Maior açude do país, Castanhão atinge volume morto
30/11/2017 14:19 - Atualizado em 06/12/2017 16:16
Maior açude do Brasil com volume morto
Maior açude do Brasil com volume morto / Reprodução de vídeo
A agonia de pescadores chama atenção de quem passa pelo município de Nova Jaguaribara, cidade distante 219 km de Fortaleza. A população que um dia viveu da abundância de peixes e um comércio próspero, hoje busca alternativas para tirar o sustento diário. A cidade fica ao lado do maior açude do Brasil, o Castanhão. O reservatório está pela primeira vez no volume morto, com 3,15% de capacidade de armazenamento. E a seca traz prejuízos. Pescadores afirmaram que atualmente lucram cerca de 10% do que recebiam há seis anos.
A fartura e o prato cheio são relembrados pelo pescador e comerciante José Ubiratan da Silva, de 42 anos. José conta com entusiasmo como o Castanhão o ajudou a construir uma boa casa na Vila Marizeira, em Nova Jaguaribara. “Tudo que tenho hoje, o que vocês estão vendo aqui, uma boa casa para o padrão daqui, foi construído graças à pescaria no Castanhão”, conta, satisfeito e orgulhoso.
José Ubiratan relata que no auge do Castanhão, em um mês, faturava até R$ 4 mil com a pesca. "Era uma abundância sem fim. Muito cará, pescada, traíra, pirambeba e tilápia. Até camarão! Eu lucrava algo em torno de R$ 3 mil e R$ 4 mil por mês. Muito peixe, muita alegria. Vinha gente de longe comprar peixe aqui. Gente da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco", conta.
Com a seca que já dura seis anos e é a mais grave estiagem do Nordeste, Ubiratan tenta driblar a crise ainda com a pescaria no açude e na pecuária em alguns momentos. Com tristeza ele diz que atualmente agradece a Deus por conseguir R$ 500 por mês. Segundo ele, esse valor é poucas vezes conquistado nos últimos três anos de seca. "A pescaria virou até um pesadelo."
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"Dá uma frustração na gente, sabe? Tirar para você uns R$ 4 mil e agora pegar R$ 300 ou R$ 500 por mês deixa você sem esperanças. Temos que seguir em frente e trabalhar com o que Deus nos reserva e proporciona."
O reservatório recebeu carga máxima pela primeira vez em 2004 e nunca havia atingido o volume morto.
Mesmo com a crise, a possibilidade de racionamento está descartada. "A capitação continua ocorrendo normalmente, mas com algumas preocupações. O volume [de água do Castanhão] tem decrescido diariamente em um milhão de metros cúbicos e isso é prepcupante", diz o técnico do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) Fernando Pimentel.
Fonte: G1

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