Paula Vigneron
26/01/2021 19:12 - Atualizado em 27/01/2021 07:53
Após reportagem da Folha da Manhã que mostrou a insatisfação dos profissionais do Hospital Ferreira Machado (HFM) com a escala de vacinação contra a Covid-19 e cobrança de transparência por parte do blogueiro do Folha 1 Gilberto Gomes, o prefeito Wladimir Garotinho (PSD) determinou, na segunda-feira (25), a publicação, em Diário Oficial, do nome, CPF e lotação dos profissionais da saúde já imunizados. A solicitação foi feita por meio de ofício ao secretário municipal de Saúde, Adelsir Barreto. Também na segunda, os profissionais do HFM começaram a ser vacinados e a cidade recebeu 4.640 doses da Oxford/AstraZeneca. Até essa terça-feira (26), Campos somava 17.635 casos de Covid-19, com 645 mortos e 15.646 recuperados. Nessa terça, o presidente do Sindicato dos Médicos de Campos, Peterson Gonçalves Teixeira, em entrevista ao Folha no Ar, falou sobre a campanha de vacinação.
Em denúncias feitas ao blog do Gilberto Gomes, servidores da Saúde criticaram a ausência de transparência na lista dos que já foram vacinados contra a Covid-19, a lentidão na distribuição das doses e a exclusão de funcionários que atuam na linha de frente no combate à pandemia. Em prints enviados ao blogueiro, denunciantes afirmaram ter sido, até então, “excluídos da listagem” de imunização: “eu trabalho na linha de frente e não fui vacinada. O infectologista excluiu vários funcionários, não sei usando qual critério”, reclamou uma servidora do HGG, cuja identidade foi preservada.
Diante das denúncias, divulgadas também nas redes sociais, o prefeito afirmou que, “para evitar qualquer questionamento acerca dos beneficiários das primeiras doses da vacina, determinei publicação de todos em Diário Oficial. Nosso compromisso com a transparência e impessoalidade será intocável”.
Em nota, a secretaria de Saúde de Campos informou que, até o início da tarde dessa terça-feira, haviam sido “administradas 1913 doses. A ampliação de atendimentos aos trabalhadores da saúde iniciará no dia 1 de fevereiro. A lista de vacinados será entregue ao gabinete do secretário da Saúde assim que finalizarmos o atendimento aos hospitais e emergências, pois os trabalhadores estão assinando nas mesmas para comprovarem que foram imunizados. A distribuição das doses ocorrem à medida que está sendo aplicada pelo corpo técnico de trabalho”.
Na última quinta-feira, funcionários do Hospital Ferreira Machado também questionaram a escala de vacinação disponibilizada pela secretária de Saúde, que indicava o início da imunização na unidade hospitalar para essa segunda, conforme ocorreu. Os trabalhadores afirmaram que se sentiram desprestigiados devido à data escolhida e temiam por também atenderem pacientes contaminados pelo coronavírus.
Sobre o questionamento, a secretaria de Saúde declarou que “os profissionais da linha de frente do HFM estão recebendo a 1ª dose da vacina contra a Covid-19. A vacinação está prevista para os dias 25, 26 e 27 de janeiro, das 8h às 14h, com meta de imunizar quase mil funcionários da maior unidade hospitalar de trauma de toda região. Os funcionários que têm contato direto com pacientes infectados pelo coronavírus estão sendo vacinados nesse primeiro momento. Eles foram selecionados de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde”.
Presidente do Simec faz avaliação sobre a vacinação
Em entrevista ao Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, o médico e presidente do Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), Peterson Gonçalves Teixeira, comentou sobre a vacinação contra a Covid-19 que vem sendo realizada desde a última semana no município.
Peterson relatou que, até o momento, o Simec não foi convidado para discutir o planejamento de vacinação nem participou da escolha dos profissionais da linha de frente para imunização e destacou a atuação do subsecretário adjunto de Atenção Básica e Vigilância Sanitária, Charbell Kury. Ele afirmou que as vacinas vão ser aplicadas em ordem de emergência:
— Por exemplo, os profissionais de Saúde na linha de frente. Depois, os idosos, as crianças, os profissionais de Saúde, os servidores públicos. Ele vai catalogar isso direitinho, e nós vamos cobrar, de forma mais firme, essa ação da vacinação da população.
O médico declarou que existem muitas discussões acerca das vacinas contra o coronavírus, inclusive da eficácia, e que muitos cientistas estão empenhados na produção da matéria-prima e na confecção das doses. No entanto, ele disse que é difícil projetar quando haverá uma cobertura vacinal considerada satisfatória no município. “Até a compra da vacina está sendo dificuldade por várias questões políticas e de organização. É muito difícil precisar uma data”, complementou.
Prefeitura de SJB reforça as ações de fiscalização
Na região, mesmo com os crescentes casos de coronavírus em grande parte dos municípios, a Polícia Rodoviária Federal determinou a suspensão, na madrugada de sábado (23), da barreira sanitária na BR 356, instalada pela Prefeitura de São João da Barra para evitar a proliferação da Covid-19. A prefeita Carla Machado afirmou que vai recorrer à Justiça para reativar a barreira na rodovia federal.
A PRF proibiu a parada de veículos pela barreira após registro de transtornos na rodovia, na noite de sexta (22). Segundo motoristas, os agentes estariam exigindo documentos de todos os ocupantes dos veículos que tentavam acessar o município e, caso não apresentassem, estariam sendo impedidos de seguir viagem.
Com a decisão da Polícia Rodoviária, a Prefeitura de SJB realizará uma reprogramação de ações educativas, de fiscalização e de conscientização para controlar a proliferação do vírus. Houve aumento significativo no fluxo de pessoas durante o final de semana. Em reunião na segunda-feira, o secretário de Saúde, Sávio Saboia, enfatizou que o momento é de precaução e cuidado e não afastou a possibilidade de o município decretar lockdown caso os índices de contágio aumentem substancialmente, de forma a deixar a população em risco elevado.
O secretário de Segurança Pública, Anderson Campinho, determinou que serão intensificadas as medidas preventivas que vêm sendo aplicadas desde o começo da pandemia, como blitzes educativas, coibição de festas clandestinas e do funcionamento de estabelecimentos que não cumpram o decreto.