Corpo do desembargador José Mota Filho é sepultado em São Martinho
Ingrid Silva e Rafael Khenaifes 10/07/2024 13:00 - Atualizado em 10/07/2024 21:14
Corpo do desembargador José Mota Filho é sepultado, em Campos
Corpo do desembargador José Mota Filho é sepultado, em Campos / Genilson Pessanha
O corpo do desembargador aposentado José Mota Filho, de 84 anos, foi sepultado na manhã desta quarta-feira (10), no cemitério de São Martinho, em Campos, reunindo amigos de longa data, família e colegas de trabalho. Junto do caixão, estava a bandeira do Liceu de Humanidades de Campos, onde Mota estudou desde novo e construiu amizades de anos. O desembargador faleceu na última segunda-feira (8), em um hospital na cidade de Niterói, onde morava há anos. O velório aconteceu na casa da família, também em São Martinho, distrito de Campos.
Corpo do desembargador José Mota Filho é sepultado, em Campos
Corpo do desembargador José Mota Filho é sepultado, em Campos / Genilson Pessanha
De acordo com amigos da família, Mota lutava contra um câncer há anos. Na manhã dessa segunda, ele passou mal em casa, em Niterói, e foi levado para o hospital, sendo imediatamente transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde morreu, por volta das 19h.
José Mota Filho
José Mota Filho / PJRJ
Após a missa de corpo presente na igreja de São Martinho, a esposa de Mota, Conchita, falou sobre a saudade que ele fará para todos, em meio a agradecimentos pela presença e carinho. 
"Ele vai deixar muitas saudades, muitas lembranças, e eu tenho certeza que ele está em um lugar melhor. Mota foi um homem que se dedicou a vida inteira a cuidar das pessoas, a fazer o bem (...) Ele vai partir, mas ele não vai sair de perto da gente. Mota é uma pessoa que sempre esteve do nosso lado, encaminhou muita gente na sua vida com seu trabalho. E agora chegou o momento dele de descansar. A saudade é grande", declarou. 
Corpo do desembargador José Mota Filho é sepultado, em Campos
Corpo do desembargador José Mota Filho é sepultado, em Campos / Genilson Pessanha
"O meu irmão era a minha vida, eu não sei nem o que dizer. Eu, como irmão mais velho, ajudei muito ele a subir na vida. Graças a Deus, ele se formou, se tornou advogado, desembargador, e eu que devo muito a ele, foi um irmão de ouro que eu tinha”, disse o irmão, Fábio Mota, emocionado. 
Fábio, irmão de Mota
Fábio, irmão de Mota / Genilson Pessanha
Amigo de anos e padrinho do filho único do casal, o desembargador aposentado e ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro durante 2011 e 2012, Manoel Alberto Rebêllo, compareceu ao sepultamento, emocionado ao falar de Mota.
“O Mota era um gênio da raça (...) Aos 12 anos, no Liceu de Campos, que na época era um dos melhores colégios do estado do Rio, o professor mais rigoroso do liceu chamava o Mota de professor (...) o Mota era um orador excepcional, tinha uma cultura muito grande, era uma pessoa afável, amiga, educada, e realmente era um exemplo de vida para todos nós. Todos estamos sentindo muito (...) Todos nós temos por ele uma admiração muito grande, realmente uma pessoa extraordinária. É de se ter orgulho”, disse, mostrando também um soneto que fez em homenagem ao amigo em seu aniversário de 80 anos. 
Desembargador aposentado e compadre de Mota, Manoel Alberto Rebêllo
Desembargador aposentado e compadre de Mota, Manoel Alberto Rebêllo / Genilson Pessanha
"Jovem, ainda, em São Marinho, ousou traçar seu caminho. Semeou entre todos muito carinho. É exemplo que tenho bem pertinho. Magistrado muito honrado. Ouço dizer em todo Estado. Trabalhador como poucos existiram. Tem no afeto um dos seus lemas. Amigo leal. Minha alma gêmea. Fez da fraternidade seu capital. Ilha de saber. Deveras sem igual. Lições de vida sempre me dava. Hoje repetia. Amanhã renovava. Orgulhoso, dele me lembrava", soneto que as primeiras letras formam o nome todo do desembargador. 
Campista de São Martinho, José Mota se formou na Faculdade de Direito de Campos, atuou como advogado e ingressou na Magistratura em 1974, em posse realizada no Plenário do Tribunal Pleno do antigo Estado do Rio de Janeiro, em Niterói. Na 2ª instância, atuou na 7ª Câmara Cível. Aposentou-se compulsoriamente do Tribunal de Justiça em 2010, ocasião em que recebeu a Medalha de Honra da Magistratura Fluminense. 
O ex-prefeito de Campos, Sérgio Mendes, também marcou presença no sepultamento, assim como os ex-vereadores Nildo Cardoso e ex-vice-prefeito, Geraldo Pudim e o professor Suledil Bernardino.
"Há dias atrás, nós fizemos uma visita ao desembargador na casa dele, na praia do Farol de São Tomé, parece coisa de premonição e que a gente estava se despedindo dele. E quando eu fui prefeito, ele me pedia muito que asfaltasse, que era um sonho dessa comunidade, que asfaltasse essa estrada de Mineiros até São Martinho. Então, foram 16 quilômetros de asfalto, e ele, na época, estava na ativa, veio aqui à inauguração, me agradeceu, fez uma festa muito bonita, era uma pessoa muito afável, muito amigável, e que deixa um rastro de luz aqui para todos nós pela pessoa que era", disse Sérgio Mendes.
Sérgio Mendes, ex-prefeito de Campos
Sérgio Mendes, ex-prefeito de Campos / Genilson Pessanha
“Eu não vou nem falar sobre o ponto de vista profissional, todos conhecem a capacidade profissional do desembargador José Mota Filho, mas para falar dele, a palavra que define o José Mota é a humanidade. É um ser humano extraordinário, que sempre gostou de ajudar as pessoas, uma pessoa que se orgulhava de ter nascido em São Martinho. Eu acho que dificilmente Campos vai se recuperar de uma perda tão grande como está sendo a perda dele”, conta Geraldo Pudim, ressaltando que esteve com Mota há dias e ele falou sobre o amor que tinha pelas pessoas e pelo distrito e cidade onde nasceu, relembrando do apelido de “embaixador da Baixada”, do amigo Sileno Martins.
Geraldo Pudim
Geraldo Pudim / Genilson Pessanha
Nildo Cardoso falou sobre como era a amizade deles e a tristeza dessa perda para Campos. “Era um amigo, de estar na casa dele, de tomar café com ele, de almoçar com ele, ter hora para chegar e não ter hora para sair e a Baixada perde um grande homem, um grande exemplo a ser seguido. Mas é com muita tristeza que a gente está aqui hoje se despedindo dele, mas a gente sabe que, na parte da espiritualidade, os ensinamentos e tudo aquilo que ele pregou aqui, a amizade, a gente tem que dar continuidade ao desejo dele, de ver as coisas aqui dentro acontecer, de São Martinho e da região também". 
Nildo Cardoso
Nildo Cardoso / Genilson Pessanha
"O Desembargador José Mota é um patrimônio da nossa Baixada Campista. Estudou com muito sacrifício no Liceu de Humanidade Campos e galgou dos cargos mais altos da magistratura, chegando a Desembargador. Sempre honrando e amando Campos. Nunca deixou de frequentar São Martinho nem o Farol de São Tomé. Campos perde um brilhante advogado, juiz e desembargador", disse Suledil Bernardino.
As amigas de Mota há 71 anos, desde a época do Liceu, em 1953, Ana Maria Peixoto e Célia Maria Braga, relembraram da pessoa que ele foi e a importância dele em manter a turma unida por todo esse tempo. 
“Ele foi um exemplo, menino chegado de São Martinho, muito dedicado, muito estudioso e para nós também ele teve um significado muito importante, porque ele era o presidente do nosso grêmio estudantil, onde ele ia cuidando das reuniões todas. Ele era o líder eleito por voto por toda a turma e o que mais nos encanta é que ele estava treinando a ser a liderança que ele acabou sendo com mais idade. Muito dedicado, muito amigo e um liceísta exemplar que cuidou do Liceu a vida inteira, se preocupou com a reforma e cuidava dos professores até a morte", lembrou Ana Maria, ressaltando sobre a bandeira da escola presente. 
Ana Maria Peixoto, amiga há 71 anos de Mota
Ana Maria Peixoto, amiga há 71 anos de Mota / Genilson Pessanha
"As características de Zé Mota para nós era o companheirismo, até hoje em dia, ele comparecia sempre as nossas festas. Isso que ele plantou em nós, no Grêmio, resultou no fato de que nós até hoje nos reunimos e outra característica de Zé Morte é humanidade, uma pessoa profundamente humana", disse Célia. 
Célia Maria Braga, amiga há 71 anos de Mota
Célia Maria Braga, amiga há 71 anos de Mota / Genilson Pessanha
"Ele era uma pessoa, além de ser uma enciclopédia viva, ele era um homem sábio. Apesar de ter conhecido inúmeros juristas no Rio de Janeiro, o jurista que eu conheci com maior sabedoria foi exatamente o Dr. José Mota. Sou até suspeito de falar dele porque ele era meu amigo. E eu ouso dizer que amigo é mais do que irmão, é amigo que a gente escolhe (...) Além de ser um homem sábio, um homem bondoso, um homem que ajudava todo mundo. Inclusive já me ajudou. Eu tenho uma gratidão enorme por ele Além de ser um homem sábio, um homem bondoso, um homem que ajudava todo mundo. Inclusive já me ajudou. Eu tenho uma gratidão enorme por ele (...) Era homem bondoso, um homem que usava o bom senso, um homem família, um bom pai, conhecia o filho dele também, um bom marido, um bom irmão, sempre ajudou os familiares dele", disse o amigo e diretor jurídico no Rio de Janeiro, João Manhães, que o conhece desde pequeno em São Martinho. 
João Manhães, amigo de Mota
João Manhães, amigo de Mota / Genilson Pessanha
A Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj) divulgou nota de pesar sobre o falecimento de José Mota Filho, que dedicou-se ao Poder Judiciário fluminense por 36 anos. “A Amaerj expressa condolências aos familiares e amigos do desembargador e manifesta reconhecimento pela dedicação à Magistratura e ao Judiciário fluminense”.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro também lamentou a morte. “Com profundo pesar, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro lamenta o falecimento do desembargador aposentado José Mota Filho”.
"A gente está aqui hoje muito triste pela passagem de Zé Mota, mas ao mesmo tempo relembrando o grande homem que ele foi. É o filho da Baixada. A baixada produziu, de tantas coisas boas, produziu o Desembargador Zé Mota Filho, uma pessoa humilde que recebia a todos e que seria da recebida com festa por todos, né? Deixou muitos sonhos, e a nossa ideia é que a gente possa perpetuar os sonhos dele, através de uma biografia dele", contou o amigo de anos, Sileno Martinho. (I.S, R.K)
Sileno Martinho
Sileno Martinho / Genilson Pessanha

ÚLTIMAS NOTÍCIAS