Morre, aos 102 anos, Maria da Penha dos Santos Abreu
“Uma mulher guerreira”. Esse foi o adjetivo mais usado para definir Maria da Penha dos Santos Abreu, que faleceu na manhã dessa sexta-feira (29), aos 102 anos. Mãe da diretora-presidente do Grupo Folha, Diva Abreu Barbosa, e também deMárcia, Marcos, Dilma e Ricardo Abreu,ela foi a óbito no Hospital da Unimed, em Campos, onde estava internada.O sepultamento ocorreu na tarde da própria sexta, no cemitério Campo da Paz, mesmo local do velório.
Ex-comerciante, proprietária rural e vendedora de cana-de-açúcar para usinas de Campos, Maria da Penha chegou a trabalhar na Folha da Manhã. Mesmo idosa, levou ao setor de assinaturas do jornal o seu perfil aguerrido, mas cativante.
— O legado dela é de uma Benta Pereira — comparou a filha Diva Abreu Barbosa. — Foi uma mulher muito forte, uma pessoa “levada da breca”, como se dizia antigamente. Brilhante, livre, leve e solta. Recebi mensagens de pessoas que eu nem conhecia, assinantes da Folha, falando sobre como amavam mamãe. Era uma vendedora nata. Em Coqueiro de Tócos, tinha uma grande loja, e ela era querida. Tinha funcionário para vender, mas o pessoal só queria falar com Dona Maria da Penha. E eu aprendi um pouco com ela, apesar de ter sido criada com a minha avó, a mãe dela, que também foi uma mulher fortíssima. Então, posso dizer que nossa família é uma família em que as mulheres lutam pelos seus direitos, assim como Campos, que teve Benta Pereira. Ela foi a Benta Pereira da família — enfatizou.
A filha Dilma Abreu foi outra a comentar o legado de Dona Penha. “Mamãe sempre foi uma pessoa com muita clareza de pensamento, muito determinada. Ela passou para a gente bons conceitos de vida. Boa, caridosa, religiosa... Tinha várias qualidades. Sempre abraçou os filhos nos momentos difíceis. Ela via tudo pelo lado positivo e nos ajudava a crescer. Foi uma mãe maravilhosa e também uma esposa maravilhosa para o meu pai. Passou por muitas dificuldades e lutou muito, com dignidade, até chegar o momento em que Deus a chamou.
A gratidão também está presente na fala de Márcia Abreu. “Mamãe representou tudo. Devo à minha mãe tudo o que eu sou e tudo o que eu tenho. Sei que ela precisava ir, porque estava sofrendo muito, foi uma heroína. Sei também que vou sentir falta. Mas, os ensinamentos dela e do meu pai estão em mim. Quando eu precisar, vou tê-los comigo”, comentou.
De fato, Maria da Penha e o marido, João Abreu, eram tidos como alicerces pelos familiares. Isso foi confirmado pelo filho Ricardo Abreu.
— Mamãe representou tudo para a gente. Ela e João Abreu, nosso pai, foram um casal que nem temos adjetivos para falar. E mamãe sempre foi uma pessoa guerreira, trabalhadora, independente. Ela peitava a vida e ia em frente, com força e vontade. Então, é um exemplo muito grande para a gente. Estou sentindo muito a sua perda, mesmo sabendo que acabou o sofrimento dela. Foi uma mulher fantástica, uma super mulher — destacou Ricardo.
O discurso é corroborado pelo outro filho de Dona Penha, Marcos Abreu, lembrando também do tioSebastião dos Santos Silva, o Seu Tãozinho, que morreu no último sábado (23), aos 94 anos.
— Dona Penha foi baluarte na família. Junto ao João Abreu, ela comandava tudo. Meu pai tinha um fornecimento na roça, e quem comandava tudo era ela. Era respeitada, guerreira, gostava de viajar, passear. Era fantástica! Ultimamente, ela estava sofrendo, e agora Deus a levou para estar junto ao irmão dela, que faleceu há poucos dias”, disse Marcos.
Viúva de Seu Tãozinho, Maria Lúcia Corrêa Silva mencionou a relação do marido com Dona Penha. “Ele a amava muito. Acredito que tenha intercedido junto a Jesus para levá-la junto com ele, porque ela estava sofrendo. Foi um momento de descanso para ela”, declarou.
Líder do grupo Boa Noite, Amor, o empresário e cantor João Assad despediu-se de uma grande amiga.
— É um dia muito triste para a sociedade de Campos, porque perdemos Pepenha, como muitos a conheciam. Era muito amiga, sempre assistia às apresentações do Boa Noite, Amor. Na área da publicidade, eu tinha uma empresa que prestava serviços à Folha, e ela sempre me dedicava carinho, me atendia muito bem. Fizemos amizade, e ela me chamava para ir à sua casa tomar um cafezinho. Em um evento no Trianon, foi homenageada pelo Boa Noite, Amor com uma música que ela escolheu, “Noite cheia de estrelas”. Depois, com ela já debilitada, eu cantava essa música para ela, que também começava a cantar. Aquilo nos impressionava. Então, lamento muito a partida dela, mas tenho certeza de que tem muito céu a esperando — finalizou Assad.
Católica praticante, Dona Penha foi lembrada tanto pelo bispo da Administração Pessoal Apostólica São João Maria Vianney, Dom Fernando Rifan, quanto pelo da Diocese de Campos, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz.
— Deus, o Pai das misericórdias, a receba no céu! Nossos sentimentos a família e amigos — desejou Dom Fernando.
— Minhas mais sinceras condolências para os familiares e amigos. Que o Senhor e Redentor a coloque sob a sua luz e proteção. Que descanse em paz e a luz perpétua a ilumine — reforçou Dom Roberto.