, sabemos que os cães do oriente, diferentemente dos nossos “bichinhos de estimação", frequentemente, apresentavam comportamento altamente violento. Acredito que alguns não saibam, mas os cães do oriente comem carne putrefata, lixo ou qualquer coisa que encontrem pelo caminho e, por isso, acreditamos que foram utilizados nos ensinamentos do Mestre para ilustrar a natureza de alguns seres humanos.

Concluindo, deixo o alerta de que precisamos usar de cautela com as pessoas que percebemos possuidoras do perfil que se ajusta ao descrito neste comentário, sem, contudo, jamais evitar ajudá-las! Todavia, faz-se absolutamente necessário não permitir que a Fé Cristã se torne motivo de zombaria e de escárnio, frente ao nosso consentimento.
E é neste ponto que me recordo das palavras de um antigo amigo: “Encontrar o Criador e Pai deste universo é tarefa difícil; e quando O tiveres encontrado, não poderás falar dEle diante de todos” (Platão). Eu compreendo bem o Filósofo Grego, todavia, o meu Deus, Mestre e Senhor, Yeshua Hamashiakh, o Lisoús Christós, jamais pretendeu que os preceitos da verdadeira Fé permanecessem ocultos, embora tenha demonstrado que a Revelação não deve ser imposta a pessoas de má vontade ou àqueles que odeiam abertamente o Reino de Deus.

Assim, rogo ao Senhor Deus, Criador e Sustentador de todas as coisas, que nos comunique a porção exponencial do Seu Santo Espírito, para que “Não sejamos frouxos no momento da angústia” (Livro dos Provérbios 24:10).
Graça e Paz!

ITAPERUNA-RJ, 10. 15:30.11.2020

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