Crítica de cinema: Filmes surrealistas no Cineclube Goitacá
Edgar Vianna Andrade 30/11/2019 12:45 - Atualizado em 10/12/2019 16:02
Divulgação
(O surrealismo no cinema) — Ainda hoje, encontramos diretores que apreciam o surrealismo e dirigem filmes nessa linha, como David Lynch. Mas a escola surrealista no cinema nasceu nos anos de 1920, explorando as investigações de Freud sobre o inconsciente humano. Freud foi um dos contestadores de Descartes. Por baixo do homem racional cartesiano, ele mostrou que existe o homem irracional movido por paixões e sentimentos nada nobres. O sonho e o inconsciente descredenciam a nobreza humana. O problema de Freud foi querer universalizar esse homem. O inconsciente revelado por ele é, na verdade, o inconsciente do homem ocidental ou ocidentalizado. As teorias de Freud não se aplicam aos povos indígenas não-ocidentalizados.
André Breton pode ser considerado o iniciador do surrealismo na literatura. Salvador Dali é o grande nome na pintura. No cinema, René Clair, que tanto marcou o impressionismo francês, flertou com o surrealismo em “Entreato”, de 1924. Filme experimentalista, “Entreato” mostra uma bailarina por baixo, pois que dança sobre um piso de vidro, que se transforma num homem barbado, e um carro funerário trafegando num trilho de montanha russa.
Contudo, atribui-se à cineasta Germaine Dulac o pioneirismo no autêntico cinema surrealista com o filme “A concha e o clérigo” (1926). Com apenas 30 minutos de duração, o filme consegue um desagrado geral. Baseado em texto de Antonin Artaud, Dulac conseguiu desagradá-lo igualmente. Parece que ela faz uma crítica à Igreja, na pessoa de um padre que cobiça a mulher de um general, e ao mundo masculino.
No entanto, os historiadores do cinema situam “Um cão andaluz” como o primeiro filme genuinamente surrealista. Luis Buñuel e Salvador Dali o conceberam e o lançaram em 1929. À primeira vista, é um filme repugnante. Sua mais famosa cena é a de uma navalha cortando o olho de uma mulher. Formigas sobem pela mão de um personagem. Um burro morto aparece sobre um piano, um homem acaricia os seios de uma mulher, um livro se transforma em pistola.
Em 1930, Buñuel lançou “A idade do ouro”, seu primeiro longa, tornando-se o maior nome do cinema surrealista. Todos os seus filmes procuram mostrar cenas do subconsciente. O mais ilustrativo de todos é “O anjo exterminador”, de 1962.
No próximo dia 03 de dezembro, no Cineclube Goitacá, os campistas interessados em filmes que o cinema comercial repudia terão a oportunidade de assistir a “Entreato”, “A concha e o clérigo” e “Um cão andaluz”, no conjunto com duração de pouco mais de uma hora. Vale a pena.

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