De acordo com o Globo, a mãe de Letycia disse também em depoimento que a filha confidenciou horas antes do crime que o companheiro pediu para a engenheira fazer um empréstimo de R$ 16 mil para pagar dívidas de sua loja. No entanto, ela se negou em pegar o dinheiro.
Cintia foi atingida por um tiro após reagir contra os executores da filha. Em depoimento, contou à polícia que, após ter alta médica, o professor lhe perguntou se “estava tudo bem” e ela então respondeu: “Como estou bem? Perdi minha filha e meu neto está internado”. O químico ainda teria passado o dia seguinte sozinho na casa “dormindo, mostrando total indiferença”, segundo a mãe da engenheira. No depoimento, ela destacou que, ao saber da morte de Hugo, o professor teria reagido de forma exagerada “nitidamente como se fosse um teatro, gritando, berrando”.
Ela contou ainda ter ouvido da acompanhante de um outro paciente que um homem grande com as características de seu genro teria perguntado sobre Letycia na porta do hospital: “Já morreu? Já morreu?”
R$ 5 mil reais pela execução
A equipe da Folha confirmou que os quatro dos cinco presos por envolvimento na execução da gestante Letycia Peixoto Fonseca receberiam a quantia R$ 1.250, cada. Letycia foi assassinada na noite do último dia 02, no Parque Aurora. Sua mãe também foi baleada e o bebê chegou a nascer vivo, mas morreu horas depois. O crime bárbaro completou uma semana nesta quinta-feira.
Suspeitos de execução foram abordados por policiais horas antes do crime
A Folha também apurou e confirmou a informação de que os suspeitos apontados como o executor do crime e o condutor da moto utilizada no assassinato teriam sido abordados pelo Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) horas antes do crime, na RJ 238, em um Voyage branco, sem placa. Eles teriam passado pelo BPRv em alta velocidade, por volta das 18h do dia 02 de março, e foram abordados em uma estrada de terra, mas nada de ilícito foi encontrado com os dois.
Além disso, a polícia encontrou uma ligação entre o professor e Gabriel Machado Leite, o Polar, acusado de ter contratado Fabiano e Dayson. Todos estão presos, inclusive João Gabriel Ferreira Tavares, dono da moto usada no crime.
Antigos conhecidos
À polícia, Gabriel diz ser inocente, mas admite ter conhecido Diogo há dois anos durante um torneio de pôquer. Diogo é um jogador profissional e chegou a ficar entre os primeiros no ranking em competições pelo país.
Em depoimento, Gabriel confirmou ainda que, no mês passado, passou o telefone de Dayson para Diogo, porque o professor estaria procurando um pintor para trabalhar em seu novo apartamento. Na versão de Gabriel, ele teria ficado afastado um ano do amigo até que se encontraram uma semana antes do carnaval, na Avenida Pelinca, no centro de Campos dos Goytacazes, quando houve a troca de telefones. Depois, afirmou, não teve mais contato com Diogo. A delegada Natália Patrão pediu a quebra de sigilo telefônico de todos.
A polícia também levou em consideração o comportamento de Diogo após o crime. Em depoimento, o sargento da PM Ricardo Barreto Barros, que atendeu a ocorrência, contou que achou “a atitude do marido de Letycia suspeita, pois o mesmo não demonstrava qualquer sentimento”. Outro detalhe foi contado pela mãe de Letycia. Enquanto a família acompanhava o bebê no hospital, Diogo foi para a casa da sogra dormir.
Relação conturbada
O relacionamento entre Letycia e Diogo era conturbado. Essa informação também foi confirmada pela delegada Natalia Patrão durante uma coletiva de imprensa que foi acompanhada pela equipe da Folha. Uma tia da vítima contou à polícia que a sobrinha falava pouco sobre o namoro com o professor, por se sentir envergonhada com a situação de estar vivendo com um homem que ainda era casado, embora ele garantisse que estava separado da mulher.
O casal se conheceu há cerca de oito anos, quando Letycia estudava no Instituto Federal Fluminense, onde Diogo trabalha. Em 2019, o professor disse que havia se separado, mas nunca teria permitido que a vítima conhecesse a sua família. Os dois passaram a morar juntos, mas Diogo tinha como hábito deixá-la sozinha a pretexto de viajar, disse a tia à polícia. Ela afirmou que o professor “sumia por uma ou duas semanas”.