Ministros do Supremo voltam a trocar farpas publicamente
28/02/2018 22:41 - Atualizado em 01/03/2018 14:42
Gilmar Mendes
Gilmar Mendes / Nelson JR- Ascom TSE
A troca de farpas públicas entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso ganhou um novo episódio nesta quarta-feira. Ao blog da jornalista Andréia Sadi, Gilmar voltou a criticar o colega afirmando que ele “fala pelos cotovelos”. Em resposta, Barroso disse que o Direito “não é feito para proteger amigos” e que ele não frequenta palácios nem troca “mensagens” amistosas com réus.
Gilmar comentava a polêmica em torno do ex-diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, demitido nessa terça-feira pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Mendes comentou durante uma entrevista o inquérito que investiga o presidente Michel Temer. Barroso é o relator da investigação, e determinou que Segovia se explicasse. “O Barroso que não sabe o que é alvará de soltura, fala pelos cotovelos. Antecipa julgamento. Fala da malinha rodinha. Precisaria suspender a própria língua” afirmou Gilmar Mendes.
Ao mencionar a “malinha rodinha”, o ministro fez referência ao julgamento, ocorrido em dezembro, em que seu colega comentou o vídeo em que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) aparece carregando uma mala com R$ 500 mil. “Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão”, afirmou, na época.
Luís Roberto Barroso rebateu as críticas, dizendo que não antecipa julgamentos e nem fala sobre política. “Jamais antecipei julgamento. Nem falo sobre política. Eu vivo para o bem e para aprimorar as instituições. Sou um juiz independente, que quer ajudar a construir um país melhor e maior. Acho que o Direito deve ser igual para ricos e para pobres, e não é feito para proteger amigos e perseguir inimigos. Não frequento palácios, não troco mensagens amistosas com réus e não vivo para ofender as pessoas”, escreveu.
Barroso fez referência aos frequentes encontros — alguns deles fora da agenda — entre Gilmar e o presidente Michel Temer, assim como a proximidade dele com políticos investigados, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Temer - Relator do inquérito que apura se Michel Temer favoreceu empresas no porto de Santos por meio de um decreto em troca de propinas, Luís Roberto Barroso autorizou, na última terça-feira, a prorrogação por mais 60 dias da investigação pela Polícia Federal. Enquanto isso, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao ministro Edson Fachin, também do STF, a inclusão de Temer no rol de investigados no inquérito que apura o suposto favorecimento da Odebrecht pela antiga gestão da secretaria de Aviação Civil da Presidência da República.

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