Setembro Verde lembra da necessidade de melhorias na acessibilidade em Campos
Ingrid Silva (estagiária) 29/09/2023 15:14 - Atualizado em 02/10/2023 16:59
O mês de setembro também é dedicado à campanha de conscientização e luta pela inclusão da Pessoa com Deficiência (PCD) em nossa sociedade. Com o objetivo de reforçar a relevância do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado no último dia 21, o “Setembro Verde” lembra ainda da existência de associações voltadas para essas pessoas, como Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Associação de Proteção e Orientação aos Excepcionais (Apoe). O dia 21 foi escolhido e instituído por uma lei de 2005, mas a data nasceu em 1982 por iniciativa do Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes.

A Prefeitura de Campos realizou no dia 12 de setembro um seminário voltado para a campanha. O evento, que aconteceu no Teatro Trianon, teve como tema a junção da sociedade em prol das pessoas com deficiência, o “Conectados por uma sociedade inclusiva". O seminário contou com a parceria da Apae, Educandário São José Operário, Apoe e Associação de Pais de Pessoas Especiais (Apape).
Seminário realizado pela Prefeitura de Campos alusivo ao Setembro Verde com participação de Pessoas com Deficiência
Seminário realizado pela Prefeitura de Campos alusivo ao Setembro Verde com participação de Pessoas com Deficiência / Éder Souza - Divulgação


Apesar do seminário ter sido realizado pela segunda vez consecutiva, o município ainda tem muito a melhorar em relação a acessibilidade para as pessoas com deficiência, a começar pelas próprias calçadas irregulares que dificultam mais ainda a vida dessas pessoas. Além disso, há falta de sinais sonoros, piso tátil (ou quando é colocado de forma incorreta), como lembrado pela artista e técnica em informática Sarah Reis, de 31 anos, que é deficiente visual.

“É importante a gente falar das conquistas das pessoas com deficiência, mas é importante a gente também falar da falta de acessibilidade que existe. O transporte em Campos é uma coisa muito complicada porque as calçadas são muito irregulares. Ou são muito estreitas ou são cheias de degraus, quebradas mesmo (...) Nós não temos sinais sonoros na cidade, não temos infraestrutura mesmo, transporte público é horrível. O que acontece, a pessoa com deficiência muitas vezes não pode dirigir, a pessoa com deficiência visual ou a pessoa com deficiência física que não pode comprar um carro para dirigir sozinho, adaptado. Então, a solução seria transporte público só que ele não existe. Ele afeta muitas pessoas, mas as pessoas com deficiência ainda são mais afetadas porque a gente não tem como usar uma bicicleta, uma moto (...) Ou gasta dinheiro com carro de aplicativo ou simplesmente não vai nos lugares porque não tem como ir”, declara.
Piso tátil que dá direto para o poste
Piso tátil que dá direto para o poste / Foto: Rodrigo Silveira



Outro ponto citado de falta de acessibilidade foi sobre eventos culturais, como a inexistência de intérpretes de libras, audiodescrição e a difusão desses recursos. Sarah também falou sobre a escassez de profissionais capacitados nas escolas para que cada vez mais as pessoas com deficiência se sintam incluídas na sociedade. “A gente sabe que na educação faltam profissionais capacitados nas escolas, porque hoje a gente tem as unidades inclusivas e o movimento de inclusão de pessoas com deficiência depende que essas pessoas estejam na escola regular. Mas é preciso ter profissionais capacitados, intérpretes de libras, pessoas para fazer a adaptação do material em braile para as crianças cegas, além de profissionais de apoio capacitados para apoiar as pessoas com deficiência intelectual”, explica.

Após ser questionada sobre os diversos problemas de estrutura e falta de acessibilidade no município, a Prefeitura disse que melhorias estão sendo desenvolvidas. “A atual gestão municipal encontrou, em 2021, uma cidade totalmente desestruturada e sem acessibilidade. Desde então, a melhoria e criação de estruturas viárias e condições de mobilidade que prestigiam a acessibilidade de todos os munícipes vêm sendo desenvolvidas. Obras, serviços, além de eventos e atividades esportivas, culturais e de lazer estão sendo planejadas e executadas por diversas secretarias municipais de forma a promover uma Campos cada vez mais inclusiva”, diz a nota.
Conquistas e importância da campanha
A Apae de Campos completou 27 anos em maio deste ano e tem, atualmente, 360 assistidos. A Associação conta com serviços diversos para oferecer assistência a essas pessoas, sendo eles: serviço social, fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, instrutor de música, instrutor de secretaria, instrutor de salgados, instrutor de artes, instrutor de serviços gerais, instrutor de reposição de supermercado, instrutor de informática, instrutores de vida diária, educador físico e orientador educacional. Em Farol existe outro pólo que atende 43 pessoas e as famílias, funcionando desde 2003.

A diretora da Associação, Regina Célia, falou sobre as conquistas que as PCDs conseguiram até os dias atuais e a necessidade de se manterem unidos nessa luta. “Hoje, em Campos, os empresários estão abrindo suas portas e recebendo as associações e os nossos assistidos que são preparados para o mercado de trabalho. Eles estão tendo oportunidade de crescer no trabalho, nos estudos e isso é um marco para nós. É muito importante ver e saber que as pessoas com deficiência estão tendo essa entrada na inclusão social”, contou.

No mês de setembro são promovidas diversas iniciativas de conscientização por instituições, assistidos e familiares deles. “Tendo em vista todas as áreas da vida de uma pessoa com deficiência podem ser observadas do micro ao macro, ou seja, desde a luta diária de um familiar para assegurar os direitos básicos de seus entes, até fazer valer as leis conquistadas e instituídas”, disse a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comde), Mara Adriana Mendonça.
Mara falou sobre a 1ª Conferência Municipal sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência realizada pelo Comde de Campos, que acontecerá no dia 26 de outubro. Neste evento, serão discutidas e formuladas propostas sobre as necessidades da população com deficiência, definindo três sugestões para cada um dos cinco eixos temáticos. Acontecerá a escolha de delegados para participarem da etapa estadual para, depois, ser realizada a Conferência.(I.S.)

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