Pai preso sob suspeita de espancar filho recém-nascido em Farol
Verônica Nascimento, Catarine Barreto e Virna Alencar 22/01/2019 09:52 - Atualizado em 25/01/2019 18:46
Catarine Barreto
Um homem de 21 anos, identificado como Lucas do Espírito Santo Pereira, foi preso temporariamente nesta terça-feira (22) sob suspeita de agredir o filho, um bebê de 25 dias. A criança está internada em estado grave no Hospital Ferreira Machado (HFM), desde a tarde do último sábado (19). O caso, apresentado pelos pais da criança, em um posto de saúde de Farol de São Thomé, como um acidente doméstico — queda de cama —, passou a ser investigado como tentativa de homicídio, agravada por motivo fútil. Inicialmente, com base no boletim de atendimento médico, o bebê estaria com trauma no crânio, na face e hematomas. Na noite dessa segunda (21), a mãe mudou sua primeira versão do fato e registrou, na 134ª Delegacia de Polícia (Centro), que o marido teria espancado o próprio filho, porque o bebê golfou (vomitou) nele. À tarde, em coletiva de imprensa, o delegado titular da 134ª DP, Bruno Cleuder, acrescentou detalhes do caso e complementou que, independente da versão apresentada pela mãe, ela pode responder criminalmente por omissão de socorro já que possui o dever de cuidado. Em nota, o HFM informou que em nenhum momento foi relatado à equipe médica suposta agressão ao bebê.
Detido na manhã desta terça (22), o pai do recém-nascido, de 21 anos, não confirmou as declarações da mulher, de 25 anos, de que segurava o filho e que, quando o menino vomitou, ele o jogou na cama e desferiu cinco socos em sua cabeça e rosto. Já a mãe, que só registrou o caso dois dias depois, será ouvida novamente pela polícia para saber se foi pressionada e, com medo do marido, apresentou a versão da queda na unidade de saúde e no hospital, ou se foi conivente com a situação. As informações são do delegado Bruno Cleuder, acrescentou que também vai apurar com o HFM por que, se houve suspeita de algo diferente de um acidente, o caso não foi notificado à polícia.
Delegado Bruno Cleuder
Delegado Bruno Cleuder / Foto - Antônio Leudo
O delegado não descarta nenhuma hipótese, mas afirma que, com base nas informações do boletim médico e com as impressões dos policiais que estiveram no hospital, é improvável que o bebê tenha se ferido tão gravemente em uma queda e que os indícios são de espancamento.
— Informalmente, porque falta ainda o laudo médico, com base no que os policiais conversaram e com informações do BAM (boletim de atendimento médico), houve trauma craniano, vários hematomas, várias equimoses na face, que não seriam compatíveis com a versão de queda. Não é impossível, mas é muito improvável. Trabalhamos com indícios, e os indícios caminham no sentido de que a versão da mãe de que foram socos, aproximadamente cinco socos desferidos contra a face e o crânio da criança, seja mais compatível com as lesões”, concluiu o delegado.
Segundo o HFM, conforme relato da mãe do bebê dada à equipe de plantão, “a criança teria sido colocada em cima de um colchão inflável, que estava em uma cama de alvenaria e, após a mãe sair do banho, teria sentado na ponta oposta do colchão, o que teria feito com que o material impulsionasse o bebê para cima, ocasionando a suposta queda. Mas, posteriormente, a própria mãe do bebê resolveu procurar a delegacia, por conta própria, para relatar denúncia de suposta agressão”.
A unidade ainda ressaltou que o Serviço Social do Pronto Socorro acionou o Conselho Tutelar, via telefone, no dia 19, e duas conselheiras estiveram na unidade no mesmo dia. Porém, o relato dado por familiar que acompanhava o bebê foi de acidente doméstico. “Além do contato por telefone, o Serviço Social também emitiu notificação compulsória ao Conselho Tutelar, que consiste na formalização por escrito da comunicação ao órgão”.
O caso — O caso aconteceu por volta das 15h, na tarde de sábado (19), em uma casa de veraneio em Farol de São Thomé. O recém-nascido foi levado pelos pais a uma unidade de saúde na praia campista. De lá, o menino foi encaminhado, às pressas, para o Hospital Ferreira Machado. Nesta terça, a assessoria do HFM informou que o estado de saúde da criança é considerado grave e ela permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP). A versão de que a criança foi agredida pelo pai somente surgiu na noite de segunda, por volta das 23h30, quando a mãe foi à delegacia e relatou aos policiais não ter ido prestar queixa imediatamente por medo do suspeito.
A mulher foi à DP acompanhada pelo pai e contou que o marido estava brincando com o menino, que teria golfado em sua roupa. Em reação, ele teria jogado o bebê na cama e, após tentar enforcá-lo, teria golpeado a criança no rosto, com cinco socos.
— Fomos hoje (terça-feira), logo cedo, verificar o BAM, já que o hospital não havia notificado o fato. Também, logo depois das 6h, fomos à casa da mãe do suspeito, em Donana, local em que ele estaria. Como não tínhamos mandado de prisão ainda, fomos convidá-lo a vir à delegacia prestar esclarecimentos. Quando ele notou a presença da polícia, se evadiu, fugiu pela janela. Retornamos ao hospital, fizemos algumas diligências e, em novo contato, retornamos a Donana, onde ele foi detido e trazido para prestar suas declarações — contou o delegado.
Coletiva — A Polícia Civil pediu a prisão temporária, por período de 30 dias, em desfavor do pai da criança. Em coletiva de imprensa, o delegado Bruno Cleuder, informou que a criança será submetida a exames que comprovem se as lesões sofridas são compatíveis com a versão apresentada pela mãe ou pelo pai. O homem será transferido para o Presídio Carlos Tinoco da Fonseca e responderá por tentativa de homicídio por motivo fútil. Caso a vítima venha a óbito, ele responderá por homicídio, na modalidade agravada.
— Nesse tempo, a criança, em vida, passará por exame de corpo de delito e, caso venha a óbito, o exame cadavérico irá trazer as respostas que buscamos. A prisão temporária dele também permitirá que o suspeito não coaja a mulher a seguir com a versão que ele apresentou. Ele nega os fatos veementemente e continua dizendo que foi uma queda da cama — acrescentou.
Ainda de acordo com o delegado, em depoimento, a mulher chegou a dizer que, em um primeiro momento, o companheiro desconfiou se era o pai da criança e que, por isso, não a registrou em seu nome. Mas, que, a partir do nascimento do bebê, ele teria agido com naturalidade, demonstrando ser bom pai. Ela sustentou ainda que o parceiro teria perdido o controle num momento de fúria.
Durante a coletiva, Bruno Cleuder informou, ainda, que na segunda-feira (21) a Polícia Civil recebeu um disque-denúncia dando conta de que a criança já estava com perda de visão e que estaria passando por cirurgia para aliviar a pressão intracraniana. Com esses detalhes, o delegado acredita que a informação tenha partido de dentro da própria unidade.

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