Sessão em tom de despedida e de disputa eleitoral
Rodrigo Gonçalves 26/03/2024 13:54 - Atualizado em 27/03/2024 07:21
Rodrigo Silveira
A primeira sessão após a mudança de horário na Câmara de Campos, na manhã desta terça-feira (26), foi em tom de despedida para os vereadores que tiveram seus mandatos cassados na última semana por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e também por embates entre os grupos dos Garotinhos e dos Bacellar, motivados pela votação do reajuste do piso nacional do magistério e também pela disputa eleitoral, que foi esquentada por declarações dadas pelo prefeito Wladimir Garotinho (PP) na última sexta-feira (22), no programa Folha no Ar da Folha FM 98,3. Até a atuação do prefeito no distrito de Santo Eduardo, castigado pelas chuvas, virou motivo de discussão.
Dos seis vereadores que deverão ser afastados dos seus cargos, apenas Bruno Vianna (PSD) e Nildo Cardoso (União) não estiveram presentes. Os dois foram eleitos pelo PSL, partido que teve todos os seus votos anulados por decisão da Justiça pela acusação de fraude na cota de gênero nas eleições de 2020. Pelo DEM, sigla também penalizada, os vereadores Marcione da Farmácia e Rogério Matoso (ambos atualmente no União), usaram a tribuna para agradecer o apoio de todos e se despedirem. Marcione chegou a se emocionar. Quem também foi à tribuna comentar o afastamento foi Maicon Cruz, cujo partido pelo qual foi eleito, o PSC, também teve os votos anulados, fazendo com que ele e o pastor Marcos Elias tenham que ser afastados. Marcos Elias não se pronunciou nesta terça na Câmara.
Vereadores também prestaram solidariedade aos colegas cassados, deixando de lado qualquer diferença de grupo político. O presidente da Câmara de Campos, Marquinho Bacellar (SD), criticou a decisão da Justiça.
— É claro e evidente que a gente foi pego de surpresa com uma notícia do judiciário. Na minha humilde opinião, mais uma vez o judiciário atropela a política. Eu acho que o que foi feito numa decisão monocrática foi um ato covarde, essa é a minha opinião particular de vereador, cassar seis vereadores em reta final de mandato, faltando alguns meses para concluir seu mandato, eu achei um absurdo. A gente logicamente ficou triste. Perdemos, lógico, seis colegas se afastam, não perdemos, se afastam da Casa, vão ter que se afastar assim que chegar essa decisão — comentou Marquinho, direcionando o discurso, em certo momento, diretamente aos vereadores do seu grupo de oposição. “Como eu já falei com vocês, eu quero cabeça erguida até o final de vocês aqui. E se vocês forem afastados, infelizmente vão ser afastados, a gente tem que acatar, nós vamos seguir junto nas ruas”, completou.
O presidente da Câmara também aproveitou a sua ida à tribuna para fazer críticas e ataques ao prefeito, citando os problemas ocasionados pela chuva e as declarações dadas por Wladimir na Folha FM na última sexta, quando o prefeito declarou: “Rodrigo (Bacellar) não tem voto! Se ele tivesse voto, ele não estava querendo arrumar cinco, seis candidatos para disputar eleição; ele botava o irmão dele para disputar comigo”.
— Nós estamos há duas semanas ouvindo, vai vir uma tragédia, está vindo uma tragédia. Final de semana vem muita chuva (...) e o prefeito fez o que sexta? Foi para uma rádio, dá entrevista. Porra (bate) o governador, porra o Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj, meu irmão, e o que acontece domingo, gente? (...) O vice-prefeito me liga pedindo o favor de Rodrigo, uma máquina do Estado, para desobstruir um canal. Tem coerência, gente? Não tem. Acho que tinha que ter vergonha na cara. Ele deveria ter me ligado e me pedido a máquina (...)Gente, tragédia eu concordo, mas a tragédia poderia ser mais amena, se ele gastasse os R$ 2 bilhões que ele tem em caixa para ajudar a população. O cara vai pra Santo Eduardo andar de jet ski, pô. Aí é brincadeira, gente (...) Falar que eu uso tragédia, que eu brigo na hora da tragédia, gente... O cara que vai visitar um morador com água na cintura, olhando para o fotógrafo. Gente, chega de família Garotinho. Chega de artista em Campos. Pelo amor de Deus. Eu não estou pedindo voto para A, para B, para C, nós vamos ter um leque de candidatos a prefeito. Escolham o melhor. Chega de artista nessa cidade. Prefeito, o senhor me convida sempre para vir prefeito de Campos, e na Folha da Manhã eu questionei, vamos fazer um debate, vem na Câmara, me convida na Prefeitura ou numa emissora de rádio e televisão, vamos debater nós dois. Se você me provar que a cidade evoluiu de verdade, prefeito, eu não venho nem candidato a vereador. Porque a cidade continua uma zona na Saúde, na Educação, no Transporte, nada mudou — discursou Marquinho.
O vice-líder do governo, Juninho Virgílio (União), rebateu Marquinho e reforçou o desafio feito pelo prefeito de que o presidente da Câmara venha para a disputa ao Executivo.
— Em relação a fala do presidente, eu não posso concordar (...) Vão ter vários candidatos porque o grupo de vossa excelência está querendo botar vários para pulverizar os votos, quando na verdade vocês tinham que ter coragem de lançar um de vocês para disputar a eleição com o prefeito, já que vocês têm a solução toda da cidade, dos problemas. Por quê? Eu já dei aqui, vem o senhor presidente, representando o grupo do senhor, que é sinônimo de luta. Mas que luta é essa? Criticar o prefeito, porque o prefeito foi pra Santo Eduardo, botar o pé na lama, atender, dar carinho, e não é só dar alimento, os mantimentos que foram para lá não, as pessoas precisavam de carinho, e ele foi para lá dar sim, porque se for assim, a prefeita de São João da Barra também está errada, o prefeito de Itaperuna está errado, o prefeito de Mimoso do Sul está errado, o governador está errado, porque também foram para as ruas. Fazer política sentado aqui, fazendo essas cobranças é mole. É mole porque não tem responsabilidade, porque aqui só sobem para cobrar. No final, quem tem que pagar a conta está lá sentado lá de madrugada com seus secretários, para não acontecer o que aconteceu no governo passado — declarou Juninho.
Marquinho Bacellar voltou a dizer que não há interesse dele em concorrer à Prefeitura, ressaltando pré- candidaturas alinhadas a seu grupo político, principalmente a da delegada Madeleine Dykeman (União).

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