Atenções do Brasil e do mundo se voltam para os EUA
Folha1 - Atualizado em 20/01/2021 09:01
Joe Biden
Joe Biden / Reprodução - Instagram
Os EUA nunca mais serão os mesmos depois dos turbulentos quatro anos de Donald Trump na Casa Branca. Mas a mais longeva democracia do mundo começa a tentar conduzir nesta quarta (20) este mesmo mundo de volta à normalidade, assim que Joe Biden assumir como 47º presidente dos EUA. Cargo ao qual foi eleito nas urnas de 3 de novembro, com uma vitória incontestável: 306 a 232 votos do colégio eleitoral, com mais de 7 milhões de votos populares de vantagem. Sua posse e da vice Kamala Harris, primeira mulher, primeira negra e primeira descendente de asiáticos a assumir a vice-presidência do país, ocorrerá às 11h30 de Washington (13h30 de Brasília), sob um esquema de segurança nunca antes visto. No mesmo Capitólio invadido em 6 de janeiro pelos supremacistas brancos de Trump, incitados publicamente por este, causando cinco mortes. O fato, inédito em 232 anos de democracia, ainda não tem todas as suas consequências dimensionadas ou conhecidas. Certo é que passará à História. Dos EUA e do mundo — incluindo o Brasil de Jair Bolsonaro (sem partido).
Além do emblemático ineditismo de gênero e raça que levará à Casa Branca, Kamala Harris terá outro papel importante no governo Joe Biden. No sistema dos EUA, a presidência do Senado cabe ao vice-presidente. Depois que o segundo turno do estado da Geórgia, tradicionalmente conservador e republicano, elegeu dois senadores democratas, o placar ficou 50 a 50 na Câmara Alta dos EUA. Onde o voto de minerva caberá a Kamala, ex-senadora pelo estado da Califórnia. Com a maioria conquistada também na Câmara Federal, pela vitória eleitoral completa de Biden, este terá carta branca do Poder Legislativo para aprovar as reformas que quiser, pelo menos em seu primeiro biênio de governo.
Apesar de moderado em seus 47 anos de vida pública, as promessas de campanha de Biden foram ousadas: enfrentar a segunda onda da Covid onde ela tirou o maior número de vidas humanas no planeta Terra, revitalizar o Obama Care dilapidado por Trump em um país sem SUS, taxar as grandes fortunas para bancar a assistência social aos mais pobres e impor um salário mínimo aos EUA de US$ 15 por hora. E o experiente ex-senador e ex-vice-presidente nos oito anos do governo Barack Obama será tão cobrado para implementá-las agora à frente do país mais poderoso do mundo, quanto se elas não surtirem o efeito desejado.
Foi também na campanha que o Brasil de Bolsonaro entrou na disputa presidencial dos EUA. No primeiro debate entre Trump e Biden, em 29 de setembro, o então candidato democrata condenou os incêndios criminosos na Amazônia, os maiores registrados na última década. E ameaçou adotar sanções comerciais, a exemplo do que é feito com párias internacionais como Irã, Coréia do Norte ou Venezuela, caso o governo brasileiro insista em não combater as queimadas. Só em 11 de novembro, 43 dias após aquele primeiro debate e já quatro dias após a confirmação oficial da eleição de Biden, mas sem ainda admitir a derrota do seu “mito” Trump, Bolsonaro respondeu ao presidente dos EUA que assume hoje. E ameaçou a maior potência bélica do mundo com “pólvora”, gerando a humilhação internacional das Forças Armadas Brasileiras. Pela qual o capitão foi repreendido internamente pelos generais do seu governo.
A partir desta quarta, com Biden na Casa Branca, cessam os tiros de festim na relação geopolítica entre os EUA e o Brasil. Que, com Bolsonaro no poder e o olavista Ernesto Araújo no ministério das Relações Exteriores, já não era visto com bons olhos também pela China de Xi Jinping e a União Europeia da chanceler alemã Angela Merkel e do presidente francês Emmanuel Macron. A Trump e seus seguidores pelo mundo, não sobraram nem ex-aliados como os primeiros-ministros de Grã-Bretanha e de Israel, respectivamente Boris Johnson e Benjamin Netanyahu. Os dois condenaram com veemência a invasão do Capitólio, na Washington hoje sitiada por 25 mil soldados da Guarda Nacional dos EUA, para garantir a segurança da posse de Biden e Kamala. Enquanto Bolsonaro preferiu usar o episódio condenado pelo mundo como ameaça ao que pode acontecer no Brasil, na eleição presidencial de 2022.

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