Crise dos hospitais filantrópicos de Campos em debate no Folha no Ar
Arnaldo Neto 02/12/2019 08:00 - Atualizado em 03/12/2019 13:19
Jorge Miranda e Frederico Paes no estúdio da Folha FM
Jorge Miranda e Frederico Paes no estúdio da Folha FM / Isaías Fernandes
Hospitais filantrópicos da rede contratualizada da Prefeitura de Campos vivem a expectativa de regularização dos repasses municipais para colocar as contas em dia e manter o atendimento. O atual cenário, no entanto, não é nada animador para os responsáveis pelas unidades de saúde. Nesta segunda-feira (2), o Folha no Ar, da Folha FM 98,3, recebeu Frederico Paes, diretor do Hospital dos Plantadores de Cana, e Jorge Miranda, diretor clínico da Beneficência Portuguesa, para abordar o assunto. Paes, que também é presidente do sindicato dos hospitais, afirmou: “A situação hoje é bastante grave. E da gravidade para o caos é muito perto. E quando a gente fala em caos, é morrer gente sem assistência”. Na entrevista, eles ainda pregaram o diálogo constante com a Prefeitura, que, segundo eles, ainda não avançou na questão da repactuação. Nesta terça (3), o programa recebe o professor e candidato a reitor do Instituto Federal Fluminense, Jonivan Coutinho Lisbôa.
Os diretores dos hospitais filantrópicos também comentaram sobre as declarações do diretor do Hospital Geral de Guarus (HGG), Dante Pinto Lucas, e o secretário Abdu Neme, em entrevista ao Folha no Ar da última sexta-feira (29). Em síntese, Abdu chamou atenção para nova realidade financeira, enquanto Dante classificou de “falácia” a afirmação de que é mais barato o serviço médico realizado pela rede contratualizada, em comparação aos hospitais públicos, e disse que o município não poderia mais pagar a esses hospitais por serviços que a rede pública já oferece.
— Não sei o porquê isso tudo está acontecendo. Somos mais baratos, somos eficientes, temos condições de fazer um bom atendimento para população. No final, há um embate entre a administração pública e os hospitais sem absolutamente nenhuma intenção de melhoria na saúde — afirmou Miranda.
Frederico também ressaltou a questão do custo e a resolutividade na rede contratualizada: “Nós somos muito baratos para Prefeitura, pala quantidade de solução que trazemos para população. O Ferreira Machado e o HGG são hospitais importantíssimos, mas são os chamados hospitais de passagem. A partir dali, são transferidos para os quatro grandes hospitais de Campos (Álvaro Alvim, Beneficência, Plantadores e Santa Casa) onde se dá a solução para problemática”.
Os diretores dos hospitais destacaram ter ciência da dificuldade financeira do município, mas pregaram o diálogo para chegar a um consenso, já que, segundo eles, até hoje não houve uma conversa direta sobre a repactuação do serviço. Outra cobrança é com relação a um cronograma de pagamentos, para que as unidades tenham condições de negociar com fornecedores e com os próprios funcionários. Com exceção da Beneficência, os hospitais receberam recentemente recursos do município por decisão judicial, o que deu condições de adquirir materiais e pagar ao menos parte da folha salarial em atraso.
Outra reclamação dos diretores é sobre a divulgação por parte da Prefeitura do valor pago no decorrer do ano. Para eles, seria uma forma de confundir a população e que a estratégia teve início no governo Rosinha Garotinho (Pros), quando também aconteceram atrasos nos repasses da complementação, que é uma lei municipal criada no governo Arnaldo Vianna (MDB). Eles também observaram que todo serviço realizado pelos hospitais contratados tem liberação da própria Prefeitura.
O atraso no repasse já levou à suspensão de alguns serviços na rede contratualizada. Jorge Miranda afirmou que na questão de insumos e medicamentos, muitas unidades já trabalham “no limite para menos”, inclusive alguns já precisaram pedir material emprestado a unidades particulares. No caso dos Plantadores, Frederico afirmou que o atraso já leva até ao descumprimento da lei: “Somos referência na região em alto risco e, acaba como consequência disso a UTI neonatal. Nós estamos priorizando esse atendimento. Fechamos o serviço de pediatria, deixamos de dar alimentação a acompanhante. Inclusive, isso é lei e estamos descumprindo a lei para priorizarmos o pouco recurso que a gente tem para UTI neonatal e a maternidade de alto risco”.
A dívida do município com os quatro hospitais, refente aos meses de julho, agosto setembro e outubro, chegou a R$ 20 milhões, mas parte foi recebido judicialmente. Eles aguardam a verba de R$ 2 milhões, para cada uma das entidades, que viria por destinação da secretaria estadual de Saúde, mas o valor ainda não foi liberado. Judicialmente, a Prefeitura pediu o desbloqueio e pagamento de R$ 1,6 milhão para a Santa Casa e R$ 1,2 para Beneficência Portuguesa. A Beneficência informou que o juiz determinou o pagamento e o valor deve estar disponível em até 48 horas.
Confira a entrevista:
 
 
 
 

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