No mesmo terreno onde as ambulâncias estão guardadas, funciona a Secretaria de Meio Ambiente de Campos e esse motivo gera desconforto ao dono de oficina Alair Rangel, 50 anos, que tem suas janelas viradas para o terreno, bem perto de onde as ambulâncias estão.
— O mato entra pelas minhas janelas, o risco de proliferação de mosquito ali é eminente e o que não entendo é ter ao lado uma secretaria de meio ambiente. Esse espaço tem jogado, sem proteção nenhuma, as ambulâncias, as estruturas de pontos de ônibus, carteiras de estudos, entre outros objetos e a secretaria deveria vê isso. Tudo isso causa dano ao meio ambiente e traz risco para a população — contou o comerciante.
E as reclamações são decorrentes de comerciantes e moradores do bairro. No caso do capoteiro Eliezer Fábio Lopes, de 59 anos, o risco está nos fundos da sua casa.
— A linha férrea passa atrás da minha casa e o mato está altíssimo. Ela segue com mata fechada até o terreno onde hoje está construído a Universidade Federal Fluminense (UFF), e eles deveriam ver isso. Quando chove, é nítido o aumento de mosquitos aqui, além das ambulâncias e as outras coisas que acumulam água. É um absurdo, um descaso total com a população — explicou.
O morador contou que já foi na secretaria de meio ambiente, mas nada é feito. “ Fica um jogo de empurra. Eu queria que eles fizessem uma limpeza desse mato, porque ele cresce rápido com chuva e eu não tenho condições, o terreno é muito grande”, explicou o capoteiro.
A dona de casa Amélia Gonçalves, de 70 anos, é outra que pede soluções para a retirada das ambulâncias e outros objetos que estão no terreno. “ Eu me mudei para cá tem 10 anos e já tinha essas ambulâncias. Todo ano, quando começa a chover e fazer calor, é um gasto enorme de repelente e o cuidado maior ainda com o terreno, mas o que adianta? Se passa anos e anos e nada muda? Acho que só não temos os maiores casos de dengue da cidade porque Deus tem piedade, porque o que não falta aqui são “casas” para mosquito viver”, desabafou a idosa.
Por meio de nota, a VLI, controladora da linha férrea, esclareceu que o município de Campos utiliza o espaço por meio de comodato. “Sendo assim, os veículos lá armazenados são de responsabilidade da administração municipal, que aguarda uma decisão judicial quanto à destinação dos automóveis. Por sua vez, os vagões, que fazem parte do material rodante da companhia, estão devidamente estacionados na faixa de domínio de ferrovia” informou.
A Folha então questionou a Prefeitura, que informou, por meio do Departamento de Patrimônio da Prefeitura de Campos, que as ambulâncias não integram o patrimônio da Prefeitura.
“Elas pertencem à empresa GAP e são objeto de uma ação judicial. Os veículos estão à disposição da Justiça, de forma que não cabe à Prefeitura reformar nem leiloar. Face à deterioração dos veículos, a Procuradoria Geral do Município já solicitou à Justiça providências, no sentido de realização de leilão, para desocupação do espaço e eliminação de qualquer risco que possa trazer à saúde pública. O juiz do processo já determinou que o oficial de justiça fizesse uma avaliação dos bens lá acumulados, para que seja realizado, em breve, um leilão”, diz a nota.
A Prefeitura, ainda por meio de nota, também acrescentou que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) esclareceu que existem locais que são considerados Pontos Estratégicos (PE) e recebem inspeção dos agentes de combate a endemias, tratamento químico e mecânico a cada 15 dias, conforme o protocolo das atividades de combate às arboviroses para esse tipo de imóvel.
“Esse é o caso da Estação da antiga Ferrovia Centro Atlântica, em Campos. O CCZ esclarece ainda que no local mencionado, além da visita quinzenal, é mantido diálogo aberto com as secretarias e departamentos públicos que utilizam o espaço, bem como a administração do local, para que medidas de limpeza e manutenção sejam tomadas e o espaço fique livre de focos do Aedes aegypti” concluiu a nota.
A Folha pediu o contato de algum responsável pela empresa e também questionou se a Prefeitura mantém contato com a justiça para tomar alguma providência e aguarda a resposta.