Assédio é tema de debate na Uenf
Daniela Abreu 24/04/2018 20:25 - Atualizado em 24/04/2018 23:15
Tema foi debatido na Uenf
Tema foi debatido na Uenf / Rodrigo Silveira
O anfiteatro três do Centro de Convenções da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy Riberiro (Uenf) ficou lotado, nesta terça-feira (24), para a roda de conversa “Educação e Direitos Humanos – Um debate sobre assédio sexual e moral nas universidades”. O tema foi abordado em matéria especial na edição do último domingo (22) da Folha da Manhã. Participaram da mesa, a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Bárbara Breder; a ex-aluna da UFF e atual aluna da Uenf, Esther de Souza Alferino; a advogada e professora substituta da UFF na época das denúncias, Semirames Khattar; e o delegado da Polícia Federal em Campos, Paulo Cassiano Júnior.
A professora Bárbara Breder pontuou itens que colaboram a prática silenciosa do assédio nas universidades, misoginia, racismo e religião, fatores existentes em toda a sociedade.
— A partir do momento que a mulher se organiza e exige seu direito de não ser molestada, violada, violentada, aponta algo que estava naturalizado — disse Bárbara, que apontou como fatores que dificultam o enfrentamento a culpabilização da vítima, a auto culpabilização, o desconhecimento dos canais de denúncia, o desmerecimento da denúncia e a falta de apoio das instituições.
Tema foi debatido na Uenf
Tema foi debatido na Uenf / Rodrigo Silveira
A advogada Semirames Khattar ressaltou que, segundo as leis que regem o serviço público, “é dever do servidor comunicar qualquer irregularidade que chegue ao seu consentimento”. Segundo ela, o caso do professor demitido há duas semanas por assédio na UFF depois de diversas denúncias de alunas, deveria ter sido investigado pela instituição no decorrer do processo e não no início e pelas vítimas, como condicionante da denúncia.
O delegado Paulo Cassiano enumerou as barreiras durante a investigação, que culminou em um inquérito onde ele defende a responsabilização do professor pelo crime de assédio sexual na UFF, e exaltou a coragem das alunas e servidoras, além da necessidade de que outras vítimas denunciem. “O quão desafiador é romper essa lógica, fazer a roda começar a girar no sentido contrário e isso não será possível se as vítimas se calarem. Como autoridade policial, se vocês não se lembrarem de nada do que eu disse aqui, não se esqueçam de fazer as suas vozes ativas, ecoarem alto”, disse o delegado.

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