Festa de São Fidélis não acontecerá pela primeira vez em 239 anos
Matheus Berriel 19/03/2020 13:54 - Atualizado em 24/03/2020 18:23
Matheus Berriel
Pela primeira vez em quase 240 anos, a festa de São Fidélis não será realizada. O prefeito Amarildo Alcântara emitiu nesta quinta-feira (19) um comunicado, em vídeo, anunciando o cancelamento do evento devido à pandemia do novo coronavírus. Segundo Amarildo, o objetivo é de guardar recursos para caso de necessidade no combate à doença. As atrações da festa ainda não haviam sido divulgadas. Párocos da Igreja Matriz de São Fidélis e da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São Fidélis, respectivamente, os padres Maxwell Santos Almeida e Gaspar Pelegrini informaram que a programação religiosa também será cancelada, acontecendo apenas as missas. Atualmente, São Fidélis tem três casos suspeitos de coronavírus. Um paciente está em isolamento hospitalar, e os outros dois, em isolamento domiciliar. Os resultados de exames feitos ainda são aguardados.
— Tomei a decisão de que, devido aos gastos que a gente pode ter lá na frente, vamos cancelar todos os eventos festivos do mês de abril. De imediato, já estou cancelando a festa de São Fidélis. Não vai acontecer. Não estou adiando, estou cancelando. É o padroeiro da nossa cidade. A gente tem outras datas para fazer lá na frente, faz ano que vem, mas, esse ano, infelizmente, nós vamos cancelar essa festa, porque eu vou guardar o recurso para a gente brigar, fazer uma guerra contra esse vírus. A gente tem que proteger a nossa população, a nossa saúde em primeiro lugar. O nosso povo não pode sofrer consequências graves lá na frente devido à gente estar gastando recurso com outra coisa que não seja a saúde — disse o prefeito Amarildo Alcântara.
Em relação à parte religiosa, o padre Maxwell Santos Almeida cancelou a programação do canteiro de barracas e os demais eventos externos promovidos pela Igreja Matriz de São Fidélis. “A princípio, faremos a oração da novena de acordo com a orientação que consta no site da nossa Diocese. Roguemos a Deus que proteja a todos nós e os que sofrem com a pandemia”, disse em nota.
A Diocese de Campos recomendou que as missas sejam acompanhadas por meios eletrônicos de transmissão, como internet, rádio e televisão, para evitar aglomerações.
— Todos os fiéis estão dispensados da obrigação prevista no cânon 1247 do Código de Direito Canônico de participar das missas dominicais e nos demais dias de preceito. Àqueles que optarem por não participar da celebração da missa, recomenda-se vivamente acompanha-la pelos meios de comunicação das paróquias, ou demais mídias católicas, fazendo da comunhão espiritual um importante instrumento de união eclesial e santificação pessoal. Os fiéis que participarem da Missa devem manter uma distância prudente uns dos outros, segundo as orientações das autoridades sanitárias, como prevenção contra o contágio — orientou o bispo Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, em decreto na última segunda-feira (16).
Na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São Fidélis, vinculada à Administração Apostólica São João Maria Vianney, também estão previstas apenas as missas. “Não haverá programação especial”, disse o padre Gaspar Pelegrini.
De acordo com o professor Ely Corrêa, secretário municipal de Cultura em vários governos, inclusive durante a atual gestão, tendo deixado o cargo no final de 2019, a Festa do Padroeiro acontece tradicionalmente desde 1781, quando os capuchinhos frei Ângelo Maria de Lucca e frei Vitório de Cambiasca, fundadores de São Fidélis, chegaram à região.
— Eles montavam barraquinhas ao redor da igreja e faziam o comércio deles. Logo após, acontecia a ladainha, a novena. A festa não tinha apoio do governo, porque era apenas religiosa. Mais tarde que passou a ter. Quem faziam mesmo eram os fiéis, os fazendeiros. Portanto, as barraquinhas eram todas de bambus, que ficavam próximos à Igreja Matriz de São Fidélis. Eles faziam a festa para angariar recursos para a construção da igreja, e se tornou uma festa tradicional. — explicou Ely Corrêa, destacando que os shows musicais viraram tradição a partir da década de 1980. — Não existia a parte profana. O que havia eram leilões, barraquinhas, foguetório. Dali, foi criando corpo e se criou essa tradição dos shows. Portanto, até hoje tem a parte religiosa, com procissão, e mais tarde a parte de show — enfatizou o professor.
Fazem parte da tradição, durante a novena, visitas às casas de fiéis levando uma bandeira com a imagem de São Fidélis, além da alvorada, às 5h de 24 de abril, o dia de padroeiro.

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