Intervenções no rio Paraíba afetam sobrevivência da população da Foz, diz Comitê
Camilla Silva 29/10/2019 10:19 - Atualizado em 05/11/2019 16:44
O Comitê de Bacia da Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, instituição responsável por promover a gestão dos recursos hídricos nas regiões Norte e Noroeste Fluminenses, emitiu uma nota pública, nesta quarta-feira (29), sobre o fechamento da barra na foz do rio Paraíba do Sul, no Pontal de Atafona, em São João da Barra, ocorrida no último fim de semana. No documento, o comitê afirma que foram realizadas mudanças significativas nas operações dos reservatórios buscando a preservação do abastecimento das capitais fluminense e paulista em detrimento da porção final do Paraíba e que tais decisões abalam não apenas o legítimo direito ao desenvolvimento das diversas regiões e sub-regiões hidrográficas, mas também o  pacto federativo, o direito à vida e à dignidade humana. Neste domingo, a Folha da Manhã trouxe uma matéria com o ambientalista e historiador Aristides Soffiati, na qual ele afirma que processo que ocorre em Atafona não é natural.
“Acreditamos que sozinhos sejamos capazes apenas de promover a identificação e dimensionamento dos problemas atuais e projetar algumas consequências futuras da crise que vivenciamos, mas só com a união e engajamento dos diversos atores da sociedade é que poderemos avançar na conquista de soluções efetivas, que passam fundamentalmente por aportes justos de recursos de compensações, de quem usa grandes volumes de água e que impõem a escassez para as populações a jusante”, afirma o Comitê em nota.
De acordo com o documento, desde a década de 60, quando foi concretizada a transposição de cerca de 2/3 do volume de água para abastecimento do sistema Guandu, a foz do rio vem perdendo sua força e o mar vem avançando com grande velocidade, gerando aumento no fenômeno de intrusão salina, identificado desde 2014, e a diminuição do transporte de sedimentos que, pela baixa vazão, não chega ao mar e vem se acumulando ao longo da calha do paraíba de São Fidélis até a foz.
“Não sabemos a reação da natureza a essa mudança de barra do rio e muito menos o futuro das populações que sempre dependeram do rio, tanto pela agricultura como pela pesca comercial e de subsistência, conforme relatos em nossas câmaras técnicas, ao longo desses anos de redução de chuvas e de vazões”, acrescenta.
A Folha da Manhã entrou em contato com a Agência Nacional de Águas e o Instituto Estadual de Ambiente, que não se manifestaram sobre o assunto. 
Fechamento - Desde sábado (26), pelo menos, Atafona não é mais a foz do rio Paraíba do Sul, ao menos por hora. Segundo as prospecções do ambientalista Aristides Soffiati, se medidas para reverter a situação não forem tomadas com urgência, a tendência é de que o local vire uma espécie de lagoa, como ocorreu em Barra do Furado e nas lagoas do Açu, Iquipari e Grussaí. O agravante é o fato dos exemplos citados não se tratarem de um rio principal e perene. O avanço das areias foi mostrado em matéria publicada em agosto deste ano, quando a passagem de pescadores foi bloqueada e a solução foi a abertura de um canal. Com o fechamento, os pescadores terão acesso ao mar por São Francisco de Itabapoana, o que pode trazer reflexos para a economia local. quando a passagem de pescadores foi bloqueada e a solução foi a abertura de um canal. Com o fechamento, os pescadores terão acesso ao mar por São Francisco de Itabapoana, o que pode trazer reflexos para a economia local.

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