Com a grave crise financeira enfrentada por Campos, é "matematicamente impossível" retomar programas sociais como o Cheque Cidadão e a Passagem Social. A afirmação é de Lesley Beethoven (PSDB), segundo candidato a prefeito do município entrevistado no Folha no Ar, da Folha FM 98,3, na manhã desta terça-feira (6).
— Pelo caixa da Prefeitura que a gente deve encontrar a partir de janeiro, as prioridades são: saúde, pagar os funcionários da Prefeitura em dia, aposentados e pensionistas. Vamos ter que parar o resto. Nos primeiros 30, 60 dias, vai ter que ser isso: pagar os funcionários e comprar o que tiver de ser comprado para a saúde, operação de guerra para salvar as pessoas. Então, não vamos ter um único centavo em caixa para a gente voltar esses programas sociais — afirmou Beethoven.
Para o candidato a prefeito, um programa social possivelmente viável, em médio a longo prazo, é o Restaurante Popular. “Quem tem fome tem pressa, e eu acredito muito na parceria com os grandes atacadistas do município. Também acredito nas linhas de financiamento que o próprio Ministério da Agricultura tem para aquisição de alimentos produzidos pelos produtores rurais locais. Então, a gente conseguindo amarrar isso tudo bem, é muito possível, sim, a volta do Restaurante Popular, porque ele se faz extremamente necessário. Pelo menos um Restaurante Popular, bem localizado, numa região central de Campos. Aí pode ser onde era, pode ser no Centro da cidade ou em Guarus, pela necessidade social que também temos naquela região", comentou.
Pensando no corte de gastos, Beethoven propõe reduzir o número de profissionais contratados pela Prefeitura. De acordo com ele, um vereador o informou que Campos chegou a ter 12 mil trabalhadores remunerados por meio de Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), e que atualmente este número estaria em 9.500 — mais que o dobro da quantidade de 4 mil considerada pela Folha.
— Eu já tive informações de 3 mil, 5 mil, 8 mil, 12 mil... Quem me passou a informação de 12 mil foi, inclusive, um vereador da base da atual Legislatura. Ele me disse que, agora, com alguns cortes, chegou a em torno de 9.500. Entre 3 mil e 9.500, é a mesma coisa que você ser o gestor financeiro de uma empresa e não saber quantos funcionários tem. Quando eu analiso os números, é óbvio que a nossa folha de pagamento está lá em cima. Agora, demissão de funcionários concursados, em hipótese alguma. Mas, vamos ter que fazer uma revisão muito forte de contratados — disse Beethoven, continuando com uma crítica à falta de informações definitiva sobre o número de RPA's no Portal da Transparência do município. Outra possibilidade considerada pelo candidato para reduzir os gastos é a utilização de servidores de carreira no lugar de profissionais com cargos comissionados (DAS).
Lesley Beethoven também propôs reduzir o número de órgãos públicos, com objetivo de diminuir o pagamento de aluguéis e gastos com outras contas. "Numa análise muito criteriosa do organograma oficial da Prefeitura, com o que está lá: as secretarias, as fundações, as superintendências, a gente chega a um número aproximado de 50 órgãos oficiais. Simplesmente, é impossível você gerenciar um elefante desse tamanho. Do ponto de vista administrativo, é complicado, o governo fica ineficiente. E o gasto também fica estratosférico", disse o entrevistado. O planejamento de redução se estende a outros equipamentos. “A gente vai ter que fazer aquela escolha entre manter uma Vila Olímpica funcionando com boa manutenção ou um posto de saúde com médico, enfermeiro, farmacêutico, com limpeza, com remédio... Então, como o dinheiro vai ser curto, eu não tem dúvida: a nossa escolha, desde hoje, já é objetiva. Nós vamos manter os serviços essenciais com boa qualidade para a população, e vamos interromper aqueles que não forem essenciais para o dia a dia", pontuou.
Entre outros temas, Beethoven se comprometeu a consolidar o pregão eletrônico ("é meu compromisso. Tudo: pregão eletrônico, transparência, site da Prefeitura, só comprando aquilo que for realmente objetivo") e, em relação à segurança pública, disse ser favorável a armar a Guarda Civil Municipal para a realização de patrulhamento a pé em determinados locais, como ruas do Centro onde costumam ocorrer furtos e roubos ("Acho que a Guarda não tem só objetivo de multar. É orientar o trânsito, ordenar o trânsito, e também a função da segurança pública. Agora, tem que dar equipamentos para a Guarda").