Helinho vê chances reais de reeleição de Wladimir no 1º turno
22/03/2023 08:07 - Atualizado em 22/03/2023 14:37
Helinho Nahim
Helinho Nahim / Genilson Pessanha
Quando se fala em pacificação envolvendo os grupos dos Garotinho e Bacellar, um personagem que aparece sempre é Helinho Nahim (Agir). Primo do prefeito Wladimir Garotinho (sem partido), o vereador também é amigo do seu líder político e presidente da Assembleia Legislativa do Estado Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (PL) e, inclusive, esteve com os dois na reunião, junto ao governador Cláudio Castro (PL), na terça-feira (14), no Rio, que tratou sobre os desencontros da política campista e a aprovação das contas da mãe de Wladimir, a ex-prefeita Rosinha Garotinho (União). Em entrevista ao Folha no Ar dessa terça (21), na Folha FM, Helinho fez um retrospecto do que levou a sua saída da base do prefeito, inclusive, confirmando que o seu nome chegou a ser trabalhado para a presidência da Câmara de Campos, que acabou ficando com Marquinho Bacellar (SD), em uma articulação reunindo 14 vereadores. Dois deles, Nildo Cardoso (União) e Abdu Neme (Avante), não estão mais no grupo e foram motivo de tensão na pacificação após terem ido para a base. Ainda no programa, Helinho Nahim avaliou os números da pesquisa GPP à Prefeitura de Campos, repercutida na coluna Ponto Final da edição da Folha desta quarta, concordando que os fatores, hoje, são favoráveis à reeleição de Wladimir, inclusive, com “chances reais” de ser no primeiro turno. No entanto, ressaltou que outros cenários até 2024 precisam ser avaliados. “Eu acho que a pesquisa é verídica, porém tem muita água para rolar debaixo dessa ponte”. O teor completo desta entrevista pode ser conferido nas plataformas digitais da Folha FM.
Pacificação por um fio a partir de Nildo e Abdu — Wladimir diz que hora nenhuma procurou Nildo ou Abdu. O acordo foi buscado, de acordo com o prefeito e o vice-prefeito, se os dois falarem ao contrário eles vão estar omitindo para o nosso grupo e para o deputado. Ele foi procurado. Eu deixei isso claro para o prefeito: “Qualquer um pode pedir seu apoio, na minha opinião, Wladimir, quem errou foi você. Você não poderia ter aceitado”. A minha opinião foi essa. Se você está em um acordo de pacificação, onde se tem um grupo de 14 vereadores, na tentativa de um acordo de pacificação, e você aceita dois vereadores... Se você foi procurado, se você não foi procurado, para mim não interessa, você deveria, na minha opinião, ter conversado pelo menos com o Rodrigo e falado, “tem dois colegas vereadores que estão insatisfeitos, que querem ir para base do governo”. Essa é a minha opinião pessoal e disse isso ao prefeito. Inclusive, um dos motivos da gente ter ficado triste, com essa questão do acordo, foi esse. Nildo tem uma relação pessoal com o vice-prefeito (Frederico Paes), o direito dele, amigo dele. O fato não é Nildo ter procurado ou Abdu ter procurado. O fato foi ele ter aceitado. Na nossa opinião, gente ele é o prefeito, ele aceita ou ele faz o que quiser. É direito dele. Ele foi eleito para isso. Agora, cabe a nós não ter gostado da atitude dele. Isso foi claro, foi feito de maneira objetiva e clara. Isso é até uma resposta para os nossos colegas vereadores, ao grupo dos 12 que ficaram. Nós não gostamos da atitude e da forma que foi feita.

Tensão antes das contas de Rosinha — Eu fui para o Rio, na segunda-feira. Eu e o presidente Marquinhos estivemos com o deputado Rodrigo e conversamos com ele, expondo todos os questionamentos que nós, como grupo, estávamos tendo. O deputado ouviu atentamente tudo falou, “fiquem e vamos ter uma reunião amanhã”. Nessa reunião, tanto eu, quanto o Marquinho, quanto o próprio Rodrigo, falava assim, “o governador vai participar da reunião”. Um dos principais motivos da insatisfação era a tentativa tanto de Nildo e Abdu, quanto de outros vereadores, a partir das contas. Antes das contas de Rosinha já havia insatisfação, depois das contas aumentou. Wladimir ficou pressionado e se sentiu assim, “rapaz, não podia pautar as contas assim primeiro”. Mas Marquinho é claro e muito firme nas decisões que ele toma. Ele ficou durante dois anos falando o porquê que não botava as contas para votar e também foi pressionado pela opinião pública, e pela sua consciência, que ele tinha que fazer o que ele já pedia há um ano e meio. O cara está lá há um ano e meio, sobe lá na tribuna lá e fala, “gente, por que não botou as contas para votar?” E a opinião dele é clara.

Resultado do encontro no Rio — Teve-se a reunião, o governador e Rodrigo foram claros na opinião deles. Eles têm o mesmo pensamento, não se reprova contas de político. O Rodrigo foi claro. Eu, em uma situação muito mais confortável do que os meus colegas, que eu tinha dado parecer favorável por uma questão pessoal. Eu dei a minha palavra. Por mais triste que fiquei com o casal, durante esse período. Tanto com ela, mas principalmente ele, eu tive embates pesados, tanto na tribuna da Câmara quanto na internet, de ofensas da parte dele a minha pessoa, que eu achei totalmente desnecessário. Mas Garotinho não tem como fugir muito disso. Fiquei triste, mas não ia deixar de descumprir minha palavra, principalmente com ela, para quem eu tinha dado a palavra. Fizemos uma reclamação com o prefeito, em relação à questão de Nildo e Abdu. Ele, por sua vez, esclareceu dizendo que ele que foi procurado, mas que não procurou os vereadores e que, na época ele entendeu, que era melhor ter os dois vereadores na base. E respeito os dois vereadores, que eles sigam o caminho deles.

Dobradinha pacificação e reeleição de Wladimir? — Não. Curto e grosso. Não tem nada a ver uma coisa com a outra, até porque essa questão de pacificação. É porque esse nome, ele foi criado, não sei por quem, mas esse nome vem sido, uma hora se fala, o prefeito fala, outra hora alguns vereadores falam... O que foi e que está sendo é a governabilidade. Primeiro os projetos mandarem com antecedência e está puro e demonstrado que quando não acontecer, como aconteceu na Câmara, não vai ser pautado, chiaram, espernearam e não foi pautado, não mudou em nada, ou seja, manda o projeto com antecedência, explica, o próprio governo tem que entender que os secretários, eles são secretários das pessoas e dos 25 vereadores também. Então, isso tudo é uma construção. Hoje não se fala e hora nenhuma tem nenhum tipo de acordo para 2024. Cabe ao prefeito construir isso através do tempo. Se ele vai ter habilidade para ir construindo isso... todos os vereadores que ali fazem parte vão, provavelmente, concorrer a uma reeleição, se não todos, mas, pelo menos, grande parte vai concorrer a uma reeleição, mas acordo nenhum para 2024. Isso foi dito inclusive também pelo Rodrigo. Ele foi claro dizendo que não tinha nenhuma definição de nome de candidatura a prefeito e nem quem apoiaria em 2024.

Pesquisa GPP — Primeiro, em relação a questão do instituto ou não... É inegável que hoje, se for candidato à reeleição, o prefeito tem chance, e reais chances, de se reeleger, inclusive, no primeiro turno. Inegável por uma série de fatores, alguns, mérito dele, e outros, um pouco de sorte também. Todo mundo sabe, eu fui superintendente do governo passado. Então, respondo pela minha área, eu sempre digo isso muito na Câmara: o que for da minha área, você pode me questionar, o que não for da minha área não tem como você questionar. Rafael, Governo do Estado falido, sem dinheiro para nem pagar o salário dos servidores do estado. Wladimir, Castro voando, antes mesmo da venda da Cedae, com o acordo de Recuperação Fiscal, já tinha dinheiro em Campos. Rafael inicia o governo, Garotinho dizendo que ele não pagava o servidor até maio. Esse é o início de Rafael Diniz. Início de Wladimir, Cláudio Castro paga folha de pagamento. Início de um: um governo politicamente, por todas as nuances que aconteceram, desastroso, então você entra numa coisa que foi muito ruim, a comparação, é óbvio, que você faz com o último governo. Alguém faz comparação de Wladimir com o de Rosinha? Com o de Arnaldo? Não, a comparação é com o que é agora. Com o de Rafael que, infelizmente, cometeu erros políticos gravíssimos e pagou na urna por isso. Fato. Agora, vamos lá... um com o governador botando dinheiro, o outro com o governo quebrado. Um com o barril do petróleo, hipoteticamente, a dez reais e o outro a cem reais.

Mérito de Wladimir — Qual foi o grande mérito de Wladimir? Isso aí ele sabe fazer perfeitamente. Pedir. Foi pedir no Governo do Estado, foi pedir em Brasília, foi pedir para deputado, é um mérito dele, ele é um cara que corre atrás das coisas para poder trazer benefício para cidade dele. Venceu o orgulho em alguns pontos, foi até Rodrigo algumas vezes, e Rodrigo deixou a porta aberta, independente da divergência política. Mesmo na época da briga, o governador ia em Rodrigo, “rapaz Wladimir veio pedir tanto”, Rodrigo disse libera, diante da grande força que ele tem no governo. Nunca foi fechada a porta para ele em absolutamente nada. Você acha se Rodrigo, por vaidade pessoal lá atrás, não peitasse Castro, você acha que Castro ia ficar com o Rodrigo ou ia ficar com o Wladimir? Esquece rapaz. Mas nunca aconteceu. Então é o mérito dele. Ele sabe pedir ele sabe articular. Muita obra acontecendo, alguns pontos da saúde não melhoraram, mas alguns pontos melhoraram. O Ferreira Machado é um grande exemplo da melhoria de alguns serviços. O orçamento da saúde é muito gordo, é muito dinheiro, mas muito dinheiro mesmo.

Comparação eleitoral com Caio — Você tem, infelizmente, a queda de Caio (Vianna), politicamente falando, ou seja, Caio não fez uma eleição para deputado federal que todos esperavam e isso reflete também numa pesquisa imediata depois da eleição. Que ele (Wladimir) tem chance de ganhar no primeiro turno? Tem. Eu acredito na pesquisa, eu acho que a pesquisa é verídica, porém tem muita água para rolar debaixo dessa ponte, muita coisa para acontecer. Eu tenho certeza que essa questão de partido, quem apoia quem, quem efetivamente é candidato a prefeito ou não. Tem nomes aí (na pesquisa), que não são candidatos a prefeito. Quando você afunilar isso e, realmente decidir quem são os candidatos, onde vai estar o apoio de outras lideranças políticas. Eleitoralmente, o Wladimir foi muito melhor do que Rafael, e nos bastidores, em relação a atendimento de vereadores, a Rafael conseguiu muito mais tempo do que Wladimir, em pouco tempo acabou errando.

Suporte de Rodrigo para ser oposição — Eu, Rogério e Igor, rompemos com o governo juntos e, diga-se de passagem, muito mais por minha causa, Rodrigo não falava um A e nem me pediu. Eu fui ter, começar a ter uma aliança, mais contato com o Rodrigo, três a quatro meses depois. Rodrigo foi acreditar que ele poderia se meter na eleição da Câmara de Campos para ganhar a eleição de Campos, depois do chato (Helinho se referindo a ele mesmo) ficar indo toda quinta-feira para o Rio falar: ‘rapaz o negócio está crescendo por incompetência dele (Wladimir). Bruninho, Fred e Thuin, ele jogou fora do dia para noite. Então não foi Rodrigo, foi ele. Ele (Wladimir) criou o problema para ele. E hoje está tendo maturidade de tentar reconstruir isso. Mérito dele também. Mas quem jogou não foi o Rodrigo. Eu posso falar por mim, nunca foi pedido a mim por Rodrigo para largar a base de Wladimir. O meu caso, eu falo claramente, tomei a decisão porque eu não concordava com a questão, principalmente do Código Tributário, o pacote era muito maior, e eu entendia que eu tinha muito mais crescimento político do lado de Rodrigo e tomei a decisão, e não me arrependo em nada disso e continuarei nessa mesma tocada.

Eleição ainda aberta, com 46% sem saber em quem votar, segundo o GPP — A pesquisa não mente. Exatamente o que eu falei. Muita coisa pode acontecer ainda, o descrédito com a política, ela só cresce, só cresce, só cresce, só cresce. Então, eu acho que é uma eleição aberta, repito, Wladimir é favorito sim, tem chance de ganhar a eleição no primeiro turno, dependendo de quem sejam os candidatos, mas tudo pode acontecer até lá.

Nome do grupo dos Bacellar à Prefeitura — De acordo com o próprio Rodrigo não tem nenhum tipo de definição do grupo para nenhum tipo de candidatura ainda a prefeito. No grupo não definiu ter candidatura ou não a prefeito. Até isso, é uma decisão que passa pela gente, mas também muito mais pelo Rodrigo. Acredito, que se tiver muitos candidatos, diferente de uma cidade pequena, quando isso favorece a máquina; ou seja, a tendência é que o prefeito ganhe a eleição sendo candidato à reeleição; em Campos eu acho que quanto mais candidatura, maior a dificuldade de Wladimir ganhar no primeiro turno. Essa é a minha opinião.

Dificuldade para nominata na oposição — O líder do grupo é só presidente da Alerj, só. Você acha que Rodrigo não tem articulação para ter partido? Uma coisa de Rodrigo que mais marca, é se ele deu a palavra, esquece. Rodrigo tem um compromisso de tentar ajudar a todos os colegas do grupo. Se vai ter partido, ou não vai? A gente não misturou a eleição em si, com a questão da tentativa de pacificação. Não misturou. Uma grande dificuldade, não é saber se a gente, nós no caso do grupo dos 12 que era 14 vereadores, vai ter partido ou não, é saber quem vai ter partido. Cada semana que passa terminam dois partidos. O que eu acho, é que se bobear nós vamos ter treze, catorze partidos, no ápice ali. E se tiver realmente acordo de pacificação até lá, que não sabemos, vão ter que sentar todo mundo para ver partido, gente. E óbvio, eu por exemplo perdi o Agir, né? Teoricamente, o partido hoje está Thiago Virgílio, provavelmente não vou continuar no partido. Então, eu vou esperar a janela.

Contas de Rafael também no pacote? — Primeiro não foi conversado isso, até porque tinha a presença do governador e o tema inicial foi aquele dali. Eu tenho uma opinião pessoal, vou externar rápido, eu voto favorável as contas. Sou relator do projeto e eu posso dizer isso. O vereador que votar a favor das contas de Rosinha e conta de Rafael ele tem tudo menos coerência, porque são as mesmas irregularidades num tamanho menor.

Rodrigo na Alerj — O governador com certeza foi peça decisiva para que Rodrigo fosse presidente da Alerj. Acho que o Rodrigo é um político, principalmente de bastidor, muito forte, é articuladíssimo, um cumpridor de palavra, todo mundo fala. Até critica ele, é muito ruim de telefone, pessoal fala, todo mundo reclama, os deputados deixaram isso claro lá, mas depois que dá a palavra, cumpre. Cumpre todas as palavras que deu.

Bacellar à sucessão de Castro — Eu não sei, eu não sei se é um desejo dele, ele nunca teve esse desejo, né? Mas política é lá na frente, né? Três anos e meio para a eleição ao Governo do estado.

Nelson Nhaim na Administração de Wladimir — Não me falaram isso ainda não. Eu não misturo a minha questão pessoal, política com a do meu pai. Sincero e honestamente, eu não vejo isso agora, não consigo enxergar isso agora. Mas seria com todo respeito, se papai aceitasse, um ótimo quadro, que eu não conheço nenhum daqueles que estão ali, que entendem mais política do que o meu pai não.

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