Jane Ribeiro
24/02/2018 16:39 - Atualizado em 26/02/2018 14:56
Soldados atuaram em pontos da BR 101
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Paulo Pinheiro
Mesmo com a intervenção federal na Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro a criminalidade na cidade do Rio e também no interior do Estado continua em alta. Em Campos, esse ano, já foram registrados 29 homicídios. Desses, 16 no mês de fevereiro. Comparado ao mesmo período do ano passado, o número se iguala, levando em consideração que o mês ainda não terminou. Na primeira semana de intervenção a violência não deu trégua ou recuou no interior do Estado. Foram assaltos com troca de tiros, tentativas de homicídio e assassinatos. A grande preocupação das autoridades é quanto à migração dos bandidos da capital para o interior. A intervenção de militares nas ruas do Rio e também nas rodovias federais que fazem divisa com os estados do Espírito Santo e Minas Gerais já começou. Para os especialistas na área de segurança, a intervenção federal com o exército nas ruas é necessária, mas não traz segurança.
A intervenção está prevista para durar até dia 31 de dezembro de 2018 e ficará sob a responsabilidade do general Walter Souza Braga Netto, do Comando Militar Leste. Ele está nas Forças Armadas há 43 anos e foi um dos responsáveis pela coordenação de segurança, durante as Olimpíadas do Rio, em 2016.
O deputado estadual Bruno Dauaire (PR), vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Alerj, já havia solicitado ao interventor uma reunião a fim de ampliar a cooperação com todos os órgãos envolvidos, como Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunal de Justiça para a elaboração de um plano de contenção que proteja o interior. Ele aguarda o retorno do General Braga Neto, de Brasília, para uma nova reunião.
Soldados atuaram em pontos da BR 101
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Paulo Pinheiro
— Existe a promessa do general em resolver também esse problema. O Estado do Rio passa por uma crise de autoridade desencadeada pelo sucateamento e pela falta de poder das instituições policiais. A migração é uma realidade. Isso aconteceu com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), que durante a implantação não se pensou em um plano estratégico de contenção e a região Norte, Noroeste e Lagos foi completamente tomada pelas facções criminosas. O jeito é lutar para que isso não aconteça e fazer com que a sociedade se mobilize para o bem maior da população — informou o deputado.
Em nota, a assessoria de comunicação de Campos informou que o município “entende a importância de unir esforços para melhorar a segurança e vem contribuindo dentro de sua competência, através de parceria. A Guarda Civil Municipal e a superintendência de Paz e Defesa Social vem desenvolvendo ações junto aos órgãos de segurança como as polícias civil e militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Rodoviária Federal (PRF). No que se refere ao município, a prefeitura vem resolvendo a questão da iluminação, aumentando a sensação de segurança”.
A especialista em Segurança Pública do Núcleo de Estudos da Exclusão da Violência (Neev) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Luciane Silva, não vê a intervenção como solução para garantir segurança para a população do Rio e do interior. Ela não acredita na migração de bandidos para Campos. “Nesse momento uma intervenção dessa natureza não resolve o problema do Rio de Janeiro, mas também não vai alterar a rotina como, por exemplo, da imigração. Nós aqui em Campos não temos um estudo sobre a violência para entender fluxo migratório de criminalidade. Não há esse impacto. Tem um problema muito mais grave porque o exército não pode fazer policiamento urbano, ele não está preparado. Quem é legitimado para isso é a PM. A impressão que tenho é que essa intervenção é um espetáculo e causa muito mais insegurança do que segurança”, declarou Luciane.
Trabalho conjunto nas divisas do estado
Para aumentar o controle nas rodovias o exército começou a monitorar os 198 km de divisa do Espírito Santo com o Rio de Janeiro e Minas Gerais. A previsão inicial é de dois meses de trabalho intenso, mas o prazo pode se estender por quanto tempo for necessário. Para o reforço, bloqueios serão feitos pela polícia em oito pontos do estado, sendo que a BR 101 foi o único relevado. Os demais não serão mencionados, por tratar-se de trabalho de inteligência policial. O monitoramento vai ser feito por helicópteros, drones e viaturas.
Em Campos uma operação foi realizada na última segunda-feira (19). Uma equipe das Forças Armadas, da 9ª Bateria de Artilharia Antiaérea de Macaé montou um acampamento no km 79 da BR 101 (Campos-Rio), na entrada de Ponta da Lama e contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A operação se estendeu até a entrada da localidade de Dores de Macabu e em pontos diferentes de Ururaí e, nas divisas do Estado no Noroeste Fluminense, em Itaocara e Santo Antônio de Pádua.
Soldados atuaram em pontos da BR 101
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Paulo Pinheiro
Decreto deixou empresários apreensivos
Na opinião do presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), José Luiz Lobo Escocard, a intervenção federal está deixando alguns empresários campistas apreensivos. Ele teme que o crime recue para o interior e atinja cidades como Campos que está acerca de 350 km da capital. Diante disso, a Acic está convocando representantes da Câmara dos Diretores Lojistas (CDL), Associação de Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoa (Carjopa) e do Sindicato dos Comerciantes Varejistas de Campos (Sindivarejo), entre outros representantes da sociedade civil organizada, para uma reunião na próxima semana.
— Vamos também convidar as autoridades policiais como o comandante do 8º Batalhão da Policia Militar, Tenente Coronel Fabiano de Souza e o delegado titular da 134ª DP, Geraldo Rangel, para dar um esclarecimento aos empresários de como será feita a segurança nas cidades do interior. Estamos preocupados com a vinda de bandidos para a nossa cidade. Temos que evitar que isso aconteça. E ninguém melhor para nos dar um respaldo do que as autoridades policiais — disse o presidente.
Criação — Na última sexta-feira o presidente Michel Temer anunciou a criação do Ministério Extraordinário de Segurança Pública. Ele não citou os nomes estudados para assumir a pasta, mas disse que pelo menos dez já foram cogitados. O presidente da República explicou que o ministério vai coordenar as ações de segurança pública em todo o país, o que, segundo ele, nenhum governo federal quis fazer até agora.
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