Após morte por acidente da engenheira Rafaela, trabalhadores realizam ato em Defesa da Vida em Cabiúnas, em Macaé
Rafael Khenaifes e Ingrid Silva 11/10/2024 08:42 - Atualizado em 11/10/2024 12:05
Protesto
Protesto / Divulgação
Os trabalhadores realizaram na manhã desta sexta-feira (11), na portaria principal da base de Cabiúnas, em Macaé, um ato público em protesto pela morte, na unidade, da engenheira Rafaela Martins de Araujo, 27 anos, em razão de acidente de trabalho na última segunda-feira (7). A trabalhadora era contratada pela empresa MJ2 Construções, que presta serviço à Petrobrás na execução de uma obra no terminal.

Além de demonstrar toda a solidariedade da categoria petroleira aos familiares e amigos da engenheira, o sindicato quer chamar a atenção para o retorno de ocorrências graves na área de saúde e segurança. Um das cobranças da entidade é pela investigação mais detalhada dos casos de mortes por “causa natural” ou “mal súbito” nas instalações da Petrobrás.
“Estamos aqui em Cabiúnas realizando um ato nacional em razão dos óbitos, um ato de luto e de solidariedade com os familiares e amigos das vítimas que perderam as suas vidas recentemente no sistema Petrobrás. Um ato também em função do acidente que a gente teve aqui, com a companheira Rafaela, uma jovem de 27 anos, que infelizmente por conta de algumas condições de trabalho perdeu a sua vida”, disse o coordenador geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges. 
O sindicalista destacou ainda que “esse tipo de atividade é para conscientizar os trabalhadores e os gestores da Petrobrás da importância de a gente se preocupar com as questões de saúde e segurança dos trabalhadores. Nós queremos que os trabalhadores entrem nos seus locais de trabalho, cumpram as suas atividades laborais, e voltem para as suas famílias com vida e com segurança”.

No último sábado, 05, o técnico Edson Almeida, morreu a bordo do FPSO Cidade de Niterói, operado pela Modec na Bacia de Campos. O Departamento de Saúde da entidade realiza levantamento sobre casos semelhantes e aponta para a necessidade de considerar aspectos relacionados ao trabalho nesta situações — como, por exemplo, o trabalho extenuante.

“Tivemos um cenário em 2023 onde os resultados na segurança melhoraram, e isso pode estar provocando algum relaxamento na empresa, o que não pode acontecer. Agora em 2024 vários casos muito graves voltaram a ocorrer. Não podemos esquecer que muito recentemente tivemos um adernamento gravíssimo na P-19. Aquilo poderia ter sido uma nova P-36. Não foi uma grande tragédia por muito pouco”, adverte o coordenador geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges.

O ato da manhã desta sexta-feira, em Cabiúnas, faz parte de um chamado nacional nas bases da FUP (Federação Única dos Petroleiros). Estão previstos protestos por todo o país. O objetivo é não normalizar as mortes na indústria do petróleo, e sempre se insurgir em defesa da vida quando estes casos ocorrerem.

A FUP e seus sindicatos participam de vários fóruns onde cobram permanentemente saúde e segurança para os trabalhadores, mas a gestão da companhia não tem avançado nesta área.

“Enquanto isso, a categoria petroleira continua exposta a ambientes de trabalho inseguros, com efetivos muito abaixo da necessidade, o que gera uma pressão cada vez maior sobre os trabalhadores, principalmente os contratados, que são os mais expostos a riscos e as principais vítimas de acidentes nas unidades da Petrobrás e subsidiárias”, afirma a Federação.

Caso Rafaela

A causa do acidente segue sendo apurada. Um dos aspectos que chamou a atenção do sindicato, quando seus dirigentes chegaram ao local do acidente, foi a ausência de separação entre a área de obras e a área de trânsito dos trabalhadores. Situações semelhantes, em outras obras na unidades, já haviam sido apontadas pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa).
A Folha entrou em contato com a Petrobrás e aguarda um posicionamento. (R.K E I.S)

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