Médico veterinário denuncia ataque racista no seu ambiente de trabalho em Campos
Dora Paula Paes 08/10/2023 09:31 - Atualizado em 10/10/2023 20:27
Delegacia de Polícia do Centro
Delegacia de Polícia do Centro / Genilson Pessanha
Um médico veterinário em Campos, de 30 anos, denuncia ter sido vítima de racismo. O caso aconteceu dentro de seu ambiente de trabalho, em uma clínica, no bairro Turf Club. O profissional registrou um boletim de ocorrência na 134ª DP, do Centro, e fez um relato da situação vivida em suas redes sociais, na sexta-feira (7).
No sábado (8), ele voltou às redes e reforçou: "Só para não deixar ninguém esquecer... Racismo é crime. Aconteceu comigo, no meu ambiente de trabalho."No dia do crime, o profissional trabalhava como plantonista no estabelecimento e atendia um gato em trabalho de parto.
Segundo o profissional, durante a consulta a dona do consultório entrou na sala induzindo ele a realizar a cesárea do animal. Diante da recusa do profissional, a proprietária do estabelecimento proferiu palavras de cunho racista como "seu veterinário de m., negro de m., você está achando o que?", além de arremessar objetos na direção de dele.
"Para mim foi uma situação bem chata, bem horrível, mas eu não poderia deixar de compartilhar com os meus amigos da área da veterinária. Em 30 anos de vida eu nunca presenciei ou vivi uma realidade como essa. Eu senti na pele o racismo. Foi uma situação muito constrangedora", disse.

Em declaração ao jornal O Dia, o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio (CRMV-RJ), Diogo Alves, lamentou o caso e disse que o Conselho não aceita e não compactua com ações racistas ou que expressem qualquer outra forma de preconceito aos médicos veterinários. "O CRMV-RJ lamenta que um profissional médico veterinário, em pleno século XXI, sofra injúria racial e tenha sua autonomia profissional questionada. Precisamos acabar com esse racismo estrutural que assola nosso país. A violência psicológica sofrida pelo colega fica presente, afetando a saúde mental, a autoestima e a dignidade, podendo ter desdobramentos terríveis. Só quem sofre, sabe mensurar a dor", disse.
Diogo Alves disse que o CRMV-RJ se colocou à disposição para o que for necessário e explica que a indução do ato cirúrgico, por parte da empresária, tinha apenas o viés econômico e não técnico.

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