Alvo da PF e foragido, CVC é assessor na Alerj de deputado bolsonarista
Rodrigo Gonçalves 17/01/2023 15:48 - Atualizado em 19/01/2023 15:10
Carlos Victor Carvalho
Carlos Victor Carvalho
Conhecido por sua atuação ostensiva nas redes sociais em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o fundador do Associação Direita Campos, Carlos Victor Carvalho, o “CVC”, de 34 anos, se mantém calado, pelo menos na internet, sobre ser um dos alvos da operação da Polícia Federal, que está prendendo pessoas suspeitas de serem financiadoras dos ônibus que levaram golpistas até Brasília para os ataques terroristas que culminaram na depredação da sede dos Três Poderes no último dia 8. A Operação Ulysses também mira suspeitos de bloquear rodovias e acampar em frente ao quartel em Campos.
CVC ganhou notoriedade pelo alinhamento com pautas conservadoras e, como candidato a vereador em Campos, viu o seu número de eleitores subir de 117, em 2012, para 2.292 nas eleições de 2020.. Foi o 13º candidato a vereador mais votado e o mais votado entre os não eleitos, ficando como suplente.
A sua ascensão política rendeu também um cargo de assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Ele foi nomeado no gabinete do deputado estadual bolsonarista Felippe Poubel (PL) em junho do ano passado, como mostra publicação em Diário Oficial, com salário líquido de R$ 5.588,37.
De acordo com matéria do G1, CVC passou o final de semana em Guaruapari, no Espírito Santo, e se comprometeu em se apresentar à Polícia Federal na noite dessa segunda-feira (16), o que, até o momento, não aconteceu.
A Folha enviou e-mail à Alerj e ao deputado. Em nota enviada pela assessoria, "o gabinete do deputado estadual Filippe Poubel informou que tomou conhecimento, através da imprensa, que o Sr. Carlos Victor Carvalho foi detido em razão de suposto envolvimento nas manifestações de 08/01 em Brasília. Em que pese a oposição do mandato ao atual Governo Federal, Filippe Poubel sempre repudiou atos ilegais e evidenciou respeito aos valores democráticos, que o levaram a ocupar pela 3ª vez uma cadeira no Poder Legislativo. Sendo assim, o gabinete do parlamentar vai buscar informações sobre os fatos veiculados na imprensa, para que não ocorram antecipadamente condenações sem o devido processo administrativo e legal".
A Folha tentou, ainda, contato com CVC por ligação telefônica e por um aplicativo de mensagem, mas também ficou sem retorno.
Um perfil de Carlos Victor nas redes sociais tem mais de 50 mil seguidores e conta com postagens de apoio ao ex-presidente, assim como críticas a Lula (PT). No Instagram, ele tem como foto de perfil uma imagem em que faz o gesto de “arminha” com as mãos e se apresenta como “cristão, conservador, anticomunista e contra o aborto”. No Facebook, chegou a postar uma imagem, que foi apagada, participando de um ato em Brasília, com a frase: “O congresso Nacional é do povo” e completou “não reconheço presidente condenado, ficha suja e comunista”.
Suas atividades mais recentes em redes sociais aconteceram no Twitter. Na última sexta-feira (13), ele postou: “Pela primeira vez, o pobre vai entrar no orçamento. Quem recebe um salário mínimo e meio vai pagar imposto de renda”, ironizou em seu último post. Já o seu perfil de Instagram é fechado.
Embora seja um dos líderes da direita em Campos, tem tentado afastar o seu nome dos atos golpistas em Brasília. “Há 8 anos organizo atos a favor da direita e nunca depredei patrimônio público ou privado, pois repudio totalmente esses atos de vandalismo. O que aconteceu em Brasília deve ser condenado por todos que querem um Brasil livre e democrático. Não devemos nos igualar à esquerda”, tuitou no último dia 9.
Em outros posts, porém, tentou responsabilizar o presidente Lula pelos atos. “A partir do momento que Lula recebe a informação de um possível atentado aos três poderes e não toma nenhuma providência, ele comete crime de PREVARICAÇÃO, passivo de processo de impeachment. Isso prova o envolvimento direto do bandido de nove dedos no atentado”, publicou no dia 10. “Vamos aos fatos sobre Brasília: - A Abin informou o Governo Federal sobre risco de invasão e nada foi feito. - A inteligência do Governo Federal (GSI) estranhamente dispensou reforço da guarda 20 horas antes do ataque. No mínimo houve negligência do Governo, aguardamos punição!”, postou no dia 12.
Nessa segunda-feira, a Polícia Federal decretou a Operação Ulysses no intuito de cumprir três mandados de prisão e cinco de busca e apreensão contra suspeitos acusados de organizar e financiar os atos golpistas. A ação teve origem na investigação sobre lideranças envolvidas nos atos que bloquearam rodovias no Norte Fluminense. O bombeiro Roberto Henrique de Souza Júnior, de 52 anos, e Elizângela Cunha Pimentel Braga, de 48 anos, foram detidos.

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