André Oliveira: A escolha de Sofia
09/06/2020 01:23 - Atualizado em 17/06/2020 18:08
André Oliveira  Servidor público municipal
André Oliveira Servidor público municipal
O amigo leitor já deve ter lido ou ouvido a frase: a escolha de Sofia. Na verdade é uma obra literária que virou um filme bastante aclamado que retrata uma escolha conflituosa, deflagrada nos horrores da Segunda Grande Guerra e impõe um dilema. Tendo que escolher qual dos dois filhos teria que sacrificar, uma mãe se vê diante do mais terrível dilema de sua vida; ela teria de realizar a escolha, pois do contrário ambos morreriam. A cruel realidade a ela imposta se revelava na incapacidade cristalina de solucionar o problema que afligia a jovem mãe. Sofia tinha escolhas?
Essa pequena introdução me fez refletir em uma questão que aflige os servidores do município e aflige a mim pessoalmente também. Nenhum gestor, em sã consciência, faz um escalonamento de salários porque quer. O que existe, na maioria das vezes, é absoluta insuficiência de caixa financeira no momento do pagamento. Daí ele tem que escalonar, tem que fazer escolhas difíceis, mas que precisam ser tomadas.
A notícia do não pagamento aos aposentados e pensionistas da Prefeitura de Campos pegou muitos de surpresa na semana passada, mas somente aqueles que têm memória curta ou seletiva e não recordam o que falamos desde o início da gestão atual. Como presidente do PreviCampos por dois anos e meio, vi de perto tudo que fizeram com o Instituto nas gestões passadas. Auditorias, estudos técnicos e investigações comprovaram que o PreviCampos foi lesado em questões financeiras e de investimentos. Ao todo, a apuração da Fundação Instituto de Administração (FIA) identificou R$ 457 milhões em “investimentos duvidosos”.
Ainda foi apontado um declínio de patrimônio de meio bilhão de reais no período de apenas um ano, além de movimentações intensas entre agosto e dezembro de 2016 (final do governo Rosinha Garotinho), com repasses de R$ 376,9 milhões dos cofres do PreviCampos para a Prefeitura. Com todos os problemas deixados pela gestão anterior, nosso trabalho à frente do PreviCampos foi de, além de colaborar com as investigações, arrumar a casa para não deixar aposentados e pensionistas sem pagamento. Isto vinha sendo feito até que o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) proibiu que o Instituto utilizasse recursos de investimentos para pagar os salários. Agora, sem poder utilizar esta alternativa, o Instituto não consegue pagar em dia.
Vale lembrar ainda que, como parte da recuperação do financeiro do Instituto, obtivemos o Certificado de Regularidade Previdenciária, recuperando quase R$ 30 milhões junto ao INSS, que foram utilizados para o pagamento do salário de dezembro e do 13º de 2019.
Fiz o que esteve ao meu alcance, com o máximo de empenho e dedicação ao PreviCampos para evitar esse ponto de atraso de pagamento. Da mesma forma, a atual presidente, Thais de Maria Ramos, está trabalhando intensamente para tentar normalizar o que é de direito dos aposentados e pensionistas. O momento é difícil, mas com trabalho e seriedade, as coisas vão melhorar!
Vamos juntos!

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