Linha chilena e cerol oferecem riscos nas ruas de Campos
Ingrid Silva (estagiária) - Atualizado em 19/07/2023 10:29
Linha chilena
Linha chilena / Rodrigo Silveira
Perigo constante principalmente para motociclistas, a linha chilena tem sido frequentemente utilizada para empinar pipas, mesmo com legislações que proíbam sua venda e uso. A linha chilena tem o poder de corte quatro vezes maior que o cerol, substância constituída por vidro moído e cola, cujo uso também é proibido. Mesmo com fiscalizações para coibir a utilização do material, ainda é possível observar essa prática.
O uso do cerol é proibido por lei em todo o Estado do Rio de Janeiro desde 1993. De lá para cá, a legislação sofreu algumas alterações. A última aconteceu em 2019, que vedou a utilização de qualquer produto na prática de soltar pipa que possua elementos ou substâncias cortantes, e criou uma multa para quem for flagrado portando ou usando qualquer uma das substâncias. Em caso de flagrante de compra, uso, porte ou posse dos materiais o infrator pagará multa de 100 Ufir-RJ, o equivalente a R$ 342,11.
Em 2020, a Prefeitura de Campos também sancionou uma lei que proíbe a comercialização, uso, porte e posse da linha encerada tanto com cerol (substância constituída de vidro moído e cola), quanto com a linha chilena. Seguindo o previsto na legislação estadual, o descumprimento gera multa e até condução do infrator para a delegacia.
Além dos perigos para as pessoas e animais, esses produtos ainda atingem a rede elétrica. Campos é a segunda área atendida pela Enel com mais clientes que ficaram sem energia por causa das pipas, liderando o ranking de número de incidências com 140 casos. Segundo levantamento da concessionária, o município registrou, entre janeiro e junho deste ano, 21.890 clientes afetados, ficando atrás de toda a Região dos Lagos.

Pipa presa em fios da rede elétrica
Pipa presa em fios da rede elétrica / Rodrigo Silveira


Para a motociclista Dayanne Marques, a linha chilena e o cerol são um medo diário. “É um medo diário nessa época do ano para nós, motociclistas, pois nunca esperamos ser atingidos pelas linhas. Andamos com medo pois não conseguimos identificar uma linha atravessada em nossa frente, e só percebemos quando já estamos sendo atingidos por elas. Pela nossa segurança, as autoridades deveriam reforçar as fiscalizações para impedir a utilização do cerol e principalmente da linha chilena”, disse a fiscal de caixa em supermercado.
O Corpo de Bombeiros alerta que a linha chilena pode ser quatro vezes mais cortante que a linha tradicional de pipa, e quando os militares são acionados para atender situações de emergência envolvendo esse tipo de linha, na maioria das vezes, encontram ferimentos profundos, com risco de amputação de membros. A corporação orienta, ainda, para que ciclistas e motociclistas não deixem de utilizar antenas fixadas no guidão, para evitar ferimentos.
A secretaria de Ordem Pública de Campos realizou, no dia 9 de julho, mais uma operação “Pipa no Chão”, para coibir o uso de linha chilena. A ação aconteceu em conjunto com a Guarda Civil e Polícia Militar e, dessa vez, foi no Parque Prazeres, onde ocorria um festival irregular de pipas. Na ocasião, foram apreendidos 16 carretéis da linha. De acordo com a Prefeitura, apenas em junho deste ano, foram encerrados três festivais irregulares pela cidade. Além disso, foram feitas mais de seis operações desde o início do ano, com média de 20 carretéis apreendidos em cada ação. A secretaria informou, ainda, que denúncias podem ser feitas pelo número (22) 98168 3645. O sigilo das informações é garantido. (I.S.)

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