Caso Letycia: delegada explica que a morte de gestante foi planejada antes do Carnaval
Catarine Barreto 03/04/2023 15:27 - Atualizado em 03/04/2023 20:35
Delegada Natália Patrão
Delegada Natália Patrão / Genilson Pessanha
A delegada titular da 134ª Delegacia de Polícia (Centro), Natália Patrão, concedeu uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (3), para falar sobre o caso Letycia, grávida de sete meses que foi morta a tiros no dia 2 de março deste ano em Campos. Através das investigações, a Polícia concluiu que a morte da grávida se deu porque Diogo, considerado mandante do crime, teria que que se separar da esposa, com quem era casado desde 2010, por causa do nascimento da criança, fato que o mesmo não desejava.
Natália definiu o professor e empresário Diogo Viola de Nadai, de 39 anos, companheiro da vítima, e pai de Hugo, bebê que chegou a nascer com vida, mas também não resistiu, como um homem com ausência  de aspectos emocionais. O crime, segundo a delegada, foi planejado antes do período de Carnaval.
— O crime foi planejado um pouco antes do Carnaval. Essa data é compatível com outras provas que nós temos. O Gabriel, intermediário, narra que o Diogo o procurou. No dia 25 de fevereiro, o Fabiano, que é o atirador, habilita uma linha telefônica nova no nome dele, e no dia 22 de fevereiro, o Diogo faz pesquisas no telefone, dizendo “tristeza que não tem fim”, “vontade de se matar, o que fazer?”, demostrando que esse foi o período da decisão. O intermediário tem filhos deficientes e ele fez uma vaquinha online para o tratamento do filho. Segundo o Gabriel, Diogo o abordou oferecendo ajuda no tratamento e disse que estava com grande problema na vida dele, que se ele não resolvesse, iria se matar e que precisava matar uma mulher. Para isso, ele mandou a foto do carro que Letycia usava para trabalhar e uma foto 3x4 dela — disse.
Ainda de acordo com Natália, Gabriel já trabalhou com produção de eventos em um clube de Ururaí, e foi na localidade que o intermediário contratou o Dayson para que executasse o crime. O Dayson teria então feito contato com o Fabiano, o outro executor do crime, usando a moto do João Gabriel. Eles teriam tentado praticar o assassinato na segunda-feira, dia 27 de fevereiro.
— Na terça feira (28) da semana do crime, Diogo se apresenta na faculdade de manhã. Na quarta (01), não era dia de Diogo dar aula, ele não deveria estar presente na faculdade, porém, ele chegou às 15h57 e saiu às 19h06. Ao sair, ele vai para uma casa de poker na região da Pelinca, onde participa de um campeonato que ele acaba ganhando. Neste mesmo dia, os executores tentaram matar Letycia, mas eles disseram que a vítima não havia aparecido na rua. Na quinta (02), dia do crime, ele também se faz presente na faculdade antes da aula dele e recebe ligação do irmão da Letycia narrando o fato — explicou.
Ainda de acordo com Natália Patrão, ao longo das investigações, a Polícia Civil percebeu que o Diogo é um homem que tem características que apontam ausência emocional. “Com certeza em razão dele jogar poker ao longo da vida e ser mergulhado nesse mundo de jogos e aposta, ele criou estratégias de como se posicionar. Então concluímos que o Diogo é o mandante desse crime porque já não tinha mais opção na vida dele com o nascimento do filho. O filho nascendo, ele ia ter que se separar da esposa”, contou.
Natália contou, ainda, que as mentiras pela vida dupla de Diogo foram sucessivas e infinitas para que ele conseguisse manter os dois relacionamentos.
— Para a esposa, ele dizia que estava viajando para jogar poker e que estava em depressão, passando noites dormindo em uma clínica psiquiátrica. Já para Letycia, ele também dava a desculpa do poker e também de viagens para fora do país, já que ele possui familiares em Nova York — disse.
A delegada explica que com a esposa Diogo mantinha uma relação mais fraternal. Além disso, ela não fazia grandes exigências conjugais e grandes cobranças. A Letycia se posicionava com mais cobranças, como mulher e reclamava do fato dele não apresentá-la a família dele. 
Os quatro envolvidos no caso, apontados como mandante, interlocutor, condutor da moto e executor do assassinato foram citados no processo e viraram réus. Assim, todos eles já são considerados acusados.
O crime
Letycia, grávida de sete meses, estava no carro da empresa em que trabalhava conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto, que pararam ao lado do automóvel. O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, correu em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna esquerda.
Na hora do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, em casa, após um passeio de carro que fazia sempre com ela para acalmá-la. No banco do carona, Simone, que tem Síndrome de Down, ficou coberta de sangue, e agora está em estado de choque.
Mãe e filha foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o HFM, onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a UTI neonatal da Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Os corpos de Letycia e do filho foram sepultados no dia 3, no Cemitério Campo da Paz, onde Diogo chegou a carregar o caixão do bebê.

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