Paes declara apoio do PSD à candidata de Bacellar após Caio fechar com Wladimir
Com o prazo para a formação das nominatas chegando ao fim, a disputa entre os grupos dos Garotinho e dos Bacellar se acirra ainda mais e teve o PSD como protagonista nos últimos dias. Nem mesmo o feriado de Sexta-feira da Paixão foi de folga nas movimentações políticas. Após o prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmar que o PSD só ficaria sob o comando de Caio Vianna em Campos “se ele fosse candidato a prefeito”, caso contrário seguirá com Rodrigo Bacellar e Bruno Vianna, o próprio filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna e deputado federal gravou um vídeo declarando que segue alinhado com o prefeito Wladimir Garotinho (PP), com quem se reuniu e fez uma postagem conjunta nas redes sociais. O movimento foi entendido por Paes como uma confirmação de que Caio não disputará a Prefeitura, já que, depois do vídeo, ele foi também às redes sociais e postou que “o PSD em Campos estará ao lado da candidatura do União em Campos”, no caso a delegada Madeleine Dykeman, nome lançado por Rodrigo Bacellar.
Terceiro suplente de deputado pelo PSD com 36.785 votos, Caio assumiu pela primeira vez há 11 meses como único representante do Norte Fluminense no Legislativo Federal, após articulações do próprio Eduardo Paes. Atualmente Vianna está no lugar Daniel Soranz (PSD), que é o secretário de Saúde do Rio de Janeiro. Ao blog, Paes sentenciou: “Na segunda o Caio volta definitivamente para Campos”, confirmando a saída dele da Câmara Federal, onde será substituído, segundo o prefeito do Rio, por outro suplente, Marcelo Calero (PSD), que está titular da secretaria municipal de Cultura de Eduardo. “O Calero assume o mandato, Caio volta a ser suplente. Não assume mais”, completou o líder do PSD, que já está providenciando a substituição de Caio por Bruno Vianna na presidência do diretório municipal do partido em Campos.
Na noite dessa sexta, Bruno publicou em uma rede social a mensagem: "Seguiremos juntos: essa é a união que Campos precisa! Em tempo: Na política é preciso agir com lealdade e espírito de grupo. São princípios que aprendi com o meu pai e sigo firmemente. No mais, a vida se encarrega de mostrar quem é quem".
Após a publicação de Bruno Vianna, Paes compartilhou a mensagem e ressaltou: "É contigo agora, amigo Bruno Vianna. Coerência é tudo. Segue firme!".
Independentemente da decisão de Paes de que “Rodrigo Bacelar é quem vai dar o caminho do partido em Campos junto com o vereador Bruno Vianna”, Caio disse que seguir aliado com o prefeito Wladimir é o melhor para o município. “O diálogo entre prefeito e deputado federal traz resultado para população. E nesse momento tem muita especulação acontecendo na cidade. Especulação sobre o partido do qual eu sou presidente em Campos. Sou deputado federal mais votado pela cidade e a gente entende que a direção estadual do partido muitas vezes precisa fazer movimentos, preocupada com a eleição da capital do Rio, do prefeito Eduardo Paes. Mas nós aqui temos que estar preocupados com o que é melhor para Campos, para nossa cidade. E nesse momento a gente tem certeza que o nosso trabalho contínuo, dialogando e juntos é o melhor para Campos. Por isso, que nós vamos seguir nessa direção com o prefeito Wladimir Garotinho”, disse Caio, pontuando emendas trazidas para o município.
A vinda de Rodrigo Bacellar a Campos na noite da última quarta-feira (27) trouxe a seu grupo político a informação de que o PSD está na relação de partidos disponíveis a seus pré-candidatos na disputa à Câmara. O próprio presidente da Alerj confirmou a seus aliados que havia vingado o acordo costurado por ele com o prefeito do Rio por um alinhamento também na capital, como havia noticiado a coluna Ponto Final da Folha (aqui), no último dia 9.
“Paes quer fazer o deputado federal Pedro Paulo (hoje, PSD) vice em sua chapa de reeleição. Que mira em turno único para se lançar candidato a governador em 2026, deixando a Prefeitura do Rio com alguém da sua estrita confiança. Para ampliar seu leque partidário, e como o PT quer sua vice para apoiá-lo, Paes já tentou emplacar Pedro Paulo no PP de Wladimir, sem sucesso. O União de Rodrigo seria não só alternativa, como demonstração de força”, noticiou a coluna a informação, que ganhou mais força depois que Paes foi à recente filiação e posse de Bacellar na presidência do União.
Pedido de empenho após desafio
Um dos homens mais poderosos atualmente na política do estado do Rio de Janeiro, o campista e presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (presidente estadual do União), desembarcou na sua cidade natal menos de uma semana após declaração do prefeito Wladimir Garotinho (PP) desafiando Bacellar a lançar seu irmão Marquinho a uma disputa direta à Prefeitura, afirmando que Rodrigo “não tem voto” em Campos. A provocação (aqui) foi feita durante entrevista no Folha no Ar, na Folha FM 98,3, na sexta-feira passada (22).
A visita de Bacellar aconteceu também em um momento de tensão e mudanças na Câmara após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que cassou seis vereadores em Campos por fraude na cota de gêneros nas eleições de 2020. Antes de se reunir com todos os pré-candidatos, ele teve um encontro com três deles e outros vereadores do seu grupo. “Aqui a parceria é de verdade e estamos juntos em qualquer situação! E vamos em busca de grandes vitórias”, escreveu Marquinho, sendo compartilhado por Rodrigo.
Todos eles também participaram da reunião com os demais pré-candidatos, inclusive com a presença do ex-vereador Jorginho Virgilio (DC) e o suplente do Cidadania, Tony Siqueira, que estão no grupo dos Bacellar e moveram ações que resultaram na cassação dos seis parlamentares. Jorginho e Tony da Saúde são cotados para assumir.
Outros ex-vereadores e novidades como a jornalista Cláudia Eleonora, possível pré-canditada no grupo, estiveram presentes. Rodrigo pediu o comprometimento de todos para uma boa votação à futura candidata à Prefeitura, a delegada Madeleine Dykeman (União), como uma resposta ao desafio de Wladimir.
— A noite desta quarta foi na minha terrinha, Campos. Reunião fechada com pré-candidatos do nosso grupo para alinhar estratégias. Mais do que aliados políticos, temos grandes amigos e amigas que estão ao nosso lado em todos os momentos — disse Rodrigo.
Vídeo gravado junto por alinhamento
Mesmo sem declarar abertamente, no vídeo feito na tarde dessa sexta, que estará apoiando Wladimir Garotinho à reeleição, Caio Vianna parece agora não ter muita saída, a não ser que seja mais claro a seu padrinho político Eduardo Paes sobre que alinhamento fez com o prefeito de Campos. Nos bastidores, não é descartado que Vianna assuma algum cargo na Prefeitura, já que não permanecerá como deputado já na próxima semana.
Antes do vídeo, a Folha havia procurado o deputado federal para comentar sobre o assunto e também para trazer mais detalhes sobre sua possível saída da Câmara, mas não obteve resposta.
Na postagem dessa sexta, Wladimir também ressaltou a parceria com Caio por emendas para Campos e escreveu: “O ciclo se renova e as histórias se reencontram. Precisamos de uma política que coloque o campista em primeiro lugar e não uma política que gere confronto e divisão. Campos precisa seguir avançando e celebrando conquistas”.
O possível alinhamento de Caio a Wladimir, com a ausência dele na disputa municipal, já era cogitada por Rodrigo Bacellar. O próprio presidente disse a aliados que o acordo feito por ele com Paes pela capital não obrigaria Caio a ser candidato à Prefeitura, deixando, supostamente, a decisão na mão dele, apesar de Bacellar não esconder que o nome de Caio, somado a outros na disputa, aumentaria as chances da eleição seguir para o segundo turno. No entanto, Caio já vinha se alinhando nos últimos meses ao prefeito Wladimir Garotinho, antes o seu principal adversário, como aconteceu nas eleições de 2020, que foi ao segundo turno.
Wladimir vinha trabalhando na montagem da nominata do PSD na planície e se reuniu com aliados nessa quinta (28) para recalcular a rota e definir novo destino para os pré-candidatos que iriam disputar pela sigla, entre eles, o vereador Marquinho do Transporte (ainda no PDT) e Dudu Azevedo, assessor do prefeito e apontado como o principal apoiado por ele à Câmara. A alternativa mais trabalhada, segundo informações de bastidores, é que Transporte venha pelo PP e Dudu no Republicanos.
Com a articulação de Bacellar, Bruno Vianna que já está no PSD vai tentar voltar à Câmara, e terá possivelmente Maicon Cruz como colega de partido. Os dois foram cassados e afastados recentemente da Câmara, mas estão liberados pelo Tribunal Superior Eleitoral para concorrerem ao pleito de outubro. Outros nomes como do vereador Fred Machado (Cid) e de ex-parlamentares são trabalhados para a sigla.
Veja o vídeo de Caio com Wladimir: